Luciano Martins Costa: Seria o midiota um comunista bolivariano dissimulado?

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Revista Brasileiros

Manual do perfeito midiota – 16

por Luciano Martins Costa

O que você e outros cidadãos não sabem, porque nunca vai aparecer no Jornal Nacional ou nas manchetes da Folha, do Estado e do Globo, é que uma parte do conselho da Federação das Indústrias no Estado de São Paulo está apreensiva com o perigoso protagonismo de seu presidente na presente crise política

O prezado midiota e a apreciada midiota devem estar estranhando a falta de manchetes nos últimos dias sobre as acusações do juiz Sergio Moro ao ex-presidente Lula da Silva.

Afora o delírio dos editores de Veja, segundo o qual o ex-presidente teria pedido asilo ao governo da Itália, que nenhum dos grandes jornais validou até esta sexta-feira (25/3), parece que a Operação Lava-Jato entrou em recesso.

Também murcharam as manifestações. Não fosse o lanchinho oferecido pela Fiesp a meia dúzia de “bocas-livres”, o assunto também teria desaparecido daquele trecho da Avenida Paulista.

Mas você, midiota de estirpe, certamente considera um horror de mau gosto esse negócio de se manifestar em troca de um sanduíche. Mesmo que o recheio seja, como dizem, um bife de filé mignon.

O que você e outros cidadãos não sabem, porque nunca vai aparecer no Jornal Nacional ou nas manchetes da Folha, do Estado e do Globo, é que uma parte do conselho da Federação das Indústrias no Estado de São Paulo está apreensiva com o perigoso protagonismo de seu presidente na presente crise política.

Vejamos alguns aspectos dessa dissidência: se o processo judicial apontar uma saída legal para as empresas acusadas indenizarem a Petrobras e o tesouro nacional pelas falcatruas reveladas, elas poderão se recompor – e só o tempo dirá o quanto esse episódio irá afetar suas práticas de negócios com o Estado.

Mas até você deve ter notado que a ação judicial funciona como cortina de fumaça para o processo político que realmente motiva os investigadores – pois só isso explicaria o cuidado em expor alguns dos acusados e tentar esconder outros, como se pode observar com a leitura daquela lista de gente tida como impoluta que recebeu doações das mesmas empreiteiras.

Se, porém, for levado a termo o processo de desmanche conduzido pelo juiz paranaense, as empresas envolvidas, que compõem o núcleo mais reluzente das grandes empreiteiras nacionais, vão se tornar vulneráveis a uma enxurrada de ações na Justiça dos Estados Unidos.

Praça dedicada a Simon Bolivar no coração dos Jardins, em São Paulo: seria o midiota um comunista bolivariano dissimulado? – Foto: – Luciano Martins Costa

Já há notícias de grupos de procuradores se organizando em vários estados americanos para demandar compensações dessas empresas brasileiras, que na última década se tornaram incômodas concorrentes em mercados antes cativos de poderosas multinacionais.

A sentença que será proferida por aqui será a senha para esse tsunami de ações, que poderão varrer para o lixo as principais empreiteiras e, com elas, centenas de empresas que lhes fornecem matéria-prima e serviços – como os setores siderúrgico, o de alumínio, cimento, logística, energia e algumas especialidades de TI.

Não está este observador insinuando que a Justiça deva ser leniente com empresários por causa de eventuais danos colaterais num processo por corrupção e concussão.

Aliás, não são poucos os que argumentam, nas redes sociais, que as empreiteiras têm mesmo que se lascar, porque o capitalismo é um jogo sujo – o que, curiosamente, coloca você, midiota, de mãos dadas com alguns dos mais radicais militantes de ideias tidas como “esquerdistas”.

Seria você, midiota, um radical comunista bolivariano dissimulado?

O que se pontua aqui é o fato de que esse processo judicial, claramente motivado e incentivado por um projeto político de interesse da mídia tradicional, ameaça jogar o ecossistema de negócios do Brasil de volta ao século passado.

Em entrevista ao site da BBC Brasil, um ex-assessor da Casa Branca alerta para o risco que representam ações como essas, baseadas no Foreign Corruption Practices Act, a norma que pune a prática de corrupção de empresas estrangeiras que têm negócios nos Estados Unidos.

Entre outras coisas, ele defende o impeachment da presidente da República como forma de estancar a crise política – e em seguida diz que, em determinado momento, a Operação Lava-Jato precisa ser encerrada.

Que momento seria esse? Não seria exatamente após o eventual impeachment? Quem ganharia com tudo isso?

Deu pra entender ou quer que desenhe?

Para ler: BBC ex-assessor da Casa Branca alerta para risco de ações nos Estados Unidos.

Luciano Martins Costa – Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Autor dos livros “O Mal-Estar na Globalização”,”Satie”, “As Razões do Lobo”, “Escrever com Criatividade”, “O Diabo na Mídia” e “Histórias sem Salvaguardas”

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

11 Comentários

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  1. Midiotas

    A grande maioria são apenas aliados, antigos ou potenciais, mal informados e vítimas de ódio inoculado.

    Se confrontados com a verdade  mudam de lado. Se estigmatizados e ridicularizados aumentam ainda mais sua resistencia.

    1. Midiotas dificilmente mudam de lado

      Eles são como os crentes, são cheios de certezas e imunes a argumentos lógicos.  É pura perda de tempo debater com eles.

      1. Sim não é fácil…

        Mas se considerarmos a taxa de aprovação de Dilma em 2013 e hoje, assim como os 52% de votos das eleições de 2014, é fato que, fora a minoria crente,  eles mudam sim de lado.

         

         

  2. Acho melhor desenhar. Os

    Acho melhor desenhar. Os coxinhas acáfalos não conseguem entender o raciocínio estratégico mais simples, que dirá uma armação sofisticada como essa que envolve Globo + CIA + NSA + Justiça + NED + Irmãos Koch.

  3. Quem sabe sabe

    Parabéns Luciano ao mostrar a um empresariado nacional cego pela manipulação as consequências nefastas para diversos setores de seus próprios negócios que serão afogados pelo tsunami em curso. Não é o PT que vai desaparecer porque é uma força viva que pode se reciclar rapidamente, mas uma enorme cadeia de setores  industriais que perderão o solo sob seus pés.

  4. Volks – Na Alemanha não tem quinta-coluna!

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    No segundo semestre do ano passado estourou internacionalmente o escândalo da fraude das emissões dos motores à diesel da Volkswagem. Uma empresa americana que auditava a veracidade dos valores de emissões de motores de automóveis, descobriu, implantado nos sistemas eletrônicos de controle dos motores da Volks, um software que fraudava os testes de emissões daqueles motores, oferecendo valores bem abaixo do real, enquadrando-se assim nos rígidos padrões europeus, e de outros países mundo afora. Além de enganar dezenas de milhões de consumidores, da Alemanha e do mundo, essa fraude pode também poderia ser considerada um crime contra a humanidade, preocupada hoje em reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que ocasionam o aquecimento global.

    O escândalo durou poucas semanas na mídia e desapareceu!

    A justiça alemã o transformou em pizza?

    Duvido!

    As investigações e o processo certamente vem sendo conduzidos no mais absoluto segredo de justiça. Com. certeza os responsáveis serão julgados e punidos, seguindo os ritos processuais e legais da Alemanha, e quando a sentença transitar em julgado eles serão apresentados efetivamente como culpados.

    A justiça alemã, a imprensa alemã e os políticos alemães querem o melhor para a Alemanha, e não darão um tiro no pé destruindo a imagem da empresa símbolo da Alemanha, a Volks!

    Eles sabem o que a Volks e o conglomerados de empresa que orbitam o seu redor representam para a economia alemã. Qualquer juiz da Suprema Corte alemã, sabe disso, mesmo não sendo formado em economia!

    No Brasil, o complexo de vira-latas, presente no conluio da Lava Jato, composto de juízes, promotores, delegados, políticos golpistas e imprensa golpista, não possuem responsabilidade nenhuma com o Brasil. Pouco se importam com a Petrobras e a empreiteiras que adquiriram status internacional. Eles querem mesmo é entregar tudo ao capital internacional, acreditam que serão os gerentes desse patrimonio nacional, quando destruído e privatizado. São os verdadeiros quinta-colunas. Lobos, cujo disfarce em pele de cordeiro, não mais disfarça suas garras destrutivas.

  5. É isso aí esquerda
    Tem que desenhar para Vcs que pararam no tempo é acham que é tudo luta de classes.
    A culpa, pela facilidade com que tudo acontece, é sua. Porque é incapaz de identificar às forças que lutam contra vc.

    Agora vamos a parte prática da consciência. Ao saber sobre o que está acontecendo, o que muda em seu ideário? A quem vc vai recorrer? Quem vc quer que esteja do seu lado?

    1. Nao posso dizer que entendi o

      Nao posso dizer que entendi o seu comentário.

       

      Mas de qualquer maneira, não deveria ser a direita brasileira (empresários) a se preocupar com quem de fato está a seu lado? Vão recorrer a quem quando o tsunami do capitalismo internacional, a rodo desta “mudança de regime”, vier destruir a industria e o setor de serviços nacionais (objetivo último de tudo isso)?

       

      Ao saber o que está acontecentdo, o que muda no ideário da direita (empresários) nacional? 

  6. A leitura deste texto, o 16º

    A leitura deste texto, o 16º da série, me remeteu aos anteriores; fiz questão de arquivá-lo numa pasta específica do computador. Tenho arquivados vários textos de LMC, que foram publicados no Observatório da Imprensa. O mais notável é que todos eles continuam atualíssimos, com diagnóstico preciso do que é a chamada ‘grande mídia comercial’ brasileira.

    Espero que LMC aborde nos próximos textos da série, o que estarão pensando os midiotas que andam lendo carlos heitor cony e assemelhados.

     

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