
Isso gerará uma indústria da censura privada.
Também incentivará muitas denúncias vazias que promoverão o bloqueio do debate político por meio da alegada violação de direitos autorais.
Alguns exemplos e perigos:
1) Em 2004, nos Estados Unidos, a Diebold tentou impedir que as pessoas soubessem das falhas da sua urna eletrônica, alegando que os documentos vazados não poderiam circular, uma vez que violavam o direito autoral, pois a Diebold detinha a propriedade intelectual dos mesmos;
2) O Greenpeace muitas vezes utilizou trechos de vídeos e documentos de corporações que degradavam o meio ambiente para criticá-los e mostrar suas mentiras. Se a Globo conseguir colocar o seu parágrafo no Marco Civil, bastará que a empresa envie um comunicado para o provedor que hospeda uma denúncia, para apagar um conteúdo que a desagrada, alegando violação dos direitos autorais;
3) Imagine, nas terras dos coronéis da política brasileira, um blogueiro que conseguiu um texto bombástico que prova uma falcatrua de um político tendo que manter o mesmo na rede diante do pedido de remoção daquele conteúdo que estaria violando o direito autoral do político denunciado.
Podemos correr esses riscos?
Não. Envie um e-mail para o relator do Marco Civil, solicitando que retire o parágrafo 2 do artigo 15, para evitar a censura instantânea e privada no Brasil.
Deputado.[email protected]
Nossa liberdade de expressão e de criação não pode ser violada por interesses de corporações como a Rede Globo.
A Globo não está acima da lei.
Sérgio Amadeu da Silveira é doutor em ciência política, professor da Universidade Federal do ABC e membro do Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil.
Publicado originalmente no site Outras Mídias
0 Comentário
Faça login para comentar ou Registre-se

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.