Resgate de Luciano Hortencio
Mário Pinheiro canta A VACINA OBRIGATÓRIA.
Anda o povo acelerado com horror à palmatória
Por causa dessa lambança da vacina obrigatória
Os magnatas da sabença estão teimando dessa vez
Em meter o ferro a pulso bem no braço do freguês.
E os doutores da ciência vão deitando logo a mão
Sem saber se o sujeito quer levar o ferro ou não
Seja moça ou seja velho ou mulatinha que tem viço
Homem sério, tudo, tudo, leva ferro que é servido.
Bem no braço tudo é pouco chega o tipo e logo vai
Enfiando aquele troço, a lanceta e tudo o mais
Mas a lei manda que o povo e o coitado do freguês
Vá gemendo na vacina ou então vá pro xadrez.
E os doutores da ciência vão deitando logo a mão
Sem saber se o sujeito quer levar o ferro ou não
Seja moça, seja velho ou mulatinha que tem viço
Homem sério, tudo, tudo, leva ferro que é servido.
Ouça um caso sucedido que o negócio tudo logra
O doutor foi lá em casa vacinar a minha sogra
A velha como uma bisca teve um riso contrafeito
E peitou com o doutor, bem na cara do sujeito.
E quando o ferro foi entrando fez a velha uma careta
Teve mesmo um chilique e eu vi a coisa preta
Mas eu disse pro doutor, vá furando até o cabo
Que a senhora minha sogra é levada do diabo.
De um casal de namorados eu conheço a triste sina
Houve forte rebuliço só por causa da vacina
A moça que era inocente e um pouquinho adiantada
Quando foi pra pretoria, já estava vacinada.
Eu não vou nesse arrastão sem fazer o meu barulho
Os doutores da ciência terão mesmo que ir no embrulho
Não embarco na canoa que a vacina me persegue
Vão meter ferro no boi ou no diabo que o carregue.
Mário Pinheiro – A VACINA OBRIGATÓRIA.
Disco Odeon R 40.169.
Ano de 1904.
Disco constante do Arquivo Nirez.
Coisas que o tempo levou.
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Sensacional!
Mais uma vez, obrigado, Luciano Hortêncio.