O instrumentista baiano Felipe Guedes

Olhar imagético da fotógrafa Lígia Rizério

Por Antonio Nelson

Seu ofício musical preza pelo respeito aos ritmos e gêneros afro-baianos. Provocar ressonância sensorial através dos Ijexás e Afoxés, a MPB, o jazz e sonoridades instrumentais.

Guitarra, violão, bateria, cavaquinho, contrabaixo, sax e clarinete são os instrumentos que Felipe tem intimidade, um autodidata! Da Bahia para o mundo, aos três anos de idade, o instrumentista Felipe Guedes despertara para a música mundial por estímulos no lar.

Suas composições, arranjos, solos, bases e os sintetizadores estão “mesclados” à sonoridade do candomblé, sem banalizar o significado do sagrado – que está em voga bom tempo na capital baiana, ressalta Felipe.

Felipe nasceu em 1991, no Gantois – onde foi criado por seus pais – no bairro da Federação, em Salvador, Bahia. O Gantois é uma região sagrada, principalmente por ter como referência religiosa uns dos principais terreiros de candomblé do planeta, que teve como exemplo a ialorixá mãe Meninha do Gantois.

O principal responsável por sua educação musical foi seu tio – Gabi Guedes – o percussionista cosmopolita que é ponta-de-lança do Pradarrum, em que Felipe faz parte e está na pré-produção do primeiro CD, em sua casa, no mini-home estúdio, com o objetivo de lançar na internet disponível em download.

Felipe pondera que desde a infância, Gabi convidava para ouvir os vinis de reggea, a produção de Jorge Benson, o instrumental dos anos 70/80 de Aret Franklin, da música “moderna” de Ed. Mota à versatilidade de Gilberto Gil.

Para Felipe, o cantor e compositor Ed Mota é “moderno” por ter uma vertente da música brasileira com a norte-americana: mistura de sonoridades, uso de sintetizador e a escolha dos arranjos são alguns elementos de destaque.

O processo criativo de Felipe fundamenta-se em construir música global.  As canções Iluminado – uma homenagem à Iansã, e Ogun Yê – uma saudação no Ijexá – com influências afro e do world music traz a fusão harmônica com salsa. Felipe tem apreço pelo som do nigeriano Fela Kuti.

Felipe foi discente de Tico Paranhos na Oficina de Música da UFBA (Universidade Federal da Bahia) em 2003. Paranhos provocava a sensibilidade prática dos estudantes durante as aulas em três semestres. Isso foi marcante para o instrumentista.

Filhos de músicos, Felipe é neto do maestro Vivaldo Conceição. Na fase infantil, assistia sua tia Ângela tirar acordes no violão. Isto também foi fundamental para explorar o instrumento, e conseqüentemente aprender as canções do alagoano Djavan, que se tornou referência para desenvolver sua acuidade acústica.

Felipe tem estima especial ao saxofonista Rowney Scott, pelo cuidado com as melodias, e o baterista Ivan Houl, que movimenta a cena instrumental da Bahia.

Felipe deixa sua marca todos os sábados no Jazz no MAM (Museu de Arte Moderna da Bahia), na jam session no Solar do Unhão, local em que o jazz e a afro bossa na Baía de Todos-os-Santos ecoam! O Jam conta com o saxofonista André Becker, a percussão com Gabriel Guedes Dos Santos, André Cruz Tang e Jeã de Assis. O trompete de Joatan Nascimento. E a guitarra com Paulo Mutti.

Quanto à crítica musical, Felipe afirma ser indispensável desenvolver um ouvido além do senso comum. Para ir mais além… Compreender composições, arranjos, letras etc. Cultivar o exercício do senso harmônico para “exigir” do músico maestria.

 

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Redação

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