Banda Sinfônica paulista sofre cortes e demissões

Jornal GGN –  Músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo reclamam das demissões e dizem que os cortes fazem parte de uma tentativa de esvaziamento da programação da banda em favor de outros grupos. Sete músicos foram demitidos no começo do mês e, desde abril de 2015, outros dez foram desligados. A banda pertence à Secretaria de Estado da Cultura e é gerida por uma organização social, o Instituto Pensarte, que afirma que a crise econômica obrigou a uma “readequação dos investimentos disponíveis” de todos os seus programas.

Integrantes da Banda apontam para desproporções entre o orçamento e o número de apresentações entre os grupos geriados pelo Pensarte. Por sua vez, o Instituto nega favorecimento e diz que a readequação foi proporcional. Leia mais abaixo:

Do Estadão

Banda Sinfônica do Estado sofre corte no orçamento

No começo de fevereiro foram 7 e, ao longo de 2015, já são 17 demitidos

Sete músicos da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo foram demitidos no começo do mês. Desde abril do ano passado, outros dez já haviam sido desligados do grupo, que pertence à Secretaria de Estado da Cultura, mas é gerido por uma organização social, o Instituto Pensarte. A demissão aconteceu, segundo nota enviada pela instituição, porque a “crise econômica forçou a uma readequação dos investimentos disponíveis para todos os programas do Instituto Pensarte”. Segundo os músicos, no entanto, os cortes fazem parte de uma tentativa de “esvaziamento” da programação da banda em favor de outros grupos da secretaria, em especial o Teatro São Pedro.

O Instituto Pensarte é responsável pela gestão, além da banda, da Orquestra Jazz Sinfônica, do Teatro São Pedro, do Centro Cultural Aúthos Pagano, entre outros. Em 2014, segundo os contratos de gestão e aditamentos a eles publicados pelo site da Secretaria de Cultura, ele recebeu R$ 34.205.033 de orçamento; em 2015, como outros aparelhos culturais ligados ao governo do Estado, sofreu um corte de cerca de 10% e recebeu R$ 31.095.614,00; em 2016, a proposta orçamentária assinada em dezembro do ano passado prevê para o Pensarte uma verba de R$ 32.410.000. Ainda assim, segundo o instituto, “o orçamento 2016 para todos os grupos ainda está em definição”, o que sugere que cortes como o realizado no ano passado podem voltar a acontecer. “Não há favorecimento de um grupo em detrimento de outro, tendo ocorrido uma readequação proporcional”, diz a nota oficial.

Músicos da banda – que, de 82, passou a ter 65 integrantes – questionam essa proporcionalidade. E utilizam como exemplo a temporada de concertos sinfônicos da Orquestra do Theatro São Pedro. “Nenhum de nós quer garantir o emprego à custa do emprego dos outros colegas. E nós entendemos que uma ópera é um espetáculo caro, que implica uma série de custos, ou seja, que não pode ser comparada com a temporada de uma orquestra ou de uma banda sinfônica”, diz um músico demitido, sob condição de anonimato. “Mas quando olhamos a proposta orçamentária da série de concertos sinfônicos do teatro, ou seja, não das óperas, alguns números nos chamaram atenção”, completa.

Em 2004, a Banda Sinfônica recebeu cerca de R$ 735 mil para realizar 54 concertos; a orquestra do São Pedro, por sua vez, recebeu R$ 250 mil para 20 concertos. Em 2015, a Banda fez 50 concertos, por um valor de R$ 609 mil; a orquestra do São Pedro fez 15 apresentações, com um orçamento de R$ 355 mil. Para 2016, a previsão para a Banda é de 41 concertos e R$ 486 mil; para a orquestra do São Pedro, 10 concertos e R$ 821 mil. “Se você olha os números com cuidado, percebe que, de 2014 para 2016, houve uma redução de 50% no número de concertos sinfônicos no São Pedro e um aumento de mais de três vezes no orçamento. Para fazer dez concertos, eles recebem quase o dobro do que a banda recebe para fazer 40”, diz o músico. “Todos nós sabemos da necessidade de cortes em um momento de crise, mas quando se corta na carne, ou seja, quando se demite músicos, o dano é muito grande. Qual a chance de, daqui a um tempo, quando a situação melhorar, essas vagas serem reabertas? Você pode cortar a verba de programação, deixar de convidar maestros e solistas, mas com a redução de pessoal a banda fica em uma situação-­limite. E se vierem mais cortes, como já foi dito, corre o risco de desaparecer”, coloca outro artista, que permanece no grupo e também não quis se identificar.

Ainda que a comparação leve em consideração apenas a série sinfônica do São Pedro, que tem uma rubrica própria no contrato de gestão, e não a programação total, o Pensarte afirma na sua nota que “o Theatro São Pedro tem 85 apresentações previstas, entre récitas das óperas, concertos com orquestra completa e música de câmara, além das apresentações e aulas da Academia de Ópera, totalizando cerca de 165 atividades. É necessário ter em vista que o orçamento necessário para a produção de uma temporada de ópera é naturalmente maior que o orçamento necessário para produção de uma série de concertos, além de incluir a operação do próprio equipamento”.

Sobre os orçamentos, a nota diz ainda que “o ano de 2014 para a Banda Sinfônica foi atípico, já que a orquestra comemorou seus 25 anos com o lançamento de dois CDs. O orçamento foi, portanto, maior, em função dessa comemoração”. O Pensarte afirma também que a “banda tem forte atuação no interior do Estado e sua produção, por meio de parcerias com as prefeituras locais, consegue amenizar os custos”, o que justificaria a redução na proposta orçamentária. O Estado questionou o Instituto também sobre a previsão de novos cortes ao longo do ano, na banda ou em outros grupos, mas a pergunta não foi respondida.

Redação

2 Comentários

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  1. … espero que cortem o

    … espero que cortem o diminuto estridente flautim piccolo… odeio flautim!

    quem toca flautim piccolo não quer carregar peso pela vida besta… é músico preguiçoso, soh no privilégio de botar o peso pena flautim no bolso e cair fora… para casa, para o café, para qualquer lugar que deseje que o flautim não atrapalha, não impede e nem é quase notado no bolso grande, na mochila, na bolsa.

    outro dia, na estação metrô marechal, fiz uma corrida maluca, até a porta do trem, no apito prestes a fechá-la, com uma linda jovem musicista e seu imenso e desajeitado (para se correr com ele) contrabaixo acústico encapado e com rodinhas.

    no sufoco por um triz conseguimos embarcar sem danos e b.o. 

    no metrô em movimento, demonstrou seus dotes artísticos de exímia equilibrista a fazer par dançante com o volumoso frágil elefantino instrumento orquestral.

     

  2. Sindrome de Estocolmo

    Depois de incêndios em varios museus e bibliotecas em SP, agora querem reduzir a Orquestra Sinfônica. Eu, hein, não sei o porquê de paulistano amar governos tucanos…

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