A CNN e o padrão que marcou o início da Globo, por Luis Nassif

Mas o padrão da CNN Brasil, de cara, mostra porque a CNN Internacional se tornou uma os gigantes do jornalismo mundial. É surpreendente a rapidez com que a CNN Brasil assimilou o padrão da matriz. Não apenas a receita pronta do formato dos quadros jornalísticos, mas o desafio da informalidade de apresentadores e repórteres, um terreno perigoso se se atravessar o sinal.

Os US$ 5 milhões aportados pelo grupo Time-Life na Globo, no início dos anos 70, foram relevantes para a alavancagem do grupo. Mais que o dinheiro, a grande contribuição foi a ajuda na implementação do novo padrão de televisão.

Junto com o acordo, vieram especialistas em negócios televisivos, um padrão do jornalismo moderno, a definição de grade de programação, ajudando a montar a receita de entretenimento, jornalismo e marketing que garantiu a hegemonia do grupo sobre a antiga TV Tupi, da ainda poderosa Rede Associada. De quebra, veio ainda o apoio do novo mercado publicitário, onde os grandes clientes eram multinacionais americanas.

Com a receita do bolo, a Globo passou a acumular vitórias seguidas sobre a TV Tupi. O Jornal Nacional foi um marco, tornando-se a principal referência do jornalismo brasileiro dali em diante A vitória do Fantástico sobre o programa Flávio Cavalcanti, da Tupi, foi outro capítulo essencial. E, nas décadas seguintes, além do padrão Globo de qualidade, a parceria pouco transparente com o IBOPE garantiu a audiência massacrante  e a parte mais relevante do bolo publicitário.

Agora, tem-se um fenômeno semelhante com a CNN.

Nem vou opinar sobre seu equilíbrio financeiro, em um momento de crise da TV a cabo e da intensa competição dos novos modelos de broadcast. Segundo o Paulo Saad, da Bandeirantes, os gastos mensais seriam incompatíveis com o mercado brasileiro.

Mas o padrão da CNN Brasil, de cara, mostra porque a CNN Internacional se tornou um dos gigantes do jornalismo mundial. É surpreendente a rapidez com que a CNN Brasil assimilou o padrão da matriz. Não apenas a receita pronta do formato dos quadros jornalísticos, mas o desafio da informalidade de apresentadores e repórteres, um terreno perigoso de se atravessar o sinal.

Na parte comercial, acordos globais com grandes multinacionais, como o Santander, o Nespresso, IBM entre outros. E uma fórmula consolidada de explorar todos os canais de notícia, do broadcast às redes sociais.

Na linha editorial, a tentativa de enfoque na contextualização da notícia, com a formação de bancadas com jornalistas de diversas áreas se complementando, traz resultados interessantes. Não é nenhuma Brastemp, mas é furos acima do padrão de análise e de informações dos concorrentes.

Em cima do template da CNN internacional, houve uma seleção competente de jornalistas. Entre os apresentadores, vai-se da segurança de William Waack, Monalisa Perrone, Luciana Barreto e Cassius Zeilmann à jovialidade de Elisa Veeck e Diego Sarza. Entre os repórteres-analistas, um time de respeito, com bom discernimento sobre a relevância das informações.

Obviamente não se vá esperar que a diversidade de opiniões, proposta pelo canal, vá além dos padrões de mercado. A CNN traz a visão econômica da matriz. Mas seguramente de cara trouxe um padrão que certamente vai estimular uma concorrência produtiva do jornalismo dos demais canais jornalísticos.

 

 

Luis Nassif

17 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Caramba, Nassif. A cobertura das Diretas, o debate com o Collor… SEMPRE foi uma máquina de propaganda política ideológica…

    Os golpistas não estao um ou dois passos aa frente, não, estão quinze, vinte.

    1. O maior filhote institucional da ditadura é bessa famiglia globo. Não é nada a toa que nesta crise atual ela esteja no meio fogo (se fingindo de “isentona”). Quem abre a boca pra falar de “radicalismo” de um lado e de outro, é da cartilhazinha de ali kamel, merval, leitao, sardenbdrg e outros… Eles sabem que quando o Roberto Marinho estava vivo, ele só queria crescer a corporação, fazer amizade na pitica, etc. Os filhotes dele, pelo que se fala, são um bando de idiotas, do tipo sem noção mesmo; um deles foi até desenrolar com o Eduardo Cunha no processo do golpeachment.

  2. Foi esquecido o desmonte da TV Excelsior pelo golpe militar. Que era na época o melhor que se podia esperar de uma grande emissora de TV, completa de Shows e Jornalismo. O Time do Grande Jornal Excelsior era a seleção dos sonhos.

    1. Waack, o garoto de recado da CIA?
      Modelo de segurança na bancada?
      Bem, pelo doutrinamento que tem, ele deve saber o que faz e para quem faz.

      Eita Nassif.

  3. Verbete
    Detalhes
    Nome: TV Excelsior
    Nome Completo: TV EXCELSIOR
    Tipo: TEMATICO

    Texto Completo:
    TV EXCELSIOR

    Emissora de televisão paulista inaugurada em 9 de julho de 1960, data que teria sido escolhida em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932, e extinta em 1º de outubro de 1970.

    Originariamente pertencente à Organização Vítor Costa (também proprietária da TV Paulista, canal 5), a concessão do canal 9 foi vendida, em 1959, por 80 milhões de cruzeiros ao grupo empresarial formado por Mário Wallace Simonsen (presidente de um conjunto de empresas que atuava basicamente na exportação de café), Ortiz Monteiro (deputado federal), José Luís Moura (sócio de uma firma exportadora de café) e João Scantimburgo (dono do jornal Correio Paulistano). Além da concessão, o grupo recebeu também da Organização Vítor Costa os equipamentos básicos para a operação da emissora, como câmeras, transmissores, torres etc.

    Para a operação da emissora foram alugados os dois últimos andares de um edifício na rua da Consolação, esquina da avenida Paulista. No topo do edifício foi instalada a torre de transmissão. Uma outra parte do equipamento e toda a parte administrativa da TV Excelsior foram instalados na rua Frei Caneca.

    A primeira diretoria teve João de Scantimburgo como presidente, Paulo Uchôa de Oliveira como vice-presidente, Saulo Ramos como superintendente, Álvaro Moya como diretor-artístico e Carlos Paiva como diretor-técnico.

    Os primeiros tempos de TV Excelsior foram difíceis. Seus equipamentos não eram de boa qualidade e existiam em número insuficiente. Para a inauguração da emissora foi alugado o Teatro Paulo Eiró, onde foi apresentada uma programação especial preparada por Abelardo Figueiredo, com a presença de Dorival Caimmi, Ari Barroso, João Gilberto, Silvinha Teles, Caubi Peixoto, Elisete Cardoso, Grande Otelo, Lúcio Alves, Agildo Ribeiro, entre outros. Também foi transmitida uma mensagem do presidente da República Juscelino Kubitschek elogiando o empreendimento. A gravação da mensagem, em filme, havia sido feita em 1959, no palácio do Planalto, em Brasília, quando se iniciaram as negociações para a compra da emissora e Juscelino ainda ocupava a presidência da República. O show de inauguração se chamou Bossa nove — um trocadilho que juntava a bossa nova, estilo musical em voga na época, com o canal 9, o da emissora.

    A programação inicial da TV Excelsior era composta por filmes documentários e seriados, programas jornalísticos e esportivos e de entrevistas. Ainda no fim do mês de julho, a TV Excelsior alugou o Teatro de Cultura Artística (na rua Nestor Pestana, na capital paulista) para a realização de seus programas. No teatro teve lugar o primeiro programa da série Brasil 60, com a participação de Bibi Ferreira, que apresentava entrevistas, números musicais, reportagens especiais e quadros de humorismo. O programa ficou no ar até 1967, como Brasil 61, Brasil 62, e assim por diante. Alguns dos programas dos primeiros tempos da TV Excelsior foram Nhô Totico, Circo do Piolim, Mazzaropiadas, Telenotícias e Cinema em casa.

    A emissora procurou criar um novo padrão de programação e de imagem que a tornasse diferente das concorrentes da época. Foi sempre ressaltada a busca da qualidade de imagem e o rigor no cumprimento do horário de sua programação. Uma outra característica era ter sempre intervalos comerciais de apenas cinco minutos, enquanto as outras TVs mantinham intervalos de até 20 minutos.

    Outra das propostas da emissora era a valorização da cultura nacional, utilizando prioritariamente músicas brasileiras em suas trilhas sonoras, exibindo semanalmente um filme longa-metragem nacional e, ainda, adaptando peças de autores brasileiros para serem representadas no Teatro nove. Foram realizadas adaptações de peças como Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri; Fogo Frio, de Benedito Rui Barbosa; Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Viana Filho, e Gente como a gente, de Roberto Freire.

    Ainda em 1960 houve as primeiras mudanças na direção da emissora, quando Mário Wallace Simonsen comprou as ações de José Luís Moura. O motivo do fim da sociedade teria sido político, pois a TV apoiou a campanha do marechal Henrique Lott — que, apoiado pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), era o candidato de Simonsen a presidente — enquanto José Luís Moura apoiava Jânio Quadros, candidato pela UDN. Algum tempo depois, Simonsen também comprou a parte de João Scantimburgo.

    A TV Excelsior pretendia atrair um público diversificado e, para tal, em 1961 apresentava desde programas humorísticos e de auditório a debates mais intelectualizados e programas educativos. Faziam parte da programação do período: Circo Chicharrão; Literatura na TV; Arquitetos na TV, com Oscar Niemeyer, e aulas de piano, com Madalena Tagliaferro. No mesmo ano a emissora apresentou, ainda, entrevistas com o filósofo Jean-Paul Sartre e com o dramaturgo Eugene Ionesco.

    Na época, as emissoras não costumavam contratar artistas que trabalhassem nas concorrentes. A Excelsior rompeu com essa prática e para montar seu quadro técnico-artístico contratou profissionais de outras emissoras, dentre os quais Edson Leite e Alberto Saad, da Rádio Bandeirantes, e Moacir Franco, J. Silvestre e Chico Anísio da TV Rio.

    Em julho de 1963, já sob a direção artística de Edson Leite, que tinha como assistente José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, a TV Excelsior lançou a primeira telenovela com capítulos diários, modelo que foi adotado, posteriormente, pelas outras emissoras de televisão (há tempos as emissoras de rádio apresentavam novelas em capítulos, duas ou três vezes na semana). A telenovela se chamava 2-5499 ocupado, do argentino Alberto Migré e era apresentada no horário das 19:30h, de segunda a sexta-feira. A direção era de Tito Miglio e os principais atores eram Tarcísio Meira e Glória Meneses. Edson Leite, o diretor artístico da emissora, trouxe a idéia da Argentina, de onde comprou os direitos da novela e contratou pessoal especializado (quatro operadores de câmera, dois diretores, um cenógrafo e um maquiador).

    A iniciativa foi muito bem recebida pelo público, o que resultou no crescimento da audiência da emissora e na consagração do gênero. No ano seguinte, a TV Excelsior lançou A moça que veio de longe, um original de Abel Santa Cruz com adaptação de Ivani Ribeiro, enquanto a TV Tupi apresentou a versão televisiva de O direito de nascer, um original de Felix Caignet adaptado por Teixeira Filho e Talma de Oliveira.

    Ainda em 1963 foi inaugurada a TV Excelsior do Rio de Janeiro, canal 2. Para montar sua equipe, a Excelsior do Rio contratou nomes importante da TV que trabalhavam em outras emissoras, pagando, muitas vezes, o dobro do salário que recebiam. Foram para a nova emissora carioca, Válter e Ema D’Ávila, Ari Leite, Castrinho, Daniel Filho, Dorinha Duval, entre outros. Na produção a emissora contava com nomes como Haroldo Barbosa, Giuseppe Ghiaroni, Nestor de Holanda e Mário Neiva.

    Em 1964, a TV Excelsior do Rio recebeu um prêmio no Festival Internacional de Televisão de Barcelona pelo Jornal Cássio Muniz, ou Jornal de vanguarda, como era mais conhecido, pois Cássio Muniz era o seu patrocinador. O Jornal de vanguarda foi considerado o melhor programa de informação do ano de 1963. Fernando Barbosa Lima era o responsável pelo programa, que ainda contava com Nílton Carlos como apresentador, Sérgio Porto como comentarista e Millôr Fernandes, Vilas-Boas Correia e Tarcísio de Holanda como jornalistas que iniciavam suas carreiras na televisão. Cid Moreira fazia as ligações entre as reportagens, pois as notícias eram dadas pelos próprios jornalistas.
    (Copiado da Wikipedia)

  4. Além do Mais quando a CNN convida uma personalidade para entrevista, ela pensa na repercussão internacional que pode dai advir. Melhor ainda se essa pessoa fala bem espanhol ou ingles, porque assim poderia ser entrevistada pela CNN ESPANHOLA OU CNN AMERICANA.

  5. Pois é, henry lucce…….tem livros e livros sobre como o jornalismo “moderno” tupiniquim foi cooptado……..”seo” Nassif esqueceu-se do rolo da venda do canal 5 que deu penetração para a rede golpe…………..e o primeiro nome citado da tal cnn me deu engulhos, como estou me recuperando do maldito virus, prefiro ficar afastado de coisas indigestas………….

  6. Nassif,
    Tem um horário à noite em que fica uma âncora e dois debatedores, um deles bem jovem.
    Outro dia, este bem jovem iniciou uma “análise” sobre busca do governo de reatar contatos com parlamentares que me fez mudar imediatamente de canal. E disse outra coisa, agora sobre a abordagem econômica das medidas paliativas, que me deu vontade de vomitar. Peço-se que, se possível, acompanhe uns dois ou três dias esse segmento de “debates” me me confirme a impressão que estava diante de uma nova geração de cabeças-de-planilha.
    Obrigado.

  7. Você anda muito Poliana, Nassif. A CNN é muito ruim. Um sinal dos tempos atuais em termos de jornalismo: passa pano para tudo, especialmente o bolsonarismo, traz informações genéricas e com muitos erros factuais, tem visual “sujo”. Os apresentadores podem ser experientes, mas os repórteres são fracos, sem desenvoltura e com um texto ruim. O tal Grande Debate é raso: os temas são absurdos, lacradores e os debatedores não tem ideias, só convicções. Tornou a Globonews um canal intelectualizado e avançado, veja só. De fato, pode mudar o telejornalismo, mas o fará para pior.

    1. Hoje mesmo, pela manhã, um dos apresentadores que deve ser fã do imbecil eduardo bozo, insinuou que a China não avisou o mundo sobre o coronavírus e que se tivesse avisado antes a tragédia de agora não estaria acontecendo.
      BURRO OU BANDIDO?
      Porque para mim todo bolsonarista, e este canal é claramente bolsonarista, e´BURRO ou BANDIDO.
      Não tem meio termo.
      A China avisou a OMS no final do ano passado sobre uma pneumonia diferente detectada em seu território, logo depois conseguiu isolar o vírus e sequencia-lo e mandou este sequenciamento para laboratórios do mundo inteiro.
      O problema foram os imbecis da “gripezinha” do ” Milão não para”, etc etc
      Estão colhendo os cadáveres que plantaram.
      O mesmo está acontecendo aqui.
      A mídia bolsonarista esconderá a tragédia até o último segundo.
      Mas não poderão esconder os cadáveres nas ruas, a não ser que tirem o wattshapp do ar.

  8. Eu arrisquei assistir estes dias e achei tão porcaria quanto qualquer outra.
    Parece que tudo se resume ao mercado financeiro.
    E a tal perrone passa o tempo inteiro fazendo “autopropaganda” do canal.
    Achei que será outro lixo como tantos que já temos.

    1. Não passa da grande verdade: pra mídia, tudo resume ao mercado financeiro, aos interesses inconfessáveis, TODA a m….que se chama grande mídia está enrolada, junta e misturadomisturada com os abutres rentistas, abutre rentista ela mesma….a desgraça toda é quererem ser bastiões da democracia, que nunca foram, ou porta vozes da sociedade, uma mentira ao estilo nazista…..a parcialidade é explícita e ddáa até dó em ver os sabujos mostrarem o rego da bunda todo santo dia…..

      1. Já escrevi aqui que hoje em dia ser jornalista deve ser uma das piores profissões que existe.
        Ou você mente, dissimula e engana os leitores, expectadores ou ouvintes ou NÃO TEM EMPREGO.
        Penso que é melhor ser mendigo.

  9. Não dá ainda para avaliar a CNNBrasil pois estamos em tempos de jornalismo monotemático.
    Quem não gosta de mídia comercial vai continuar não gostando.

  10. Amanpour, que é retransmitido às 00:00 hora da madrugada foi um achado. Não conhecia a apresentadora, Christina Amanpour, que empareda sem dó o entrevistado. Nível de conhecimento global dela em relação ao assunto esta me cativando, mas é claro, tem uma retaguarda poderosa. Se acharem um “brasuca” no mesmo nipe, seria muito bom. O Waack é muito politico quando tem a chance. De resto, os concorrentes ganham.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador