Conheça 5 lugares em São Paulo que são considerados mal-assombrados

Vale do Anhangabaú nos anos 1920. Imagem/Reprodução: Pinterest

Para os fãs de histórias de fantasmas, crimes não solucionados e todo o universo que habita no imaginário dos contos de terror e suspense, a cidade de São Paulo abriga muitos locais que são notoriamente conhecidos por sua fama, digamos, um tanto quanto sinistra.

Os endereços e as histórias vão muito além dos fatídicos incêndios nos grandes edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974), que infelizmente vitimaram dezenas de pessoas e feriram mais centenas. Esses episódios são populares há décadas por suas histórias para lá de tenebrosas e seus desdobramentos, que tiveram uma ampla cobertura da imprensa nacional, com direito a produções de documentários e livros sobre os prédios incendiados.

No entanto, outros endereços famosos e alguns até desconhecidos da capital paulista são fontes inesgotáveis de relatos arrepiantes. Muitas das histórias atravessam gerações através dos testemunhos de quem visita, trabalha ou mora perto desses locais considerados mal assombrados. Conheça um pouco mais destas lendas urbanas paulistanas.

Vale do Anhangabaú

Reprodução/Pixabay

A má fama do Vale do Anhangabaú vem antes mesmo da fundação da cidade e pode ser considerado o ponto mal assombrado mais antigo de São Paulo.

Já durante o século XVI, os índios locais relataram aos colonizadores europeus que o nome do rio (hoje canalizado, mas ainda existente sob o Vale) se chamava anhangaba-y, que em língua tupi significa “rio do demônio”. Esses índios acreditavam que a entidade maléfica Anhangaba assombrava o rio e seus arredores e contavam que quem se banhava em suas águas estaria amaldiçoado para sempre.

Até hoje, muitas pessoas acreditam que a maldição ancestral do Vale do Anhangabaú seja a razão de tantos acontecimentos fatídicos em seu entorno, como, por exemplo, os espíritos que assombram o Teatro Municipal e até as várias mortes que aconteceram no Edifício Martinelli.

Endereço: Vale do Anhangabaú, S/N – Centro. Acessível pelas estações São Bento (linha azul) e República (linhas vermelha e amarela) do Metrô.

Edifício Martinelli

Reprodução/Pixabay

Também na região central, o Martinelli foi um marco arquitetônico da modernidade quando inaugurado em 1929. Por muito tempo ele foi o maior arranha-céu da América Latina com seus 105 metros de altura e 30 andares.

Seu ambiente era badalado, abrigando escolas de danças, confeitarias e boates frequentadas pela elite local, mas, ao longo do tempo, se tornou o palco decadente do tráfico de drogas, prostituição, suicídios e assassinatos brutais. Seu passado é realmente tenebroso.

Em 1947, o Martinelli foi o local do assassinato do menino judeu Davilson Gelisek, de apenas 13 anos, que chocou a sociedade da época. Mais tarde, outras pessoas encontrariam seu fim no prédio: em julho de 1965, uma mulher de nome Neide (sem idade revelada) foi jogada do 27º andar, e, nos anos 1970, a jovem Rosa dos Santos, de 17 anos, que ficou conhecida como Loira, também foi vítima de um assassinato violento e misterioso.

Muitos trabalhadores e frequentadores do Martinelli relatam barulhos, vozes e sussurros de origem desconhecida, principalmente no oitavo andar do edifício. Vale ressaltar que o prédio, que seria demolido, foi completamente revitalizado pelo prefeito Olavo Setúbal, ainda na década de 70. Atualmente o Martinelli segue funcionando como complexo comercial e tem um belo mirante aberto à visitação.

Endereço: Rua São Bento, nº 405 – Centro. Acesso pela estação São Bento (linha azul) e Anhangabaú (linha vermelha) do Metrô.

Cemitério da Consolação

Nicola Rollo

Cemitérios têm um ar funesto por si só. Há quem se arrepie em cruzar os portões de qualquer um deles ou até mesmo em simplesmente se deparar com uma coroa para velório ou sepulturas pelo chão. Mas o Cemitério da Consolação talvez seja o mais especial de todos os cemitérios da cidade.

A primeira necrópole pública de São Paulo abriga verdadeiras obras de arte tumulares assinada por artistas renomados. Entre elas, está o suntuoso túmulo de Domitila, a Marquesa de Santos, famosa amante do Imperador D. Pedro I. Em vida, ela foi a responsável pela doação que permitiu a construção da capela do cemitério e continua sendo considerada um tipo de santa popular: seu túmulo sempre tem uma rosa vermelha para enfeitá-lo.

Outros mortos célebres descansam ali e, segundo relatos populares costumam “dar as caras” em suas aparições fantasmagóricas entre os mausoléus, como a própria Domitila, a pintora Tarsila do Amaral, o escritor Monteiro Lobato e outro santo popular, falecido na década de 1930, o menino Antoninho da Rocha Marmo, que segundo a crença, tinha dons premonitórios e realiza milagres aos seus fiéis.

O Cemitério da Consolação também abriga os corpos das mulheres que foram jogadas num poço onde hoje é o edifício Joelma, além dos dos mortos no Castelinho da Rua Apa e na casa de Dona Yayá, que segundo as histórias, ainda assolam as velhas construções onde viveram (veja suas histórias logo abaixo).

Em virtude da sua riqueza histórica e arquitetônica, o Cemitério da Consolação costuma oferecer visitas guiadas pelos túmulos mais famosos.

Endereço: Rua da Consolação nº 1660. Acesso pela Estação Higienópolis-Mackenzie (linha amarela) do Metrô.

Castelinho da Rua Apa

A réplica de um castelo medieval foi o cenário de uma tragédia familiar que chocou os paulistanos no ano de 1937, mais precisamente na noite de 12 de maio daquele ano.

O caso envolveu as três mortes violentas de membros da Família Reis: a mãe, Maria Cândida, de 73 anos e seus dois filhos, Álvaro e Armando, com 45 e 43 anos respectivamente. Seus corpos foram encontrados dentro da casa, ao lado de uma antiga pistola Parabellum calibre 9.

Até hoje, as circunstâncias do crime são inconclusivas de acordo com as pesquisas da autora do livro O Crime do Castelinho: Mitos e Verdades (2015), escrito pela sobrinha-neta da própria Maria Cândida.

De acordo com as investigações da época divulgadas pela polícia, Armando, o irmão mais novo, teria atirado em Álvaro e em sua mãe e se suicidado após os assassinatos. Contudo, a autora aponta contradições, como a posição paralela dos corpos, e também afirma que as balas encontradas no corpo da tia-avó não pertenciam à arma encontrada na cena do crime.

Depois da fatídica noite, o Castelinho da Rua Apa permaneceu fechado por longos 80 anos: um terreno muito fértil para histórias assustadoras de assombrações e manifestações sobrenaturais que foram relatadas no livro Caça-Fantasmas Brasileiros (2016), de Rosa Jaques e João Tocchetto. Atualmente, o endereço é parte do patrimônio público e sede de uma ONG.

Endereço: Rua Apa nº 236 – Campos Elíseos. Acesso pela estação Marechal Deodoro (linha vermelha) do Metrô.

Casa de Dona Yayá

Sebastiana de Melo Freire (1887-1961), conhecida como Yayá, teve uma vida longa, isolada e marcada por grandes tragédias. Filha de um empresário milionário de Mogi das Cruzes, ainda criança perdeu duas irmãs. Aos 12 anos perdeu a mãe e, apenas dois dias depois, seu pai. Na ocasião, apenas seu irmão era seu único parente vivo, mas quando Yayá completou 18 anos, ele se suicidou atirando-se no mar durante uma viagem a Buenos Aires. Ela ficou completamente sozinha e era a única herdeira de uma grande fortuna.

Em 1920, Yayá foi diagnosticada com sérios problemas mentais, levando-a aos 31 anos a redigir seu próprio testamento, dizendo estar sendo perseguida, e distribuindo jóias aos seus empregados. Ela foi interditada por uma junta médica e internada em um sanatório. Porém, seus cuidadores encontraram uma casa em que ela pudesse permanecer tranquila, e foi assim assim que se isolou no casarão da Bela Vista por 36 anos, até o fim de sua vida. Seu diagnóstico, feito pelos melhores especialistas da época, foi psicose esquizofrênica.

De acordo com o Portal do Bexiga, “em suas crises, ela debatia-se contra a parede, rasgava suas roupas, machucava seu corpo com qualquer objeto que encontrava, falava as mais absurdas palavras para uma dama da época e, por muitas vezes, amamentava e embalava um filho que acreditava ter tido um dia”.

Dona Yayá viveu mais do que parentes que tentaram obter sua fortuna judicialmente. Alguns foram acusados de cárcere privado. Com o fim de sua vida atormentada, sua fortuna e imóveis foram transferidos para a USP em 1968.

Moradores dos arredores da Casa de Dona Yayá, que na verdade era um hospício particular, contaram ouvir seus gritos mesmo depois de sua morte. Também há relatos de que o próprio fantasma de Yayá, vestido de branco e embalando um bebê, rondava o local. Hoje, a casa abriga o Centro de Preservação Cultural da USP e está aberto a visitações.

Endereço: Rua Major Diogo, nº 353 – Bixiga. Acesso pela estação Japão-Liberdade (linha azul) do Metrô.

Redação

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