A TVGGN 20H, desta sexta-feira (27), expôs um mapeamento inédito sobre a influência de grupos conspiracionistas nas redes sociais. O pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBITC), Ergon Cugler, trouxe à tona pontos sensíveis de como os atores por trás desses coletivos têm lucrado com a desinformação sobre diversos temas sociais sensíveis, como a saúde e a questão das vacinas. [Assista a entrevista transmitida no Youtube na íntegra no final da reportagem].
O estudo de Cugler, intitulado “Conspiracionismo no Brasil em Números”, analisou mais de 27 milhões de conteúdos, publicados entre 2016 e este ano, envolvendo 2,2 milhões de usuários em 855 comunidades abertas no Telegram. As conspirações envolvem desde a Nova Ordem Mundial (NOM), terraplanismo, apocalipse, reptilianos, até comunidades antivacina e que promovem o uso de medicamentos e substâncias sem qualquer comprovação de eficácia.
“Está bombando uma teoria da conspiração, uma mentira, uma desinformação, sobre um tal de ‘detox vacinal’. Eles inventam a história de que quem tomou vacina supostamente tem nanorrobô, microchip, dentro do organismo. Depois de causar o pânico social, vendem uma solução milagrosa que seria esse ‘detox’, que consiste em três gotinhas de dióxido de cloro de limpeza industrial para tomar todas as noites antes e supostamente desintoxicar. Além de vender o frasco de dióxido de cloro, também começaram a produzir e-books de como você toma o dióxido de cloro, curso online de como você pode produzir seu próprio dióxido de cloro”, contou Cugler, que é mestre pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA em análise de dados pela Universidade de São Paulo (USP).
O estudo destaca que comunidades antivacinas no Telegram explodiram e tiveram um aumento de 290% durante a pandemia de COVID-19, em meio a discursos negacionistas do próprio governo federal à época.
Cugler alertou, em diversos momentos da entrevista concedida ao jornalista Luís Nassif, que uma das grandes problemáticas desses grupos é justamente porque eles são estruturados, organizados e conectados entre si. Essas comunidades que monetizam essas “curas milagrosas“, por exemplo, movimentam mais de 440 mil usuários apenas no Telegram.
Tendo em vista o absurdo social destes casos, o pesquisador ainda ressalta que o Estado brasileiro ainda não possui sequer “condições técnicas para barrar o Telegram” , devido à falta de legislação.
“Nós tivemos a tentativa do chamado PL das fake News, no ano passado, que um dos pontos era obrigar com que cada empresa de plataforma de rede social que operasse no território nacional tivesse uma sede, um endereço, um representante legal no país. No próprio caso do telegram não tem representante legal no Brasil”, explicou.
Durante a entrevista, Cugler fala também sobre a influência desses grupos no campo político e na própria geopolítica mundial. Assista a íntegra:
Leia também:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
É… tem que matar um leão por hora e a alcatéia não para de crescer.