A Justiça que protege Victor Chavez massacra Rafael Braga

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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No país em que mais da metade da população é negra, a justiça mostra que ela tem lado e cor

Jornal GGN – Os privilégios raciais diante da justiça brasileira é cada dia mais nítido. No Brasil de Bolsonaro, o cantor sertanejo Victor Chavez, da extinta dupla Victor e Léo, agrediu sua esposa grávida com chutes e foi condenado a 18 dias de pena em regime aberto. Já o catador de recicláveis, Rafael braga foi condenado a 11 anos e seis meses por portar frascos de produtos de limpeza e 0,6 gramas de maconha. Mas o que separa a justiça aplicada à Victor e Rafael?

Branco, rico e com visibilidade nacional, Victor Chavez em fevereiro de 2017 disparou chutes e pontapés contra sua então esposa, a empresária Poliana Batagin, grávida de 4 meses do seu segundo filho. A briga foi filmada pelas câmeras do elevador do edifício que o casal morava, em Belo Horizonte. 

Apesar das cenas mostrarem Poliana tentando sair de casa e pedindo socorro ao porteiro, quando é empurrada pelo ex-marido, cai no chão e continua sendo agredida com chutes, a juíza Roberta Chaves, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, condenou o cantor a 18 dias em regime aberto e ao pagamento de indenização de R$ 20 mil reais à ex-mulher. 

Rindo da cara da justiça brasileira, em fevereiro de 2019, Victor postou vídeo em perfil de uma rede social satirizando as acusações de agressão. 

Na contrapartida do crime envolvendo o homem branco, o catador de lixo negro e pobre Rafael Braga sente na pele a distinção de raça no Brasil. Em 20 de junho de 2013, durante as jornadas de protestos que reflete a atual conjuntura política, Rafael foi preso e acusado de porte ilegal de artefato incendiário. Na ocasião, o catador levava consigo frascos de produtos de limpeza. 

Na época, o agente Eduardo Vieira Vieitos declarou em seu depoimento à Justiça do Rio de Janeiro, que um dos frascos continha “substância incolor com odor semelhante ao de álcool etílico” e o outro, “substância de odor muito forte não identificada”. O policial ainda relatou que havia “estopins de flanelas amarradas aos gargalos das garrafas”. Outro policial, Erick Duarte Correa, disse que o material “aparentava ser coquetéis molotov”. 

Contudo, laudos dos técnicos em explosivos e desativação da Polícia Civil atestaram que um dos frascos era de desinfetante Pinho Minuano e outro frasco era de etanol, que poderia “ser utilizado como combustível em incêndios, com capacidade para causar danos materiais, lesões corporais e o evento morte”. Outro frasco continha 600 mililitros de um líquido branco, não inflamável, identificado como água sanitária. O laudo afirma que os recipientes eram dotados de pavios, porém com “mínima aptidão para funcionar como ‘coquetel molotov'”.

Mesmo assim, a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro concluiu que Rafael tinha a intenção de “arremessar os frascos contra policiais que agiam nas manifestações”. Em dezembro de 2013, Rafael foi condenado pelo juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 32ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, a cinco anos de prisão em regime inicial fechado. 

Quase dois anos depois, em setembro de 2015, Rafael foi autorizado a trabalhar fora do cárcere e a cumprir pena domiciliar, usando tornozeleira eletrônica. Mas, em janeiro de 2016, Rafael foi novamente preso em flagrante, desta vez por policiais militares da 7ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), acusado de tráfico de drogas, associação ao tráfico e colaboração com o tráfico, por porte de 0,6 gramas de maconha. Em abril de 2017, o juiz Ricardo Coronha Pinheiro condenou Rafael a cumprir onze anos e três meses de reclusão em regime inicial fechado. Atualmente, Rafael cumpre pena em regime domiciliar. 

Diferente da agressão cometida pelo cantor sertanejo Victor, não existem imagens sobre os “crimes” cometido por Rafael, condenado com base no relato dos policiais que efetuaram as prisões em flagrante. 

No país em que mais da metade da população é negra, mais uma vez a justiça mostra sua parcialidade entre homens brancos e negros, entre pobres e ricos. Mais uma vez, a justiça brasileira mostra que ela tem lado e cor.

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

13 Comentários

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  1. Esta mesma Elite Esquerdopata que infestou o Estado Brasileiro a partir da Anistia de 1979, contaminando a Vida Pública Nacional com Partidos como PSDB, PT, PSB, PCB, PDT,… e nomes como Mario Covas, Tancredo Neves, Franco Montoro, Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, José Dirceu, Sérgio Motta, FHC, José Serra, Eduardo Suplicy,…age desta forma como mostrado na matéria, nas duas pontas. São as mesmas Elites que expulsaram o 1.o Negro na Presidência do STF, Joaquim Barbosa, assim que este começou a mostrar a podridão e cancros que estes parasitas produziam na República Brasileira. A ‘ Indústria do Racismo ‘ é pratica doutrinada e recorrente desde o Golpe Civil Militar Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista de 1930. As consequências são históricas. E estão aí. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

    1. “Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.”

      Vc disse um monte de sandices que não tem nada a ver com o assunto. Seu problema é exatamente este: explicação fácil.
      O que exatamente a “elite esquerdopata” fez para JB se aposentar?
      Vá plantar batatas, pô!

      1. 40 anos de Redemocracia. Trinta e tantos de pseudo Constituição Cidadã. As resoluções da Justiça Brasileira são consequências de quais pessoas e quais estruturas? 90 anos da Doutrinação da Indústria da Covardia e Omissão. Mas a culpa deve ser dos outros. Sabemos.

        1. Cidadão, o meu comentário é uma resposta a esse Trolhudo que se chama Zé $érgio, pois ele disse:

          Esta mesma Elite Esquerdopata que infestou o Estado Brasileiro a partir da Anistia de 1979, CONTAMINANDO A VIDA PÚBLICA NACIONAL COM PARTIDOS COMO O PSDB, PT, PSB, PCB, PDT,…

          Ele é contra a esquerda. Ele é um direitopata, gosta do P$L, do DEM, etc.

          O chumbinho é prá ele e pro Bolsonaro. Se eu pudesse e você gostasse e aceitasse, prá você eu enviaria caviar, Mano.

          Um abraço. E não espere resposta desse Trolhudo.

  2. Mas ,em quem votou a população negra deste país nas últimas eleições??? e a mayoritária massa pobre que o povoa ???
    nada é por acaso ,tudo é consequência ,todo tem uma origem.
    O se aprende ou se morre .
    Ou devemos considera-los como gostam de fazer os “progressistas” ,como coitadinhos.????
    Se assim for ,os coitadinhos não deveríam ter direito ao voto,eles se suicidam.
    E aí,como fica?

    1. Tentei entender alguma coisa mas não consegui. O que o racismo que permeia a nossa Justiça, tem a ver com as últimas eleições?
      Não devemos tratá-los como coitadinhos, antes sim, como iguais. Qual a dúvida?

    2. Aquela criança que foi abatida pela PM lá na Favela não tem título eleitoral e, portanto, não votou.
      Ela não deveria ter sido abatida, mas foi. O que você diz disso, Carpoa?

      “The oppressed are allowed once every few years to decide which particular representatives of the oppressing class are to represent and repress them”. – Karl Marx

      “Se votar fizesse alguma diferença, o voto nem teria sido instituído ou, se tivesse sido instituído, ele já teria sido abolido”. – Emma Goldmann

  3. Gostaria de abordar a JUSTIÇA BRASILEIRA, “DANDO A ELA QUE SE CALOU TANTO NO GOLPE DE 64 QUANTO NO GOLPE DE 2016”, afim de dar a ela “mais voto de confiança”,já que o JUDICIÁRIO “NÃO APROVEITOU A CHANCE QUE OS GOVERNOS LULA E DILMA do PT, deram a ele PARA TENTAR MELHORAR SUA IMAGEM E CREDIBILIDADE JUNTO AO MUNDO E PRINCIPALNENTE JUNTO AOS BRASILEIROS”. – Está claro que “há uma guerra no JUDICIÁRIO que se encontra DIVIDIDO ENTRE: O STF que ‘agora’ defende A JUSTIÇA JUSTA que pune culpados mas que abdolve inocentes; E A BANDA PODRE DO JUDICIÁRIO que solta condenados em segunda instância, comPROVAdamente criminosos, para tentar AJUDAR O MORO a jogar o povo contra a JUSTIÇA BRASILEIRA.” Por isso, o STF TEM QUE “DEIXAR O CORPORATIVISMO E O CLIENTELISMO DE LADO”, e começar DENTRO DA LEI, a pedir explicações a QUEM O OFENDE: Seja magistrados como Moro e o DALLAGNOL; ou IGNORANTES como aquela moça de Santa Catarina, Tathy G, QUE ENTRE OUTRAS COISAS CHAMOU OS MINISTROS DO STF DE LADRÕES, VENDIDOS E ETC. Pois não se pode ADMITIR QUE UM BABACA COMO ESSE VITOR CHÁVEZ, depois de agredir SUA ESPOSA GRÁVIDA, “GRAVE UM VÍDEO DEBOCHANDO DA JUSTIÇA”; e depois recebe uma PENA DE APENAS 180 DIAS EM REGIME ABERTO.

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