A lição de Nietzsche e o moralismo golpista nosso de cada dia, por Miguel do Rosário

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

de O Cafezinho

A lição de Nietzsche e o moralismo golpista nosso de cada dia

por Miguel do Rosário

A política brasileira é tão complicada, tão cheia de armadilhas sutis, tão… diabólica, que eu não paro de pensar numa frase de Raulzito:

Pena eu não ser burro, não sofria tanto.

Não que eu também não seja burro. Provavelmente sou muito burro, porque não creio que seja possível sobreviver ao mundo de hoje sem uma boa dose de estupidez. Mesmo assim, talvez por não ter a quantidade suficiente de estupidez, eu sofro.

Eu gostaria de fazer algumas observações sobre a coluna de Bernardo Mello Franco, comentada hoje também pelo Tijolaço.

Vou reproduzir aqui o mesmo trecho trazido pelo Tijolaço.

Temer oficializou a blindagem
Bernardo Mello Franco, na Folha

Alguns políticos são mestres em fazer uma coisa e anunciar o seu contrário. Michel Temer lembrou que domina a arte nesta segunda (13), ao divulgar novas regras para a demissão de ministros.

Com uma penca de auxiliares na mira da Lava Jato, o presidente convocou a imprensa para dizer o seguinte: “O governo não que blindar ninguém, e não vai blindar”. Em seguida, ele acrescentou: “Não há nenhuma tentativa de blindagem”.

Não é preciso ir longe para ver que o discurso não para em pé. Há menos de duas semanas, Temer recriou um ministério para Moreira Franco. O cargo deu foro privilegiado ao peemedebista, que foi citado 34 vezes numa delação da Odebrecht. Em português claro, Temer nomeou o aliado para blindá-lo da Justiça.

Ao anunciar a nova cartilha, o presidente afirmou : “Se alguém converter-se em réu, estará afastado”. Parecia uma medida moralizadora, mas era o oposto disso. O presidente deu um salvo-conduto aos auxiliares investigados por corrupção. A partir de agora, eles poderão ser delatados à vontade até que os inquéritos se transformem em ações penais.

De acordo com Temer, só será “afastado provisoriamente” quem for alvo de denúncia formal da Procuradoria-Geral da República. A demissão será reservada ao ministro que conseguir a proeza de virar réu no Supremo Tribunal Federal.

Na prática, o presidente oficializou a blindagem dos auxiliares encrencados com a Justiça. A lentidão do Supremo se encarregará de manter a equipe unida. Em quase três anos de Lava Jato, a corte só recebeu cinco denúncias contra políticos.

Minha opinião é a seguinte: Michel Temer, neste caso, está recebendo uma descarga dupla, vinda dos dois principais operadores do golpe: as castas e a mídia.

Bernardo Mello Franco, apesar de seu ar liberal progressista de oposição, é apenas mais um flautista delicado e talentoso tocando na orquestra do estado de exceção. Por um motivo simples: por trás do pseudo-esquerdismo confortável do “fora Temer”, há um desprezo latente pela presunção da inocência.

Por que Michel Temer teria de demitir “delatados” ou “investigados”?

Eu acho muito triste que o Brasil em peso, à direita e à esquerda, tenha sucumbido à agenda degradante imposta pelos meganhas do judiciário.

Temer é um golpista desgraçado, um dos personagens mais odiosos da história da nossa república, e seus ministros não o são menos.

Mas daí a entregar o poder aos golpistas do judiciário e do MP, com suas “investigações” e “delações”, vai uma distância muito grande!

Se Temer demitir um ministro porque ele foi “delatado”, então o poder do MPF e do Judiciário será absoluto, porque já ficou bem claro que os meganhas conseguem extrair qualquer delação dos corruptos jogados em suas masmorras.

O dono da OAS já provou exatamente isso. Num momento, falou que a doação para a eleição de Dilma era propina. Quando se descobriu que a doação tinha sido nominal para Michel Temer, ele mudou imediatamente de ideia e disse que a doação era legal.

E tudo isso sob supervisão do Ministério Público Federal.

Em torno da gritaria contra o “fim da Lava Jato” há um grande teatro. O consórcio golpista, que inclui a própria Lava Jato, procura a melhor maneira de dar fim à operação (ela terá que terminar um dia não? ou virou eterna?), e ao mesmo tempo emplacar uma narrativa que permita consolidar o golpe sem passar a imagem de “pizza” aos milhões de coxinhas manipulados pela mídia.

Procura-se então uma saída honrosa para a Lava Jato, que necessariamente implicará em simular uma pizza qualquer, visto que não será possível, como talvez queiram os mais fanáticos, prender metade do congresso nacional e toda a cúpula do executivo.

A esquerda começou a jogar um jogo perigoso, que ela acha, no entanto, que é o único que ela pode jogar. Agora que as investigações já produziram um efeito devastador em seu campo, prendendo seus tesoureiros, seus ministros, indiciando seu líder máximo, a esquerda está tentando empurrar a Lava Jato para cima do governo. A tática serve, além disso, para atiçar a disputa de poder entre esses dois grupos rivais que lideraram o golpe: burocracia versus mídia.

Um comentarista do blog fez uma observação inteligente sobre o atual dilema da esquerda: denunciar os arbítrios da Lava Jato e ao mesmo tempo não deixar que o atual governo escape ileso. Como fazer?

Os trolls já notaram que há contradições nesse jogo, e o denunciam, malandramente: ué, vocês são contra a Lava Jato quando ela pega petista e são a favor quando ela pega a oposição? Denunciam o super-peso dado a delações quando o alvo é gente sua e as corroboram quando tucanos e demais golpistas são atingidos?

Os trolls estão certos. A esquerda terá de enfrentar, uma hora ou outra, a realidade de frente: ela nunca esteve tão sozinha: todo o aparato de Estado foi para a direita e tornou-se golpista. Por isso chamamos de Golpe de Estado.

Por isso eu acho errado, a essa altura do campeonato, centrar fogo em Sergio Moro. O autoritarismo golpista, o mau caratismo processual, corroeu o sistema judicial como um todo, como um incêndio devorador. É duro constatar, mas já adentramos, há pelo menos um ano e pouco, no fascismo. Não há juiz ou promotor capaz de resistir a onda. Seja quem for que pegar o processo de Lula, sofrerá a pressão brutal de todo o sistema – e cederá ao fascismo. Não tem como resistir. Não digo isso para passar a impressão de que não há saída. Há sim, mas pela política.

Eu denuncio essas contradições da esquerda, essa tentativa de jogar o jogo com as regras do adversário, desde a Ação Penal 470. Não bastava denunciar as injustiças contra José Genoíno e Dirceu. Era preciso também mostrar que os publicitários mineiros presos por aquela farsa também foram vítimas. Eu estudei os processos. Até mesmo a herdeira do banco Rural havia sido presa injustamente. Entretanto, por “esquerdismo”, as denúncias foram apenas focadas nas estrelas do petismo. Até mesmo Pizzolato, por ser desconhecido e ter má fama nos meios sindicais, foi sacrificado às feras, apesar do seu caso oferecer a melhor oportunidade de denunciar os erros grotescos, criminosos mesmo, de todo aquele processo.

Além disso, eu não sei se quero “derrubar” Michel Temer. Eu gostaria de anular o impeachment, que entendo como mais uma das tantas farsas midiático-judiciais que tem corroído nossa democracia desde a Ação Penal 470. Mas não tenho, para ser franco, nenhuma esperança de que isso seja possível e já estou cansado de apostar para perder. Então, antes de derrubarem Michel Temer, eu quero saber: para botarem quem no lugar? Ou querem fazer o mesmo que fizeram com o Rio? Deixar o estado acéfalo, sem governo, entregue ao caos? É isso que querem para o Brasil?

Muito se fala agora de “superar o discurso do golpe”. Acho essa ideia uma maravilha. Eu estaria super-preparado para falar de cultura,  mobilidade urbana, indústria, energia. Meu sonho era fazer uma série de posts sobre trens de alta velocidade. Como poderíamos ligar as grandes cidades brasileiras por linhas férreas?

Mas não é a gente que tem obsessão pelo golpe. É o golpe que tem obsessão pela gente. Hoje eu fico sabendo, por exemplo, que o procurador-geral da república denunciou… Jandira Feghali, por uma coisa completamente esdrúxula, uma escaramuça qualquer que a deputada teve com técnicos eleitorais em 2014. Ou seja, Janot não denuncia Aécio, mas denuncia Jandira, uma das líderes da oposição. É evidente que isso é uma ação política que visa enfraquecer o que ainda resta de oposição combativa ao governo Temer.

Isso é o golpismo!

Como “superar” o discurso de golpe se o golpismo tem obsessão em prender Lula? Como esquecer aquele power point do Dallagnol?

Há muito tempo, portanto, eu já me decidi. Eu defendo a política. O voto. O sufrágio universal. Sou contra a delação premiada. Ah, foi a Dilma que aprovou… Não me interessa. Erro dela. Mais um dos erros dela, que não podia jamais ter caído nas esparrelas do punitivismo reacionário. A delação premiada é uma lei dos Estados Unidos, que tem uma outra realidade. Antes de copiar o pior dos EUA, tínhamos que importar a lei de mídia, por exemplo. Trazer uma lei penal americana sem antes a sua lei de mídia é um erro.

E tudo isso por falta de… comunicação, que é uma via de duas mãos. O governo não sabia falar e também não sabia ouvir. Os quadros do governo interpretaram as “jornadas de junho” através dos editoriais da Globo. Essa é a mais triste verdade, e daí compraram o discurso anticorrupção e defenderam novas leis, que por sua vez nos levaram até aqui: golpe, governo de ladrões, um judiciário completamente enlouquecido (inclusive no sentido clínico), uma economia arrasada.

Como alguém espera governar qualquer cidade, estado, como espera presidir o país, com um judiciário assim? Juízes estão cassando mandatos, prendendo vereadores, bloqueando nomeações de ministros, impedindo obras, a depender do humor do dia. Amanheceu um dia chuvoso e triste? Não dormiu bem? Então vamos prender um ministro, um governador, cassar o mandato do prefeito e tudo vai ficar bem!

A democracia brasileira está completamente estrangulada por um judiciário hipertrofiado!

Claro que o autoritarismo judicial também beneficia, eventualmente, o campo popular. Um juiz mandou bloquear, por exemplo, as concessões criminosas que a Petrobrás está tentando fazer. Alguém acredita que a Petrobrás não conseguirá derrubar essa liminar e que, ao cabo, entregará nossas jazidas do mesmo jeito? Qual o saldo disso? Zero!  Essas decisões, mesmo as que nos beneficiam, são o tipo de coisa que apenas nos debilita e nos afastam da política. São, por isso mesmo, imensamente negativas para o país, para o povo, para a democracia.

O campo popular só tem uma saída: a política. E a denúncia ao golpe tem de ser coerente. Tem de vir junto com a defesa de um judiciário democrático, imparcial e justo! A justiça brasileira precisa se modernizar e já que tem um ministro falando tanto em “iluminismo”, então que tenha coragem de citar Cesare Beccaria, que inventou a justiça iluminista, que até hoje governa a doutrina penal moderna: a justiça precisa ser branda (branda! e não severa!), rápida e humanista.

Eu não vou ficar feliz com novas prisões da Lava Jato. Não quero ver Michel Temer preso. Eu queria apenas vê-lo fora da cadeira da presidência da república, porque ele não se elegeu para esse cargo.

Eu não quero ver tucanos presos. Eu quero que o povo seja esclarecido sobre o que esse partido defende em termos de políticas públicas, e que, de posse de informações verdadeiras e expostos ao contraditório, a população decida se o quer ou não no poder. Se quiser, irei respeitar a decisão!

Não quero, em absoluto, a cassação do PSDB! Eu acho infinitamente medíocre, autoritário, antidemocrático, as declarações de Gilmar Mendes e de seus capangas na mídia e do MP, que tentavam “cassar” o PT.

Não quero nenhuma empresa destruída! Eu gostaria que houvesse legislações mais avançadas e fiscalização mais adequada, para que nenhuma empreiteira ou grande empresa de construção civil agredisse o meio ambiente, ou se organizasse, em cartel, com outras companhias, para fraudarem licitações. A economia é como uma floresta. Não se pode destruir impunemente uma grande empresa como a Odebrecht sem que haja um efeito sistêmico terrível, com a corda estourando, naturalmente, sempre do lado mais fraco, com explosão da pobreza e da miséria.

Estou terminando a revisão de um romance, de minha autoria, chamado 2046, que é uma ficção futurista na qual o Brasil se torna uma corporocracia, ou seja, um regime dominado por duas grandes organizações corporativas: uma ligada à burocracia, outra ligada à midia. Cada vez mais, contudo, eu me ressinto da concorrência da realidade. Quanto mais desgraça eu boto no romance, mais o Brasil passa à frente e cria uma desgraça maior!

O que me consola é ter existido Nietzsche:

Onde Começa o Bem – Quando o precário olhar humano não é mais capaz de identificar o mal, porque ele se tornou demasiado sutil, o homem aí situa o reino do bem; e a sensação de ter penetrado nesse reino desperta nele todos aqueles sentimentos – de segurança, bem-estar, benevolência – que o mal limitava e ameaçava. Por consequência, quanto mais fraco o olhar, maior é o domínio do bem! Daí a eterna alegria do homem médio e das crianças! Daí o abatimento e tristeza – muito próximos da má consciência – dos grandes pensadores. Friedrich Nietzsche, em ‘A Gaia Ciência’ . Tradução: Miguel do Rosário, com base aqui.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. É preciso se livrar da esquerda e fazer um projeto de país
    A Luciana Genro não apóia a Lava jato atôa, o interesse é a operação destruir o PT pro partido dela tirar militantes e eleitores do PT.
    Aliás, a falta de caráter dessa esquerda pura é tanta que dizem que a política econômica dos governos do PT (que distribuiu renda e investiu em infraestrutura) é a mesma coisa dos governos FHC. Confundem política de juros e câmbio com política de governo.
    É preciso entender que o PT e PCdoB foram isolados pala Lava jato seja pela direita ou pela esquerda. A direita quer destruir PT por medo do Lula em 2018, a esquerda quer o fim do partido pra ocupar vácuo.
    O Fora Todos, como já se esperava, criminalizou ainda mais o PT e ajudou a direita.

  2. O supremo é cada cabeça uma

    O supremo é cada cabeça uma sentença. Ao bel prazer de cada um. É cada um por si. Sem ter que haver um consenso. É uma esculhambação.

  3. eu quero a lei obedecida e os

    eu quero a lei obedecida e os infratores punidos – seja por sua ação ou omissão.

    moro errou ao conduzir lula coercitivamente.

    gilmar errou ao impedir a nomeação de lula pra casa civil(comprovado agora com a aprovação do angorá).

    o Parça  do TRF4 errou ao escrever q serginho pode agir afora da lei.

    trezentos e poucos na câmara e dezenas no senado erraram ao votar por aprovar um proceso de impeachemt sem ter havido crime.

    erros se corrigem.

    corrijamos os nossos.

    BRASIL, reDILMA-sE!

  4. O debate político atual se

    O debate político atual se tornou esquizofrênico. Atual nem tanto assim: desde a redemocratização que foi preso nesse diapasão do relativismo total. O que é correto ou errado não vai depender mais da real natureza dos fatos, mas das interpretações que por sua vez estarão subordinadas aos interesses políticos-ideológicos envolvidos. Por esse diapasão, o falso de ontem pode ser o verdadeiro de hoje; e vice-versa. 

    Nenhum dos lados da disputa pode apontar o dedo para o outro nessa seara. Ambos, rigorosamente, se viciaram nesse práxis. 

  5. Um jornal que tem vários lados é pior do que quem tem só um

     

    Miguel do Rosário,

    É isso. A esquerda tem ido no sentido contrário ao que ela se deveria encaminhar. E não foi por falta de bons conselhos. Dois exemplos de alertas foram os posts “O sono da política produz monstros, por Gabriel Cohn” de domingo, 05/06/2016 às 17:18, aqui no blog de Luis Nassif com a reprodução do artigo de Gabriel Cohn publicado no Le Monde Diplomatique Brasil e com o mesmo título: “O sono da política produz monstros” e “Como a esquerda deve enfrentar o golpe, por Mauro Santayana” de domingo, 03/07/2016 às 16:57, também aqui no blog de Luis Nassif com a reprodução do artigo de Mauro Santayana publicado na Revista do Brasil com o título “O grande golpe”.

    O endereço do post “O sono da política produz monstros, por Gabriel Cohn” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-sono-da-politica-produz-monstros-por-gabriel-cohn

    E o endereço do post “Como a esquerda deve enfrentar o golpe, por Mauro Santayana” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/como-a-esquerda-deve-enfrentar-o-golpe-por-mauro-santayana

    E o que eu avalio como horrível é argumentar contra a ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff pelo republicanismo dela e criticar o presidente antes provisório agora definitivo por causa do golpe Michel Temer pelo fato de ele não fazer questão de ser republicano. Eu defendia a ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff porque considero que o republicanismo é uma meta possível de ser alcançada e que assim devem se portar os chefes de executivos. Agora, não indo contra a lei, não se pode atacar um chefe de executivo se ele tem uma postura que só tem como limite o que a lei impõe.

    O último exemplo que eu menciono como uma reação sem sentido da esquerda é criticar a indicação de Alexandre Morais para o STF. Tão sem sentido que eu passei a inventar a seguinte história. Conta-se que existiu ou ia existir uma gravação de um presidente antes provisório agora definitivo por causa do golpe em que ele conversava com um baronato de terras paulistas para que o baronato financiasse uma campanha contra o indicado por ele para a Corte Superior. E que alguém que escutou, ou iria escutar, a gravação foi pedir, ou iria pedir, explicação ao presidente antes provisório agora definitivo por causa do golpe, a razão dele ter feito um pedido tão esdrúxulo. Bem, ele teria respondido, ou iria responder, para garantir o golpe eu prometi fazer o que os parlamentares pedissem, mas eles também teriam que fazer o que eu pedisse. Quanto pior falarem do meu indicado mais eu tenho o que apresentar como trabalho feito por mim aos parlamentares e, portanto, mais deles poderei cobrar.

    E uma explicação para o título que eu dei ao meu comentário. Eu sou contra a ideia de que a grande mídia forma opinião. A formação de opinião vem quase no DNA. É fruto de uma cultura. Como o DNA, quero dizer, a cultura das sociedades em que vive o ser humano é muito semelhante a opinião pública no mundo é muito semelhante. Há as diferenças entre países, entre regiões, ou mesmo de bairros e acrescenta-se a isso as diferenças sociais, mas no fundo as culturas no mundo têm muita coisa de semelhante e, portanto, a opinião pública vai ter muita semelhança. E no mundo capitalista a grande mídia, isto é, a mídia que sobrevive e que cresce é aquela que consegue atingir uma quantidade maior do público. E para isso ela precisa expressar a opinião da maioria. Uma mídia que vai contra a opinião da maioria não sobrevive. Durante o Império Romano, se existisse uma grande mídia na época, ela não tinha leitura se ela só repassasse notícias afirmando que a terra girava ao redor do sol. Então a grande mídia não forma a opinião pública, mas é formada por ela. Só que para crescer um pouco mais ela recheia a opinião pública de opiniões divergentes para que aqueles fora da opinião pública possam interessar também pela grande mídia. E que se faça a ressalva aqui que a opinião de Bernardo Mello Franco não é a opinião divergente, mas sim a opinião pública. A sua sim é uma opinião divergente. E se ela (a sua opinião divergente) já não está na grande mídia, uma hora ela vai ser chamada. Aliás, ela pode estar sendo expressa pela direita, porque essa lógica de não ficar submetido a opinião da maioria (a opinião pública) e até mais da direita do que da esquerda, pelo menos da direita mais esclarecida.

    E finalizando a explicação sobre o título do meu comentário. Com ele, ao dizer que “[u]m jornal que tem vários lados é pior do que quem tem só um”, eu faço crítica, não do ponto de vista comercial, ao fato de um jornal trazer além da opinião pública majoritária, um tanto de outras opiniões divergentes. É preferível alguém que se expresse dentro de uma só ideologia. De certo modo, nós fazemos esse tipo de seleção ao escolher a leitura da coluna assinada. Não é propriamente de escolher uma dentre várias colunas assinadas, mas de escolher as colunas assinadas porque ao longo do tempo conseguimos captar a ideologia de cada um.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 15/02/2017

  6. Otima analise

    Caro Miguel ha esquerda e esquerda e acho que boa parte dentre nos, esta cheio da Lava Jato e desse Judiciario, incluindo ai MP e PGR autoritarios e totalmente ideologicos. Discordo de que gente como Temer, Renan, Aécio, Serra, Alckmin etc, nao deva responder por seus crimes. Concordo que não ha necessidade de prisão (assim como nunca houve para Dirceu), mas que haja processo. A corrupção continuada por décadas com esses que mais acusam o PT e se portam como falsos paladinos, merecem ter seus feitos na vida publica expostos, mas não perseguidos e achicalhados.

    Noves fora, acho que a Lava Jato nos perseguira ainda até o julgamento de Lula e seus desdobramentos. Até as eleições de 2018. Ai, enfim, talvez possamos passar a coisas realmente importantes para o desenvolvimento do Pais.

  7. Bravo, bravíssimo

    Um artigo Excelente.

    Finalmente a esquerda está amadurecendo. Tirar a idéia de revanche e de vingança desta sociedade é o princípio de tudo, é o que falta neste país.

    Prender o Temer, exercer uma vingança não vai melhorar nada. No dia seguinte eles arrumarão outro pior ainda do que ele. Derrubaram Cunha e poucos dias depois outro pior ocupou a sua cadeira.

    Demonizar o Moro, é outra besteira. ele é só um agente do sistema. qualquer um que sentar na cadeira dele, dada a pressão descomunal da mídia, ou obedece e vira um juiz inquisitor, ou é moído pela mídia.

    Por fim, nem à mídia, devemos endereçar nosso ódio. eles são prisioneiros de um dogma, de um catecismo de ódio e vingança, devem ser equiparados a doentes mentais, nada mais.

    ” Não quero ver Michel Temer preso e nem tucano nenhum preso. ” Excelente, também penso assim, prender por vingança, só vai gerar mais vingança.

    Aderir ao ódio punitivista que assola o país é dar mais forças ao inimigo.

    A luta não é entre o bem e o mal, e sim  a  ” luta é entre a Ignorância e a Sabedoria “.

    ” A guerra está dentro de nós. “

    As Palavras:

    ” Pai, perdoai-os, pois não sabem o que fazem “, nunca foram tão necessárias hoje em dia.

    —————

    ” Nunca no mundo o ódio acabou com o ódio, o que acaba com o ódio, é o amor ao próximo. “

    Sidharta Gautama

     

    ————

    ” O fraco nunca pode perdoar, perdão é um atributo para os Fortes “

    Mahatma Ghandi

     

     

     

     

    1. Nem vingança nem revanche, mas a impunidade menos ainda

      Eu não quero ver os pilantras presos nem por vingança nem revanche, mas quero vê-los presos por questão de justiça.

      A impunidade é tão reprovável quanto a vingança e a revanche

      Cadeia para os Golpistas e Traíras

      1. E resolve?

        Satisfação em revê-lo caro Sr. Ribeiro.

        Vai dar cadeia também para os milhões de coxinhas que apoiaram o golpe?

        Prender golpistas, não vai impedir ninguém de dar outros golpes, caro Sr. Ribeiro. Muito pelo contrário, prender um golpista é capaz de transformá-lo em um mártir.

        A midia e a elite sabem disto, por isto não prenderam Lula e acredito que não prenderão, talvez consigam matá-lo de stress e de nervoso.

        O verdadeiro ” mal ” que precisa ser corrigido neste país, é conquistar os corações e as mentes do povo, a favor do nosso nacionalismo, e conseguir despertar no povo o desejo pela verdade.

        Todos os homens que foram presos ou mortos na história, se tornaram Mártires e voltaram mais fortes ainda depois de presos ou depois de mortos, como Lendários Heróis. Jesus Cristo, Tiradentes, Martir Luther King, Mahatma Gandhi, alguns deles foram presos outros foram assassinados, e todos eles após a prisão ou a morte, viraram Heróis do povo.

        É por isto que prender golpistas apenas por que tomaram o poder de assalto, é uma péssima idéia.

        1. Discordo

          Discordo.

          Luís XVI e Maria Antonieta foram guilhotinados e nunca se transformaram em heróis. Passaram para a História como os déspotas que sempre foram.

          Os que você cirou transforam-se em heróis por merecimento. Não foi apenas a morte que os santificou.

          1. ” herois ” do mal

            Caro Sr. Ribeiro

            Luis XVI e Maria Antonieta não tinham a midia para transformarem eles em ” herois “. Pois se interessasse à elite na época e tivessem uma midia como temos hoje, com certeza eles teriam incensado Luis XVI, transformado ele em ” heroi ” e a Revolução Francesa nem teria ocorrido.

            Quer exemplos de heróis criados pela mídia? Collor, Cunha, e o juiz de curitiba, são alguns. Collor e cunha já mostraram as garras, e perderam o status de ” herói ” perante a população. O Juiz de curitiba, é um herói até os dias de hoje, a mídia o criou, e milhões o aplaudem de pé, mesmo ele quebrando empresas. Cadê o mérito dele aqui?

            A midia cria meritos onde não existe e “heróis “. onde não se acha vitude alguma.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador