Procurador que denunciou Glenn reforça a ideia de um país selvagem

O resultado está aí, com os métodos fascistas entranhados no Ministério Público Federal. O outro ponto complicado é que esse abusos não foi questionado publicamente por nenhum outro procurador.

Delegado Zampronha

Com sua denúncia do jornalista Glenn Greenwald, o  procurador da República Wellington Divino de Oliveira conseguiu colocar o Brasil nas manchetes mundiais. No The New York Times, CNN, Washington Post, ao relator da ONU, reforçou a ideia de um país selvagem que, rapidamente, vai erodindo os valores centrais de uma democracia, dos quais a liberdade de imprensa é um dos pilares. Antes disso, abriu processo contra o presidente da OAB nacional, por críticas contra o Ministro da Justiça Sérgio Moro.

Assim como o ex-Secretário de Cultura, Roberto Alvim, Wellington é um primário que se excede no uso de ferramentas fascistas. É tão ignorante que não avaliou a repercussão de seu abuso contra um jornalista premiado internacionalmente. Sua denúncia compromete não apenas a imagem do Brasil no mundo, como do próprio Ministério Público Federal, ainda mais quando confrontado com o trabalho profissional realizado pela Polícia Federal nessa operação.

O problema não é Wellington.

De um lado, o episódio mostra como  o processo de naturalização do fascismo, trabalhado pela mídia esses anos todos, em parceria com a Lava Jato, se incorporou no Ministério Público. Mais que tolerados, todos os abusos foram enaltecidos. Foi dado tratamento escandaloso a qualquer episódio, tom de acusação final a qualquer suspeita, ignoraram-se aspectos mínimos de respeito aos códigos e às provas: bastavam convicções, já que o objetivo era destruir os inimigos.

O resultado está aí, com os métodos fascistas entranhados no Ministério Público Federal.

O outro ponto complicado é que esse abusos não foi questionado publicamente por nenhum outro procurador.

Na outra ponta, mesmo sob o comando de Sérgio Moro, a Polícia Federal conduziu um inquérito republicano, tocado pelo delegado Luiz Zampronha (na foto). Desde o início, evitou a escandalização, os vazamentos. Na primeira semana, interrogou o principal hacker sobre o ponto central da questão: recebeu ou não pagamento pelas informações. A negativa do hacker foi prontamente divulgada, evitando manipulações futuras do caso.

No final do processo, o Ministério Público Federal sai menor do episódio e a PF de Zampronha se redime dos períodos de sensacionalismo e violência da banda paranaense.

Wellington se tornou o principal garoto propaganda da lei anti-abuso que tramita no Congresso. É o exemplo acabado da impossibilidade de se conferir tamanho poder individual a uma corporação que perdeu totalmente o compromisso com as leis e a Constituição.

 

25 Comentários

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  1. Os cães ladram e a caravana vai passando altaneira, triunfante e muito mais fortificada. Com todo abuso do poder que o cargo lhe confere, esse que aí está se perdendo nos arroubos autoritários, junto com Moro e os demais arrogantes da Lava jato irão assistir a mais um prêmio internacional sendo entregue a Luíz Inácio Lula da Silva. Que medo vcs tem de nós

  2. A ausência total de punição, fruto do corporativismo desvairado liberou a sensação de onipotência, inversamente proporcional ao discernimento de cada um. É a continuação da bagunça inaugurada em Curitiba, festejada por muitos, por razões político partidárias ou ideológicas. Até quando perdurará a desordem institucional?

    1. O incrível é que ora dar um freio não é tão difícil….basta exonerar um, ou colocar em disponibilidade….. procurador, juiz, delegado, auditor só o são enquanto tem a carteira funcional no bolso, tirando-a são cidadãos comuns…..basta dar o exemplo que os outros se enquadram……

  3. O MPF não é Ministério e nunca foi Público. No Brasil o escritório estatal de acusação sempre esteve a serviço dos interesses privados e até criminosos dos poderosos do momento. Uma exceção ocorreu quando o PT esteve na presidência. Naquele período o escritório de acusação trabalhou para derrubar o governo, pois existe uma coisa que os procuradores odeiam mais do que a legalidade: a soberania popular.

    1. A estupidez foi dar status de membro de poder a todos juízes e procuradores…. isso deveria ser restrito aos ministros do stf, os outros tinham que ser enquadrados como funcionários públicos que são….

  4. Desde ha muito eu venho dizendo que vai chegar o dia em que Moro, procuradores e outros próceres não sairão à rua. Serão, exatamente como ocorreu em meados dos anos 80 com os militares e os apoiadores da ditadura, escorraçados. Tenham culpa ou não, exatamente como dantes.
    Não porque o Brasil se tornará do dia para noite em uma democracia de fato e de direito. Mas, porque todos esses atos escabrosos trarão um custo econômico que será sentido na classe média e no empresariado nacional. Viver em um regime de exceção com dinheiro no bolso, tudo bem. Agora, viver embaixo de tacão e duro, ninguém merece. Exatamente como dantes. Tão certo quanto o próximo nascer do sol.

  5. Para se defender, o indivíduo afirma que não desrespeitou o STF, pois a denuncia não foi precedida de investigação (sem apuração), o que é gravíssimo.
    Denúncia sem apuração significa parcialidade, animus acusatório desprovido de embasamento probatório. Inobservância do devido rito penal. Falta de isenção. Estado de exceção.

  6. Olha, eu sempre digo que se a Lava Jato teve um mérito foi mostrar a cara do verdadeiro brasileiro (tirando as MUITAS exceções, por óbvio): tosco, primário, ressentido, hipócrita, cínico, ingrato, violento, preconceituoso, analfabeto, racista, nazista e muito, mas muito ignorante. Medíocre, enfim…
    Não, não foi a Lava Jato que criou esse tipo de monstro. Ele sempre existiu, mas tinha vergonha de se mostrar. O que a imprensa fez desde 2013, e para a qual a Lava Jato muito contribuiu, foi ajudar o monstro sair a luz. Então, agora não me admira a atitude desse procurador de m****. É só mais uma amostra do que o brasileiro sempre foi…
    E, que ninguém se iluda. Como já escrevi em outro lugar, se Bolsonaro instalasse milhares de Auschwitz no Brasil não faltariam milhões aplaudindo…

  7. Está é A GRANDE OPORTUNIDADE DA ESQUERDA “”””””’FAZER UMA CARTA CONJUNTA AO STF””””””, e aberta a MÍDIA, em que “”””’DENUNCIE AO STF A GUERRA INTERNA NO JUDICIÁRIO: Entre os juízes que QUEREM SEGUIR A LEI E FAZER JUSTIÇA; e os JUIZES APOIADORES DO SERGIO MORO, QUE QUEREM JOGAR O POVO CONTRA O STF”””””. – Trata-se de um compro “”””DE UMA QUADRILHA FO JUDICIÁRIO””””, em que JUIZES, DESEMBARGADORES, PROCURADORES E ETC; “””SIMPATIZANTES DA DIREITA,”” como o Sérgio Moro, que ATÉ “””PARTICIPAVA descaradamente de cerimônias LIGADAS AO PSDB;””” QUE IGNORAM A LEI e cometem as maiores ATROCIDADES para “””INSTIGAR O POVO CONTRA ADVERSÁRIOS POLITICOS, E ATÉ AO PROPRIO STF”””; como pode ser visto EM AÇÕES DO PROPRIO SERGIO MORO: Antes, durante e depois da REELEIÇÃO DA DILMA; e também: antes, durante e depois do GOLPE; se estendendo as eleições quando o Moro ajudou o Bolsonaro se eleger, condenando o Lula e jogando o depoimento MENTIROSO do PALOCCI, e agora como MINISTRO da justiça protegendo os filhos do Bolsonaro. Uma vergonha para a JUSTIÇA BRASILEIRA, que: “”””””ENVERGONHA O BRASIL NO EXTERIOR”””; “”””AFASTA INVESTIDORES INTERNACIONAIS, POIS NINGUÉM QUER INVESTIR O MANTER RELAÇÃO COMERCIAL COM PAÍSES QUE O JUDICIÁRIO NÃO OFERECE GARANTIAS”””; e principalmente “”FORTALECE O CLIENTELISMO, QUE AFASTA A POPULAÇÃO MAIS POBRES DE UMA JUSTIÇA JUSTA”””.

  8. Tal qual a magistratura um procurador do MPF tem 2 férias por ano, salário estratosférico, vários auxílios alguma coisa e se for defenestrado da instituição fica recebendo subsídio.

    O que vai acontecer com esse militante de extrema-direita escondido sob a capa de servidor público?

    NADA!

  9. Uai.
    Todos os regimes de exceção tiversm como base e sustentação os sistemas jurídicos dos países onde tais regimes se instalatam.

    Alguém ouviu dizer que algum juiz ou promotor tenha sido preso ou torturado por enfrentar os gorilas de 64?

    Quem ratificou a extradição de Olga Benário Prestes?
    O STF, claro.

    Nassif escreve como se o caso desse torquemada fosse uma exceção em meio a uma instituição virtuosa e garantidora.

    Arf.

    É só um wishfull thinking dele eu sei.

    Mas isso distorce tragicamente um debate que ele, Nassif, é voz essencial.

    Não há civilidade possível na periferia do capitalismo.

    Acorda Nassif.

  10. O fascismo se nutre da falta de solidariedade na imprensa brasileira…
    o procurador que denunciou Glenn deve ser parte orquestrada, incluindo aí os donos dos grandes veículos de comunicação, para livrar o Moro das revelações do Intercept

    qualquer dúvida, a vocês que são área apenas pergunto:
    vocês já viram algum outro patrão ser denunciado?

    Exatamente como aconteceu na ditadura, A Globo, por exemplo, deve estar colaborando ou torcendo para que o Intecept seja considerado subversivo e venha a ser expulso do Brasil

    e tenham certeza de uma coisa, se o governo Bolsonaro pagar para que aconteça, será

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