O Grande Lançamento do Ano – Num Cinema Bem LONGE de Você!

para OutrasMarés

Dos recordistas em Oscars de Melhor Diretor, desde o início da premiação em 1928, apenas 01 foi laureado 04 vezes e apenas 02 foram laureados 03 vezes, todos falecidos.

Dos laureados 02 vezes, apenas 04 continuam vivos: Steven Spielberg, 63 anos; Clint Eastwood, 80 anos, Miloš Forman, 78 anos, e Oliver Stone, 64 anos.

Como é de se esperar, um filme de qualquer um dos 04 é sucesso de bilheteria na certa.

E, como é de se esperar, um filme de qualquer um dos 04 significa todo o gigantismo em esforço promocional no melhor estilo de Hollywood: visita do Diretor e entrevistas nos principais programas e espaços da mídia eletrônica e impressa, merchandising em tudo que é lugar, banners por toda a Internet e promoções nas Redes Sociais, chamadas nas locadoras e disponibilização imediata após o lançamento nos cinemas e chamadas desde já para a exibição que só vai acontecer no ano que vem nos canais de televisão aberta e por assinatura.

Normal. Nada além do normal.

Agora, imagine que o referido diretor, um dos únicos 04 vivos com 02 Oscars, também já foi premiado com um terceiro por Melhor Roteiro Adaptado (por Expresso da Meia Noite), é o mais polêmico de todos os 04 e um de seus outros filmes também já deu o Oscar de Melhor Ator a ninguém menos que Michael Douglas.

Finalmente, para apimentar definitivamente a história, vamos dizer que este seu último filme seja específicamente sobre nosso Continente, incluíndo nosso País.

Sobre a América do Sul e sobre nós, o Brasil.

E não sobre uma história de ficção ou sobre nossa história do passado.

É sobre o agora, sobre nossa história do presente.

Um prato cheio para o gigantismo da máquina promocional no melhor estilo de Hollywood e chamadas até a exaustão na mídia brasileira, não é verdade?

Não!

Alguém me perdoe se em outras praças algo tiver se passado diferente. E por favor me corrijam.

Mas o novo filme de Oliver Stone – o mesmo diretor de Platoon, Wall Street, JFK, Nascido em 04 de Julho etc etc etc – que é um “documentário-de-estrada” sobre a nova América do Sul que nasce, estrelando 07 Presidentes, inclusive o nosso – o Exmo. Sr. Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva – lançado em junho deste ano, não mereceu nem sequer um “piu” da mídia e não entrou em cartaz em nenhuma sala de Salvador, Bahia.

Sexta-feira, 19 de novembro, fui até uma boa locadora tentar localizá-lo. Existe uma prateleira inteira dedicada somente a Oliver Stone. Mas ninguém sequer ouviu falar do filme!

Tem explicação?

Tem sim!

Ele mesmo explica nesta entrevista exemplar – em um trecho posterior a este minúsculo início que comecei a legendar – como outro de seus filmes: “Comandante” -, passou na Europa mas foi censurado sutilmente na Grande Democracia Estadunidense.

Simplesmente a HBO comprou os direitos do filme e, quando Stone o entregou finalizado – a pretexto de dizer que o mesmo não estava pronto -, simplesmente o trancou e não distribuiu.

Por outro lado, que interesse tem nossa Grande Mídia em promover um filme – por mais sucesso que vá ser e lucro que possa trazer – que “desdemoniza” Hugo Chávez que “cassou” uma concessão de TV e “continua a cercear a Liberdade de Imprensa” no exato momento em que esquenta o clamor por uma “Ley de Medios” para o Brasil?

Não vou aqui dizer que Hugo Chávez é um santo. Mas posso garantir que “El Diablo” ele não é.

E, realmente, acho um absurdo ele não ter renovado (porque ele não cassou nada – aliás o que queriam cassar era o seu legítimo mandato) a concessão. O que ele tinha que ter feito é demolido o prédio e encarcerado todo mundo. Porque conheço as cenas da emissora anunciando o “novo Presidente” e o reconhecimento do “novo Governo” por Washington e Madrí com o Presidente eleito ainda dentro do Palácio.

Outro dia assistí a Sean Penn respondendo a David Letterman o por quê de ter visitado Chávez diante do cerceamento à Liberdade de Imprensa naquele país. Penn apenas respondeu alguma coisa como: que foi para distrair El Señor Presidente enquanto a Fox continuava a transmitir direto de Caracas falando barbaridades dele. Letterman encerrou a entrevista.

Mas isso é outra história.

Por enquanto, a única assertiva que faço é: nada justifica que um filme dirigido por um dos mais premiados diretores de Hollywood e que é exatamente sobre nós e nossa história do presente, não seja divulgado e promovido exatamente entre nós como qualquer outro filme muito menos qualificado o seria.

Continuarei a legendar a brilhante a entrevista de Oliver Stone e Tariq Aziz para o Democracy Now.

Para quem quiser antecipar-se, entretanto, ela pode ser encontrada com trascrição em inglês em:

Democracy Now!

Diante da virulência com que o filme foi recebido, Oliver Stone montou um “site de guerra” extremanete bem lastreado quanto às distorções na Grande Mídia Estadunidense e trazendo documentos que envolvem diretamente a CIA no Golpe-de-Estado contra Chávez em 2002. Vale conferir (em inglês) em:

South of The Border

Esta é uma discussão bastante ampla.

Engrenada à máquina da Grande Mídia estão as máquinas da Distribuição Cinematográfica, da Produção Fonográfica, da Realização de Eventos e muitas outras.

A manipulação da informação dentro de nossas fronteiras não se dissocia da mesma manipulação interna a cada país e da máquina global de propaganda, estejam todas e cada uma coordenadas ou não.

A Grande Fábrica de Mitos. 
Moinho de Heróis.

Redação

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