A irmã mais charmosa de Aimée de Heeren, por Luís Nassif

Dado curioso da história é que Aimée tinha uma irmã, Vera, que, segundo o olhar especializado de Moreira Salles, era ainda mais charmosa

Um dos personagens mais fascinantes da história do Brasil, Aimée Sottomaior, jovem do interior do Paraná que casou-se com Luiz Ildefonso Simões Lopes e chegou triunfante ao Rio de Janeiro, no bojo da Revolução de 30.

A primeira vez que seu nome apareceu em livro foi na biografia de Walther Moreira Salles, que escrevi no início da década. Era da pá virada. Tornou-se amante de Getúlio, de Assis Chateaubriand, de Guilherme da Silveira, presidente do Banco do Brasil, diz-se que também de Dario de Almeida Magalhães. Enfim, um furor!

Em Poços de Caldas, hospedada no Palace Hotel, no mesmo andar que Vargas, recebia no seu quarto o futuro brigadeiro Nero Moura, piloto de Vargas e, depois, Ministro da Aeronáutica de Jango.

O dado curioso da história é que Aimée tinha uma irmã, Vera, que, segundo o olhar especializado de Moreira Salles, era ainda mais charmosa que ela. Um herdeiro da Johnson & Johnson apaixonou-se perdidamente por ela. Para evitar o casamento, a família presenteou Vera com uma fazenda no interior de São Paulo.

Vera e Getulio, provavelmente em Poços de Caldas

Agora, na biografia de Aimée – feita pelo jornalista Delmo Moreira -, conta-se que, quando saiu do Brasil, Aimée rumou para Londres, onde sua irmã Vera já estava estabilizada. E aí entramos na história de Vera, a mais charmosa das irmãs Sottomaior, cujo filho William Pretyman se divide entre fazendas em Campos e o Rio de Janeiro.

O primeiro casamento de Vera foi com um inglês, Ivar Bryce, que ela conheceu no Peru. Foi casada por dois ou três anos. O inglês era o melhor amigo de Ian Fleming, o autor dos romances de 007.

Acima um vídeo que menciona muito Ivar Bryce e na seção 19:24 aparece a Aimée que é a mulher à esquerda na foto.

Casaram-se muito jovens. Tinha propriedade em Essex e nas Bahamas, onde Fleming se abrigava para se inspirar nos seus romances.

Ivar Bryce (1906–1985) apoiou e colaborou com Fleming em projetos relacionados ao universo de James Bond, inclusive na tentativa de adaptar as histórias para o cinema. Em 1958, ele fundou a Xanadu Films ao lado de Kevin McClory e do próprio Fleming, com o objetivo de desenvolver roteiros para a série Bond. 

Bryce passou pelo jornalismo e manteve ligações com setores de inteligência britânicos e americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Era co-proprietário da North American Newspaper Alliance (NANA), uma agência de notícias nos Estados Unidos. Mesmo assim, o casamento durou apenas dois anos. 

Ivar Bryce tinha companhia de navegação,que passava pelo Peru, em Iguanos. Casou-se depois com uma das mulheres mais ricas dos EUA, na Califórnia.

Em seguida, Vera casou-se com um irlandês, Randall Plunkett, Lord de Dunsay, dono de um castelo e de uma das famílias mais antigas da Irlanda. Foi o 19º Barão de Dunsay, conhecido por sua dedicação ao patrimônio cultural e à preservação das tradições de sua família, que datam do século XII.

Tiveram o filho Edward,  artista plástico, que viveu até os 7 anos no Rio, tornou-se o 20º Barão de Dunsany. Casou-se com uma brasileira, Maria Alice Villela de Carvalho, que, para se colocar à altura da genealogia do marido, dizia-se descendente de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral.

Vera acabou se separando novamente e voltou ao Brasil. Aqui, conheceu Paul Pretyman, de uma família inglesa, maior proprietária de terras da Grã Bretanha. Mas era o quinto de seis irmãos. Então, teve que ir à luta. Estudou em Oxford e, vindo ao Brasil, comprou uma usina de açúcar em Campos. Era inventivo. Desenvolveu um sistema que facilitava a captação de água. 

Segundo o filho William, o pai comprou a usina que estava empenhada ao Banco do Brasil. O avô deu aval e seu pai tocou o negócio, mesmo sem falar portugues. Nunca foi grande empresário, mas era tipicamente inglês, tomava chá das 5, lia jornal em inglês a vida inteira.  Além disso, em 1925 fundou o Gávea Club e foi o responsável pela introdução do polo a cavalo no Brasil.

Mas também era um patriota. Quando explodiu a Segunda Guerra Mundial, deixou a empresa nas mãos de profissionais e foi se alistar. Tornou-se secretário de um controvertido comandante da RAF (a força aérea britânica), Sir Arthur Harris, conhecido como “Bomber Harris”. Ele era o comandante da RAF Bomber Command durante o período em que os bombardeios aéreos em larga escala sobre cidades alemãs, como Dresden, foram realizados.

Uma sobrinha do pai, Ernesta, casou-se com o terceiro filho do rei Jorge V. Logo, o pai veio a se tornar primo da rainha da Inglaterra.

No final da conversa, William Pretyman confirma uma das informações da biografia de Moreira Salles:

“Esqueci de comentar que na sua entrevista narrando a importância de Poços de Calda de antigamente, narrando fatos sobre a vida do Walter Moreira Salles, você comenta que a irmã da Aimée conheceu um dos herdeiros da família Johnson & Johnson e que para desfazer o casamento a família teve de doar uma fazenda para ela. Apesar da minha mãe nunca ter me contado isso, deve ter realmente acontecido o que você relata pois a fazenda existe, chama-se Porto Velho e fica no Estado de São Paulo e é hoje um dos ativos mais rentáveis da família Pretyman”.

“O duque atual chama-se Richard Buccleuch é sobrinho neto do meu pai. O avô dele Walter Buccleuch foi um dos que se apaixonaram pela Aimée, fato narrado no livro “A Bem Amada” escrito pelo jornalista Delmo Moreira”.
Veja o Dunsany Castle e um dos netos da Vera chamado Hon Oliver Plunkett.

3 Comentários

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  1. Só faltou dizer que Simões Lopes era o diretor do Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), o primeiro e único inventor do choque de gestão no Brasil, herdeiro e fundador da Fundação Getúlio Vargas.

    Ou será que tudo foi obra de dona Aimée…? Quais segredos ela não guardava em casa…?

    Por que será que a fundação mais antivarguista do mundo tem o nome de Getúlio Vargas…?

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