O Globo se superando

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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De O Globo

Com dólar a R$ 4, sonho da casa própria nos EUA fica mais longe

POR ANA PAULA RIBEIRO

O sonho da casa própria em terras americanas está mais difícil. Com a disparada de quase 50% na cotação do dólar em 2015, consultorias especializadas em vender imóveis para brasileiros de classe média alta nos EUA viram a movimentação de clientes despencar até 70% nos últimos meses. Já os clientes que compraram imóvel no passado, financiado em dólar, buscam alternativas para conseguir pagar a prestação.

O magistrado aposentado Newton Azevedo mudou com a mulher para Winter Garden, para a Flórida, em 2013, quando a cotação do dólar estava em torno de R$ 2,20. Ele optou por comprar uma casa em condomínio por US$ 304 mil. Deu 20% de entrada e financiou o restante em 30 anos, com prestação de US$ 1.470, já incluso seguro e impostos. A disparada do dólar neste ano, porém, assustou o aposentado. Para honrar as prestações, optou por reduzir os gastos da casa e passou a dar consultoria a escritórios de advocacia na região de Orlando, o que lhe garante uma pequena renda em dólar.

— Comecei a fazer trabalhos de consultoria e está entrando um pouco de dinheiro. O que compensa aqui é que o custo de vida é inferior ao de São Paulo e estamos economizando — disse.

DEMANDA EM BAIXA

Mas nem todos conseguem contornar a situação. Cássio Faccin, sócio da Faccin Investments, explica que os negócios com imóveis de US$ 200 mil a US$ 700 mil, os mais procurados pela classe média brasileira, caíram 70% nos últimos três meses. Além disso, afirmou que os clientes que compraram imóvel na planta há dois anos estão tendo que fazer um replanejamento financeiro para ficar com o imóvel — e, em casos mais extremos, desistir da compra, perdendo o valor da entrada:

— Tem brasileiro que opta por entregar o imóvel porque não tem como assumir a prestação em dólar, que ficou mais alta que o planejado. Outros optam por financiamento para encontrar tempo para alugar ou vender.

É o caso de um dos clientes de Faccin, um empresário brasileiro que preferiu não se identificar. Ele comprou um apartamento num condomínio de luxo em Aventura, perto de Miami, há dois anos. Do valor de US$ 695 mil, deu entrada de 50%, mas teria que quitar o restante na hora de pegar as chaves. Embora tivesse os recursos no Brasil, não viu vantagem em fazer uma remessa nesse momento, em que a cotação do dólar está em torno de R$ 4. A saída foi optar por um financiamento ao custo de 3,75% ao ano e deixar os recursos no Brasil aplicados na renda fixa, que pagam mais de 14% ao ano.

— Se o dólar começar a cair, posso usar as reservas que tenho para quitar o financiamento antecipado — explicou.

A procura por financiamento cresce como forma de driblar o aumento do saldo devedor no momento de pegar as chaves. Antonio Cassio Segura, presidente do BB Americas, conta que praticamente desapareceu o interesse de brasileiros da classe média na compra de um imóvel nos EUA. Quem comprou na planta, corre para garantir financiamento.

— Houve uma redução forte do cliente que compra imóvel usado e tem crescido a procura por parte daqueles que compraram um na planta — contou, afirmando que a carteira de crédito imobiliário do banco nos EUA, que teve início há pouco mais de dois anos, é de US$ 100 milhões.

EXIGÊNCIAS MAIORES

O executivo disse ainda que não percebeu um movimento de alta da inadimplência. Segundo ele, isso se deve a dois fatores. O primeiro é a mudança do mercado americano após a crise de 2008. Os bancos passaram a pedir um valor de entrada, que muitas vezes chega a 50%, o que faz com que o cliente tente honrar as prestações e evitar o risco deperder o imóvel. A outra razão é que, na maior parte dos casos, os clientes remetem os recursos das prestações com antecedência.

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E a alta do dólar não é o único problema. O aumento dos preços é um agravante. O auge do sonho da casa própria americana foi em 2012, quando o preço médio dos imóveis atingiu o menor nível desde a crise de 2008. De lá para cá, com a recuperação da maior economia do mundo, os preços já subiram, em média, 20%.

Para Natalia Zimmermann, superintendente do private banking do Santander, a demanda está praticamente nula:

— Se o cliente não tiver recursos lá fora, vai pensar duas vezes antes de fazer remessa ao exterior com o dólar a R$ 4.

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

18 Comentários

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  1. Disgusting

    Passarinho que come pedra é por que sabe o fiofó que tem!

    A questão é simples: – “naoh ter dinero para pagar o mortgage, my dearest brazilian? -Naoh? Entregar o casah para bank!”

    That’s how capitalism works ever since, stupid!

  2. Deu dó

    Não lí o artigo todo, pois senão iria às lágrimas, fiquei profundamente consternado.

    Ou Dilma lança imediatamente um  “Minha casa nos steites minha vida” ou ela cai.

  3. ESPERO QUE ELE NÃO SEJA

    ESPERO QUE ELE NÃO SEJA DAQUELES BRASILEIROS QUE SE MUDAM PRA LÁ

    E DEPOIS DESDENHAM DO PAÍS E SEU POVO,”SE ACHANDO LÁ” SÓ QUE PARA

    OS AMERICANOS ELE É APENAS MAIS UM “INFERIOR ESTRANGEIRO”Q FOI MORAR LÁ!!!

  4. CRISE?

    Nossa, quase chorei de pena do coitado do pobre  aposentado brasileiro que está tendo de trabalhar em Orlando.  Ontem ouvi duas coisas bem interessantes nas praias cariocas numa reportagem que esqueceram-se de editar. Estrangeiros em viagem ao Brasil eufóricos porque seu dinheiro está dando até para comprar jóias, elogiando os produtos brasileiros, muito melhores que os chineses, segundo eles.  A pérola maior  foi do vendedor ambulante da praia “não estou vendo crise nehuma, as pessoas estão pagando com notas de $50,00 ou $100,00 reais”.  Esta é a crise mais esquiisita que eu já vi. 

    1. Casas sem inteiras.
      É, não
      Casas sem inteiras.

      É, não deve estar fácil para o Rodrigo Constantino. Embora se esforce, não se esforçou o suficiente para juntar 1 bilhão.

  5. o Brasil é uma merda e vamos

    o Brasil é uma merda e vamos para Miami. Mas, pera aí, eles continuam se sustentando com o dinheiro dessa porcaria aqui?! Quer dizer que o JB não abriu mão da pequena aposentadoria desse país de corruptos? Ah, sei…

  6. E ………………………….

    Coitados da classe merdia, eu disse mesmo MERDIA, que vivem elogiando àquele País e querendo copiar os modismos de lá. Então que se lasquem, ou melhor, enfiem o dedo e se rasguem!!!

    Imperio arkakakaakaakakak !!!!! Classe merdia akakakakakaka!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Vão lavar dinheiro agora, como ??????????????????

  7. Não trepudiem

    Essas pessoas pelo menos estão usando recursos próprios. Vejam a inadimplência do Minha Casa Minha Vida e imaginem que irá  pagar a conta.

  8. Ainda acho que ficar

    Ainda acho que ficar discutindo casuísmo é uma perda de tempo. Gente idiota tem em todas as classes, tempos e partido, e só viram notícia quando fazem idiotices, óbvio. Isso não é o cerne da questão, apenas fofoca do Grobo.

    Quem lavou dinheiro de verdade está internalizando limpinho para pegar taxas do BC, enquanto não for a hora de quebrar o BC. Esse é o problema. A máfia da FIFA só está passando maus bocados por causa da copa da Rússia, ao que parece. O lava jato, processo de oposição ao Brasil, continua destruindo nossa capacidade produtiva e expertise.

    Quando o FHC era presidente e eu um jovem profissional, via por onde passava uma erradicação de cursos de engenharia naval, mecânica, geologia, mineração. Obras paradas, estradas esburacadas. O dinheiro do FHC vinha das terceirizadas de limpeza e conservação e de vigilância. Vejam, bem, o financiamento  do FHC não era de empreiteiras que deixavam alguma coisa permanente, era de terceirizadas, pois não podia haver investimento em empresas no Plano Nacional de desestatização. Medíocre e mofino. Sem falar na subida artificial das taxas de juros que nunca foram e deveriam ser tratadas como crime financeiro como qualquer outro. Não foi o FHC que começou este processo mas estava dando o aperto final no pescoço da economia. A Ford já estava com um pé fora do Brasil, projeto de vida de qualquer um era emigrar,  o Brasil que sempre recebeu imigrantes  era um produtor de refugiados econômicos. Nunca se esqueçam disso.

  9. JB

    Joaca conseguiu realizar o sonho de ter casa própria em Miami, por apenas 10 dólares e com firma no endereço do imóvel funcional que ocupava.

  10. Confesso

    Confesso que: por mais que tentasse chegar ao final da notícia sem verter lágrimas, não o consegui.

    A tristeza calou fundo na minha alma e ver tantos brasileiros à mingua, sem conseguir o tão sonhado teto para suas cabeças e de seus entes, foi muito angustiante.

    E tudo isso por causa dessa maldita moeda imperialista, que nos oprime e nos sufoca de tempos em tempos. E saber que enquanto isso milhares de exportadores estão se empanturrando de R$, que a decantada balança comercial está bombando, isso mais que me sufoca….me deprime.

    Pobres sem tetos da globalização, estou orando para que essa tempestade passe, e vocês consigam realizar seus sonhos. Não se esmoreçam se, provisóriamente, tenham de labutar um pouco fazendo bicos entre os imperialistas. Vocês serão recompensados.

  11. Tem também o problema do tal de Imposto de Renda.

    Outro motivo da debandada é o tal Imposto de Renda, que é mais alto que no Brasil, se mora mais de quatro meses por ano nos Staites tem que pagar, e se sonegar dá cana, vide o Al Capone, matar pode, agora sonegar imposto da cana!

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