Bolsonaro é apontado como maior agressor de jornalistas do Brasil pelo segundo ano consecutivo

Relatório anual da FENAJ revela novo recorde de casos e mostra que o atual mandatário é um dos principais promotores desse tipo de violência

O presidente Jair Bolsonaro deu uma banana para a imprensa depois que seu primeiro teste para coronavírus deu negativo. Foto: Reprodução/Twitter Jair Bolsonaro

A FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) publicou nesta quarta-feira (26/1), a versão de 2021 do seu Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, que mostra, pelo terceiro ano consecutivo, um crescimento do número de casos de agressões contra jornalistas, de diferentes tipos, e aponta o presidente Jair Bolsonaro, pelo segundo ano consecutivo, como o maior responsável pelas agressões contra profissionais de imprensa cometidas no país.

Em 2021, Bolsonaro foi denunciado em 147 casos de ataques contra profissionais de imprensa. Apesar de ser uma queda em comparação com os casos registrados em 2020 – quando o mandatário foi pivô de 175 ataques – ainda continua sendo uma cifra muito alta, e que corresponde a 34,19% do total de casos, segundo o relatório.

Foi registrado um total de 430 casos de violência contra profissionais de imprensa em 2021, apenas dois a mais que no ano anterior. O aumento parece pequeno, mas estabelece um patamar que é muito maior que havia nos anos anteriores à chegada ao poder de Jair Bolsonaro, quando estas estatísticas dificilmente superavam a marca dos 200 casos.

Para se ter um parâmetro de comparação, durante os cinco anos e meio de Dilma Rousseff no poder, houve uma média anual de 127 situações de violência contra jornalistas. O ano com piores números foi o de 2013, quando ocorreram 189 casos. Nos dois anos anteriores, porém houve menos de cem casos registrados, sendo 2011 o ano do recorde positivo, com apenas 62.

Qualquer análise comparativa dos relatórios dos últimos quatro anos evidencia como Jair Bolsonaro, por sua postura para com a imprensa, tem sido um dos maiores promotores da violência contra os meios de comunicação no Brasil.

Em primeiro lugar, os três anos consecutivos de recordes de casos de violência são exatamente os três anos do seu mandato até agora. O dado mais relevante, entretanto, é o grande salto ocorrido em 2020, quando os casos de violência contra jornalistas foram de 428, mais que duplicando os do ano anterior – em 2019, foram 208 casos, também muito acima dos 135 de 2018, último ano do governo de Michel Temer.

Aquele ano do grande salto nas cifras de agressões a jornalistas ganha ainda mais relevância ao se constatar que Bolsonaro cometeu 175 ações de agressão a jornalistas. Ou seja, em 2020, o presidente, sozinho, superou o total de ataques cometidos contra a imprensa em 2018 (135) por diferentes pessoas ou grupos, e quase igualou as cifras de 2019 (208).

Tipos de violência

A FENAJ apresentou os detalhes do Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2021 em um evento transmitido pelas redes sociais, com retransmissão pelas páginas dos Sindicatos de Jornalistas filiados e pelo FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação).

Entre esses detalhes está o fato de que a categoria “censura” ultrapassou a de “descredibilização da imprensa”, que é quando o agressor ataca veículos de comunicação, a mídia de forma genérica e os/as jornalistas também genericamente com o objetivo de desqualificar e desacreditar o jornalismo.

Esta segunda foi a categoria que predominou em 2020 e 2019, muito em função de ser uma das modalidades mais cometidas por Bolsonaro, que realizou 129 ações desse tipo em 2021 e 142 em 2020.

Já o aumento nos casos de censura em 2021, segundo a FENAJ, foi uma consequência direta dos episódios ocorridos na EBC (Empresa Brasil de Comunicação) durante o atual governo.

Redação

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