Crédito tem ritmo de expansão moderado, diz Banco Central

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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A queda da atividade econômica, o aumento do desemprego, o maior comprometimento da renda das famílias com o crédito imobiliário e maior seletividade dos bancos reduzem o ritmo de crescimento do crédito. O Banco Central (BC) espera que o saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos cresça 7% este ano. A projeção anterior, divulgada em setembro, era 9%. No próximo ano, o BC também projeta 7% de expansão do estoque de crédito.

Este ano, o crédito deve corresponder a 54% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Em 2016, a projeção é 55%. Em 2014, o crédito em relação ao PIB ficou em 53%.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o crédito em novembro retomou o crescimento que havia sido interrompido em outubro, quando houve queda de 0,1%. Em outubro, a greve dos bancários dificultou o acesso ao crédito. Apesar da retomada do crescimento, a alta de 0,6% no mês foi considerada “tímida” por Maciel. “Ano passado, em igual período, o crescimento havia sido 1,3%. Em 12 meses, o crédito vem mostrando desaceleração”, acrescentou.

Em 12 meses encerrados em novembro, o crédito apresentou expansão de 7,4%. Em setembro, a expansão de 12 meses era de 9% e em outubro, 8,1%.

De acordo com Maciel, a desaceleração é observada nos dois segmentos do crédito: livre e direcionado. A projeção do BC para a expansão do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros, é 4%, contra 5% previstos em setembro. Para 2016, a expectativa de expansão é 5%.

No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), a projeção do BC é de expansão de 10% este ano, contra a estimativa anterior de 14%. Para 2016, a previsão é 9%.

Segundo Maciel, o menor crescimento no crédito livre para as empresas é puxado pela redução dos empréstimos para capital de giro. Em 12 meses, o saldo dessa modalidade caiu 3%. De acordo com o Maciel, a redução é influência pela atividade econômica em queda.

No caso das famílias, a moderação é explicada pelo maior espaço que o crédito habitacional ganhou no orçamento das famílias. “De certa forma influencia na expansão do crédito para consumo”, disse Maciel. Outro fator é a renda menor das famílias.

Já a expansão do crédito direcionado é influenciada pela moderação no crédito com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2014, o saldo do crédito direcionado cresceu cerca de 20%. Em 12 meses, encerrados em novembro deste ano, a expansão ficou em 11,2%. “Dois terços do crédito direcionado têm origem em empréstimos com recursos do BNDES. Há uma moderação nítida desde o início do ano”, disse.

Entre as modalidades de crédito direcionado, Maciel destacou o crescimento do crédito imobiliário, mas enfatizou que há uma “tendência clara de arrefecimento”. Maciel lembrou que o crédito imobiliário chegou a crescer 55%, em 2010. Em 2014, o crescimento chegou a 28%. Em 12 meses encerrados em novembro deste ano, a expansão ficou em 17,1%. Segundo Maciel, essa desaceleração é influenciada pela redução do percentual do valor financiado do imóvel e aumento das taxas de juros.

Crédito em bancos públicos e privados

A projeção do BC para a expansão do crédito em bancos públicos passou de 13% para 10%, este ano. Em 2016, o ritmo de crescimento será menor: 9%. O saldo do crédito dos bancos privados nacionais deve crescer 1%, este ano, contra 3% previstos anteriormente. No próximo ano, a projeção é 3%. Os bancos privados estrangeiros devem apresentar crescimento de 6% no saldo das operações de crédito, ante 7% previstos em setembro. Para 2016, a estimativa de crescimento é 7%

Inadimplência

Apesar do crescimento do desemprego, a inadimplência está “comportada”, na avaliação de Maciel. A inadimplência das famílias (pessoas físicas), considerados atrasos superiores a 90 dias, permaneceu em 5,8% em novembro. A inadimplência das empresas subiu 0,2 ponto percentual para 4,5% (de outubro para novembro), no caso do crédito livre. A inadimplência do crédito direcionado subiu 0,1 ponto percentual tanto para empresas quanto para pessoas físicas e ficou, respectivamente, em 0,9% e 2,2%.

“Há maior conscientização dos tomadores de crédito ao longo dos últimos cinco ou seis anos. Tivemos muitas iniciativas ao longo dos últimos anos de educação financeira”, disse. Além disso, Maciel destacou que há maior seletividade dos bancos na concessão de crédito, principalmente para a compra de veículos, com “garantias melhores”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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