Promotor promoveu assédio moral e censura no jornal Cruzeiro do Sul, diz Sindicato

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Foto: Roberto Sabino
 
Jornal GGN – Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, os profissionais do jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba (SP), sofreram censura e assédio moral na última sexta-feira (28), o dia da greve geral contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer.
 
As denúncias recebidas pelo sindicato afirmam que o promotor de Justiça Antônio Domingues Farto Neto, membro do Conselho Consultivo da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal, esteve presente na redação, e, em sala fechada, ofendeu e ameaçou profissionais de imprensa.

 
Farto teria atribuído o êxito da greve à manchete do jornal, e disse que era necessário “limpar o desserviço feito”, criando uma “agenda positiva”, com elogios ao trabalho da Polícia Militar e da Guarda Civil da cidade. Relatos apontam que a manchete do sábado foi ditada pelo promotor, com entrevistas com o secretário de Segurança e o comandante do policiamento na região.
 
Leia mais abaixo: 
 
Do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
 
Censura e assédio moral no jornal Cruzeiro do Sul são encabeçados por promotor de Justiça
 
Desde dia 29, o jornal circula sem assinatura do editor-chefe e dos jornalistas
 
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) – Regional Sorocaba vem a público denunciar e repudiar a censura e o assédio moral sofridos por jornalistas, fotógrafos, diagramadores e editores da redação do jornal Cruzeiro do Sul, sediado no município de Sorocaba e mantido pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), quando da cobertura da greve geral, ocorrida no dia 28 de abril de 2017.
 
Segundo relatos que chegaram ao SJSP-Regional Sorocaba, estamos diante de primeiro caso no interior do Estado de São Paulo de censura explícita dentro de uma redação, com imenso aparato intimidatório, após o fim da ditadura civil-militar no Brasil.
 
Conforme denúncias recebidas, o promotor de Justiça da Vara da Infância e Juventude de Sorocaba, dr. Antônio Domingues Farto Neto, que é membro do Conselho Consultivo da FUA (mantenedora do jornal em questão), comandou um dos episódios mais tristes e repugnantes da história do centenário jornal Cruzeiro do Sul ao promover um verdadeiro aparato de agressão moral para censurar o trabalho jornalístico dos referidos profissionais de imprensa.
 
Ainda conforme informações levantadas pelo SJSP-Regional Sorocaba, o promotor Farto Neto esteve na redação no dia 28 de abril acompanhado alguns integrantes dos conselhos da FUA, entre eles Francisco Antônio Pinto (Chicão), Valdir Euclides Buffo Junior, César Augusto Ferraz dos Santos, Tiberany Ferraz dos Santos, diretores da Vila dos Velhinhos de Sorocaba e o presidente da FUNDEC, Luiz Antônio Zamuner. Também estavam presentes ao fatídico episódio o coronel Antônio Valdir Gonçalves Filho, comandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI/7), e o atual secretário de Segurança e Defesa Civil da prefeitura de Sorocaba, José Augusto de Barros Pupin.
 
Segundo informações, o promotor Farto Neto, em sala fechada e na presença desse conjunto de autoridades, passou a agredir de forma destemperada os profissionais de imprensa, com direito a gritos, ofensas e ameaças. Dessa forma intimidatória, o promotor afirmou que o êxito da greve geral era responsabilidade da manchete do jornal Cruzeiro do Sul da sexta-feira, 28, e que era preciso “limpar o desserviço feito” e criar uma “agenda positiva” e, para isso, era primordial engrandecer o trabalho da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Segundo relatos, a manchete publicada no dia 29 “Paralisação prejudica o trabalhador sorocabano” foi ditada por Farto Neto, e o comandante do CPI-7 e o secretário Pupin foram entrevistados na presença de pessoas do grupo acima mencionado, mais uma forma de intimidação aos jornalistas.
 
Portanto, conclui-se que o objetivo de tamanha agressão era impor uma linha editorial que contemplasse apenas um posicionamento, o do interesse das pessoas que estavam junto ao promotor, nas matérias relacionadas à greve geral, deixando de lado até então o compromisso do centenário jornal Cruzeiro do Sul com a cobertura ética, imparcial e objetiva, ouvindo todos os lados da história como a sociedade espera de um veículo de imprensa.
 
O SJSP-Regional Sorocaba constatou que nesse dia 28 de abril, o presidente do Conselho Administrativo da FUA e diretor-presidente do jornal, José Augusto Marinho Mauad (Gugo), e o editor-chefe, José Carlos Fineis, não estavam presentes no jornal. Gugo estava fora da cidade e Fineis em licença saúde.
 
Ainda segundo relatos, nunca ocorreu episódio de tamanha agressão e intimidação na redação do jornal Cruzeiro do Sul.
 
Diante dos fatos denunciados, o SJSP-Regional Sorocaba lamenta profundamente que um promotor de Justiça, um homem público e com papel de grande responsabilidade na sociedade, se preste ao papel de intimidar profissionais da imprensa.
 
O SJSP-Regional Sorocaba lamenta também que o coronel Antônio Valdir Gonçalves Filho, do CPI/7, e o secretário de Segurança e Defesa Civil, José Augusto de Barros Pupin, tenham sido coniventes com o assédio moral aos jornalistas.
 
O SJSP-Regional Sorocaba lamenta que membros da Fundação Ubaldino do Amaral, instituição que tanto se orgulha de promover assistência social em nosso município, tenham praticado e presenciado tamanho desrespeito à liberdade de imprensa.
 
O SJSP-Regional Sorocaba lamenta que a credibilidade do centenário jornal Cruzeiro do Sul seja prejudicada por essa irresponsável e criminosa atitude e cobra um posicionamento da direção, pois acredita que a sociedade sorocabana e da região tem o direito de saber se teremos um veículo chapa-branca ou se teremos um veículo comprometido com o bom fazer jornalístico, que apura os fatos com isenção política e apresenta os diversos pontos de vista sobre as ocorrências.
 
Por último, o SJSP-Regional Sorocaba parabeniza o corpo de profissionais de imprensa e o editor-chefe por terem se mantido ao lado do bom fazer jornalístico e do compromisso com a sociedade em veicular informações condizentes com a realidade, mesmo diante de grande assédio e pressão. Parabenizamos a coragem dos jornalistas que não compactuaram com a interferência política violenta e que desde o dia 29 de abril não assinam expediente e matérias no jornal Cruzeiro do Sul.
 
O SJSP-Regional Sorocaba reconhece também a posição ética e comprometida do diretor-presidente José Augusto Marinho Mauad (Gugo), que desde o dia 29 de abril assina o jornal como diretor-presidente licenciado.
 
O SJSP-Regional Sorocaba está acompanhando o desenrolar dos fatos dentro do jornal Cruzeiro do Sul e está tomando as medidas necessárias para preservar o emprego e a integridade dos profissionais de imprensa.
 
O SJSP-Regional Sorocaba espera que esse triste episódio possa ser elucidado, se colocada a disposição das autoridades acima mencionadas para esclarecimentos dos ocorridos e que a FUA tenha a compreensão de preservar os profissionais do jornal e se mantenha ao lado do bom fazer jornalístico.
 
É fato que a credibilidade do jornal Cruzeiro do Sul está nas mãos dos jornalistas que, sendo o elo mais fraco na relação empregador-empregado, tiveram a coragem de se posicionar contra um feroz ataque à liberdade de imprensa.
 
Por fim, a sociedade sorocabana está ciente da crise ética instalada no jornal e, conforme o andamento, todos saberão se o Cruzeiro do Sul será um jornal chapa-branca, a serviço de apenas um grupo político e social, ou um jornal a serviço da sociedade.
 
Diretoria da Regional Sorocaba do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)
 
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Redação

9 Comentários

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  1. A Maçonaria e a Peste Amarela

    O jornal Cuzeiro do Sul de Sorocaba faz parte de uma rede de comunicação social de propriedade da Maçonaria – Loja Perseverança III. A propriedade é juridicamente exercida por meio da Fundação Ubaldino do Amaral. Como todos sabem, TEMER é MAÇON e recebeu apoio da Maçonaria para o Golpe.

    Portanto, a Maçonaria é responsável direta pela destruição do Estado Democrático de Direito e pela entrega do Executivo para uma quadrilha. A censura ao jornal Cruzeiro do Sul – crime constitucional – não surpreende.

    1. Não é a primeira vez que eu

      Não é a primeira vez que eu vejo vocês mencionarem a maçonaria brasileira como responsável pelo golpe de estado, e por conhecer vários maçons no Brasil e no exterior eu devo dizer o seguinte:

      A maçonaria brasileira é uma piada, não têm nada a ver com o movimento maçon internacional. A versão brasileira não seguem os ideais de progresso e desenvolvimento da maçonaria internacional, a versão brasileira não passa de um “clube VIP” para indivíduos com muito mais ego do que juízo.

  2. Um monte de gente e NINGUEM

    Um monte de gente e NINGUEM filmou o episodio?!?!

    Nao, nao funciona com UMA pessoa filmando, tem que ser reacao em cadeia, TODO MUNDO tem que tirar o telefone do bolso e comecar a filmar.

    Fica a dica.

  3. promotor….

    MP Tucano. Precisa dizer mais o que? São os mesmos que se omitiram na morte suspeita de 250 pacientes do Hospital Psiquiátrico de Sorocaba, dos mais de 10 secretários da última legislatura tucana na cidade, investigados de extorsão a pedofilia. Dos desvios de dinheiro no SAAE de Sorocaba. Ou seja ao invés de executarem suas funções públicas tornaram-se uma cumplicidade só. Ainda bem que o MP FEDERAL não se omitiu. A sociedade desamparada por quem tem dever legal de zelar por seus direitos. Ao invés disto, mancomunados com crimes. Este último a censura.   

  4. Os “botões” não gostam do

    Os “botões” não gostam do cheiro do povo. Lamento que o Jornal Cruzeiro do Sul venha se afastando do verdadeiro jornalismo.

  5. Este promotor, Antônio

    Este promotor, Antônio Domingues Farto Neto, é um exemplo perfeito de escravocrata.

    Sempre que eu mencionar escravocratas lembrem-se do exemplo dele, e lembrem-se que se vocês quiserem uma democracia minimamente funcional pessoas como ele deveriam estar em uma cela de prisão para sempre.

  6. Jornalismo …

    …  Eles perderam a chance de colocar na capa do jornal do dia 29 a cara do promotor e do coronel e contar essa história, além de iniciar um processo por abuso de autoridade. Para aqueles que ainda acreditam em eleições em 2018.

  7. Se o cala a boca já morreu, pq a Carmem Lúcia não se manifesta?

    Se a Carmem Lúcia, Ministra Prisidenta do $TF, bradou aos 4 Ventos que o ‘cala a boca’ já morreu, porque ela não se manifesta em defesa da liberdade de imprensa?

    Talvez se fosse a Globo, ela estaria histérica. Mas como não é a Globo, deixa quieto

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