Como a esquerda deve enfrentar o golpe, por Mauro Santayana

Dizer que quem compõe o governo interino é corrupto não resolve, nem agora, nem a médio prazo, o problema

 
Jornal GGN – No artigo a seguir, Mauro Santayana pede cautela aos movimentos sociais, sobretudo aqueles ligados ao PT, que lançam seus discursos contra o governo interino de Michel Temer. Para ele não se pode simplificar as acusações do golpe, apontando, por exemplo, a falta de legitimidade do governo Temer por se apoiar em diversas legendas, lembrando que, caso Dilma retorne ao poder, muito provavelmente terá a necessidade de fazer as mesmas alianças. Segundo Santayana, o foco da estratégia contra o golpe deve ser “a democracia e a liberdade como alvos finais dessa linha de atuação”. 
 
“Na tentativa de atingir seus adversários, a esquerda não pode cair no mesmo erro – aproveitado com deleite pelos fascistas – na tentação e na esparrela da criminalização da política. Mesmo quando atacada hipócrita e injustamente. Pois corre o risco de legitimar o discurso de apoio à Operação Lava Jato e o discurso da mídia”, pontua.
 
Mauro Santayana
 
O GRANDE GOLPE
 
(Revista do Brasil) – A direita trabalha agora no sentido de alcançar a aprovação e a conclusão definitiva do processo de impeachment da presidente da República. A frente formada com esse intuito é ampla, reúne a mídia parcial e conservadora, a parte mais corrupta e fisiológica do Congresso, setores do Ministério Público,­ do STF, da Polícia Federal e do Judiciário contra o PT e a esquerda nacionalista. Apesar das dificuldades vividas pelo governo interino, o processo não será fácil de ser revertido. 
 
Não tendo sabido enfrentar, de forma organizada e decidida – a começar pela internet –, os ataques que vinha sofrendo desde 2013; não tendo estabelecido um discurso abrangente que defendesse minimamente suas conquistas, que ocorreram, sim, em importantes momentos dos últimos 13 anos; tendo cometido erros grosseiros do ponto de vista estratégico, político e eleitoral, o que resta ao PT e aos grupos que o apoiam é parar de se equivocar, de serem pautados pelas circunstâncias e pela imprensa adversária, e entender o que realmente ocorre com o país neste momento.
 
Manter a realização de protestos isolados e constantes contra o governo Temer – acusando-o de golpista – pode ser um exercício retórico, e uma forma de fugir do imobilismo, mas essa abordagem não deve ser a única, nem a principal, nem ser levada às últimas consequências, porque pode conduzir a graves equívocos dos pontos de vista tático e histórico. Não se discute a questão da legitimidade do voto. Mas é rasteira simplificação – que colabora com os conspiradores ocultos, muitíssimo mais perigosos – dizer que o golpe partiu do PMDB, como se ele tivesse nascido quando essa legenda abandonou o governo Dilma.
 
Dizer que quem compõe o governo interino é corrupto é outra simplificação que também não resolve, nem agora, nem a médio prazo, o problema. Por um lado, porque reproduz em parte o discurso adversário, minimizando o fato de que muitos dos que estão sendo investigados pela Operação Lava Jato à direita estão sendo processados com as mesmas justificativas e argumentos espúrios usados para justificar acusações e as investigações lançadas contra membros do próprio PT. 
 
Por outro lado, porque quem compõe o governo são, com exceção do PSDB e do DEM, basicamente as mesmas forças que estiveram durante tantos anos nos governos do PT, não por afinidade política, mas porque é assim que se estabelece o equilíbrio de governabilidade possível em um regime típico de presidencialismo de coalizão.
 
Seguindo esse raciocínio, por mais que seja difícil para alguns admitir isso, a mesma miríade de pequenos partidos e legendas de aluguel que apoia hoje Michel Temer, faz parte de seu governo e está sendo atacada pelo PT pode vir a ter de ser, amanhã, cooptada­ de volta por Dilma para compor seu ministério, caso ela retorne ao poder. 
 
O próprio presidente do PT, Rui Falcão, já admitiu que não fará nada para evitar que o partido se alie ao PMDB nas eleições municipais deste ano. 
Devagar, portanto, com o andor.
 
É preciso cautela, para não parecer hipócrita, na mesma linha de leviandade usada pela direita contra a esquerda – e pela extrema-direita contra a política de modo geral, tendo a democracia e a liberdade como alvos finais dessa linha de atuação. 
Na tentativa de atingir seus adversários, a esquerda não pode cair no mesmo erro – aproveitado com deleite pelos fascistas – na tentação e na esparrela da criminalização da política. Mesmo quando atacada hipócrita e injustamente. 
 
Pois corre o risco de legitimar o discurso de apoio à Operação Lava Jato e o discurso da mídia – muito mais importantes e deletérios do que o PMDB, no processo de golpe que estamos vivendo – e de se equiparar a quem o defende, diante da história e da população.
 
Vamos ser francos – mesmo que as conversas tenham sido propositadamente gravadas e conduzidas para ser usadas como habeas corpus por um dos interlocutores – os diálogos entre o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado e autoridades como Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney não podem ser rotulados com o mesmo grau de subjetividade dirigida com que se julgaram e disseminaram outros diálogos gravados com a mesma intenção, e divulgados fora de contexto, como os de Delcídio do Amaral, ou o de Lula e Dilma.
 
Ao dizer que a Lava Jato representou uma sangria, por exemplo, o senador Romero Jucá diz não mais que o óbvio. Uma sangria em empregos, em interrupção de negócios, em sucateamento de obras e projetos, em desvalorização de ações e ativos, em contratos interrompidos, em prejuízos institucionais e contábeis para as empresas acusadas, com terríveis resultados para o país, em termos estratégicos, de defesa, energia e infraestrutura, e para milhares de empregados e acionistas, o que é evidente e redundante.
 
Da mesma forma que dizer que era preciso costurar um diá­logo nacional para analisar o assunto, com a participação do próprio STF, a quem cabe corrigir eventuais desvios e ações polêmicas – principalmente no âmbito jurídico –, colidentes com o texto constitucional, seria uma afirmação consequente, lógica, e, no correr da conversa, óbvia e ululante.
 
Ou será que a Lava Jato não poderia ter investigado e condenado os corruptos efetivamente identificados, com dinheiro em contas no exterior, como Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, sem precisar destruir algumas das maiores empresas de engenharia do país? 
 
Ou sem atrasar e prejudicar tantos projetos e programas de interesse nacional, colocando no mesmo balaio de gatos gente que se locupletou pessoalmente – gastando acintosamente o dinheiro roubado à nação, em farras, mesmo que familiares,  bo exterior – e funcionários de partidos que obtiveram doações eleitorais registradas, à época, como rigorosamente normais e legais? 
 
Soltando os primeiros e encarcerando os segundos?
 
A Lava Jato pode ter tido, indiretamente, alguma influência positiva, sobretudo na identificação do fato de que não existem corrompidos no setor público se não houver os corruptores no âmbito privado. 
 
Facilitando a aprovação de leis como a que acabou com o financiamento privado de campanha. 
 
Mas o que está ocorrendo é que direita, centro e esquerda estão cometendo o erro primário de não entender que o que se está enfrentando é um grupo de forças que se opõem à própria atividade política, por princípio. 
 
E que ao se digladiarem fora do campo das ideias não estão fazendo mais do que favorecer os inimigos da liberdade, saudosos do autoritarismo, que se aproveitam das falhas normais de um regime – que, como diria Churchill, não é perfeito, mas é o melhor que se conhece – para jogar a população contra a democracia e promover e preparar, diligente e coordenadamente, a chegada do fascismo aos cargos mais altos da República.
 
O processo de impeachment é um golpe jurídico-midiático, mas ele representa apenas um passo, mais uma etapa, para a deflagração de um golpe maior contra a Nação, que levará à derrocada da democracia no Brasil, à aprovação de leis que lembram os nazistas, como a exigência de diploma superior para ministros e presidente, fim do voto obrigatório, volta do escrutínio manual, cassação de registros de partidos políticos, repressão ao trabalho de educadores na sala de aula, criminalização dos movimentos populares e até do comunismo – conforme propostas recentemente encaminhadas à apreciação do Congresso Nacional.
 
Some-se a isso a eventual chegada de um candidato de extrema-direita ao poder (há pelo menos dois sendo promovidos pela imprensa), ou a consolidação de uma massa de votos que seja suficiente para transformá-la na terceira força política do país, capaz de decidir, com o seu peso, o resultado do segundo turno das eleições de 2018. 
E dá para ter uma ideia concreta do que espera a Nação – se não houver urgente correção de rumo – depois da curva.
Redação

23 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1.  
    ATENÇÃO BRASIL DO BEM Mais

     

    ATENÇÃO BRASIL DO BEM Mais uma prova cabal de que José Dirceu, João Vaccari Neto e o casal Santana são presos políticos!E se ‘nois’ não denunciarmos [mais] este crime hediondo contra a [suposta] democracia brasileira e aos Direitos Humanos, a desgraça também se abaterá sobre o [eterno] presidente Lula e, quiçá, sobre a presidenta Dilma Vana Rousseff!ENTENDA mais um capítulo!Capítulo que somente não é pra de lá de kafkiano porque é golpe! *** Acusações contra João Santana são dignas das Organizações Tabajara 03 de Julho de 2016 Eu já estava convencido de que não havia motivo jurídico para João Santana permanecer em prisão preventiva em Curitiba.  Ao conversar, ontem, com um advogado criminalista de peso minha convicção se fortaleceu, pois, ele, que entende de leis e não tem nenhuma simpatia pelo PT foi taxativo: “Esse rapaz não merece continuar preso, não é criminoso, é só um marqueteiro. Não importa se ele recebeu dinheiro no exterior e se foi do Marcelo Odebrecht, ele recebeu pelo seu trabalho, o que não caracteriza propina. Se fosse meu cliente, já estaria em casa”.A peça acusatória contra Santana é uma sucessão de fantasias e de ilações. Os procuradores tentam (…)(…) A necessidade de sua libertação ficou mais evidente nos últimos dias, quando o notório Carlinhos Cachoeira, esse sim, bandido envolvido em inúmeros crimes barra pesada relacionado a propina, corrupção, lavagem de dinheiro foi preso e logo em seguida libertado.Alguém tem que tirar João Santana da cadeia. FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/241809/Acusa%C3%A7%C3%B5es-contra-Jo%C3%A3o-Santana-s%C3%A3o-dignas-das-Organiza%C3%A7%C3%B5es-Tabajara.htm

    1. Messias, o Moro, o MPF e o

      Messias, o Moro, o MPF e o STF, trancaram o JD e não vão soltar até que ele caguete o Lula. Ele só está preso pq estão tentando forçá-lo a dedurar o Lula. Do mesmo jeito que não conhecem Dilma e se estreparam, estão se ferrando com JD. Essa cambada do judiciário se vende por qq $$$ e acreditava que seria assim tb com militantes forjados na luta. Na verdade, o Odebrecht tb está dando uma lição de dignidade na turma sem caráter do MPF e Judiciário.

      Hoje, no twitter foi dia de lutar pela liberdade dele. Todos temos consciência de que está sendo torturado pelo judiciário para entregar um companheiro ( mesmo que com invenções ). Cada mês que passa o judiciário fica menor e JD se agiganta. está resistindo a tortura, pelo Brasil pq o que o judiciário pretende é tirar Lula da jogada pra concluir o golpe e enterrar a nação. Acho melhor desistirem pq caráter não tem preço, não.

  2. O próprio slogan propagado

    O próprio slogan propagado pela esquerda “Fora Temer”, na minha opinião, legitima o presidente provisório.

    É hora de se criar slogans mais criativos, como por exemplo “Dilma nossa presidente”, “Luta pela Democracia”, “Que a democracia vença”, etc. Um slogan que celebre a democracia e legitime os milhões de votos recebidos pela presidenta.

    1. “Volta Dilma” seria o ideal.

      “Volta Dilma” seria o ideal. O problema é que a esquerda é sempre a esquerda e ainda tem gente mais preocupada em não cacifar o PT do que enfrentar o golpe. É bem complicado.

      A prova disso é a inércia dos petroleiros, até agora. Parece que estão dispostoa a entregar a Petrobras pra manter suas quizilas sindicais intactas.

    2. Você está certo. “Fora Temer” é imitação e monstra insciência

       

      Lmstefanini (domingo, 03/07/2016 às 16:52),

      Muito boa observação. “Fora Temer” é imitação do slogan “Fora Dilma” o que revela um tanto de falta de criatividade. Além disso, o slogan demonstra certa ignorância pelo processo de impeachment. Aliás algo que o próprio Michel Temer não desconhece, pois no livro dele “Elementos de Direito Constitucional” ele deixa implícito que o inocente não pode ser condenado e explicita que o culpado pode ser inocentado pelo Congresso Nacional, principalmente pelo Senado Federal.

      Então dizer “Fora Temer” é desconhecer que o slogan é destinado ao fracasso e revela apenas o pensamento daqueles que não conseguem perceber que mesmo que culpado Michel Temer possui conhecimento suficiente do Senado Federal para poder em qualquer situação contar com o apoio de mais de um terço dos senadores para impedir o impeachment. Aliás, o grande perigo de Michel Temer é contar com força suficiente para implementar reformas que significam retrocesso na democracia por contar com o apoio de mais de dois terços da Câmara ou do Senado.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 03/07/2016

  3. ‘As mídia’ e a Mídia
    Desde Lula 2006, o embate tem sido: quão grande a internet é, de fato. Quanta opinião, informação e disseminação, quanta influência consegue realizar. Basta dizer que um insuspeito, do quilate do Mino Carta, ficou justamente para trás… Achando que a formalidade ( nome, CPF e RG de quem publica opinião na internet é condição e premissa; isto, como elementos de veracidade e de aceitação ) é o nome ou a rigorosa condição da compreensão ( ou manuseio desta parcela de opinião ) da internet. A última da Carta Capital, antes ou pouco depois de ser vendida, constou que o internauta era um mitômano recalcado, frustrdo, infeliz e triste…Por aí.

    Isto, pontue-se – o Mino, cuja história e biografia de leitura dia fatos nem pode ser acusada de inexata…

    Porque citar isto? De 2006 pra cá a aposta da mídia mainstream tem sido primeiro duvidar (2006 ), depois suspeitar estar diante de um gigantesco adversário (2010). Agora, recente, bater de frente, com força total, contra ele (2014).

    Ouso dizer duas simples e audaciosas coisas. O silêncio da mídia alternativa que está em ‘temperatura de cruzeiro’ apenas aguardando o desfecho do golpe. Segundo – nem confia nem se estriba em Dilma no planalto como simples solução, depois deste biênio fatídico: 2015-2016.

    1. Imaginei a internet criando milhões de I F Stone mas me frustrei

       

      Noctivagovago (domingo, 03/07/2016 às 17:54),

      Há mais tempo imaginava que iriam brotar na internet milhões I. F Stone com o jornal dele semanal, mas vejo com grande frustação o que está ocorrendo. Embora não seja economistas frequento muitos blogs de economia e vejo que cada um deles se torna uma espécie de ninho das mesmas aves.

      Esse assunto eu discuti recentemente em comentário que enviei terça-feira, 28/06/2016 às 23:18, para João de Paiva junto a comentário dele enviado segunda-feira, 27/06/2016 às 23:36, lá no post “O que os leitores querem: um jornalismo isento ou um espelho daquilo que pensam?” de segunda-feira, 27/06/2016 às 22:03, aqui no blog de Luis Nassif contendo artigo de Alexandre Marini intitulado “Isenção ou identificação?”. O post “O que os leitores querem: um jornalismo isento ou um espelho daquilo que pensam?” pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-que-os-leitores-querem-um-jornalismo-isento-ou-um-espelho-daquilo-que-pensam

      A tendência de os blogs tornarem-se nichos de um pensamento único já havia sido discutido no artigo “Notícias sobre a internet” de autoria de Michael Massing e foi publicado segunda-feira, 31/08/2009, na edição 552 do Observatório da Imprensa. O artigo “Notícias sobre a internet” pode ser visto no seguinte endereço:

      http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/noticias_sobre_a_internet

      E há também o problema que o sociólogo francês Dominique Wolton identificou e que se pode ver na entrevista que ele concedera a Marcos Flaminio Peres do jornal Folha de S. Paulo e que fora publicada com o tíutlo “Solidão no Facebook”, e que se transformou no post “A solidão disfarçada das redes sociais” de quarta-feira, 07/01/2015 às 14:35, aqui no blog de Luis Nassif e originado de sugestão de Nickname, sendo que o post pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/a-solidao-disfarcada-das-redes-sociais

      Agora no caso de Mino Carta, eu considero que houve apenas um extravasamento dessa frustação que deve ter apossado dele em muito maior grau tendo em vista a qualidade dos comentários que iam para junto dos posts dele, principalmente quando comparado com a beleza e o cuidado que ele tem com os textos dele. E de certo modo ele expressou um tanto de verdade, pois não é algo normal determinados comentários que aparecem na internet.

      É claro que não faz sentido a reação dele diante da falta de senso de certos comentários, até porque não é o CPF que vai impedir alguém na internet de se esconder, mas a facilidade como alguns se manifesta de modo crítico com amparo em um pseudônimo deve ser frustrante para alguém como Mino Carta, que escreve muito bem e se esmera na construção dos textos dele, ver que quem se interessou pelo artigo dele ao ponto de enviar um comentário não parece ter muita coisa ou pouca coisa boa na cabeça.

      Referi-me no inicio a I. F. Stone e volto a ele para uma observação final I. F. Stone poderia até ser um pseudônimo e até que soa bem se ele fosse aportuguesado para algo próximo de Doido de pedra. E nada impediria que dele viessem bons comentários, artigos ou posts, como o seu comentário que mesmo sendo de um pseudônimo deixa transparecer boa qualidade. Agora imagine alguém se intitulado de “Eu como pedra” e lascando comentários despreciativos e totalmente sem propósitos? Se tivesse uma espécie de máquina capaz de separar o joio do trigo não haveria problema, mas não é o caso e quem quer manter um blog limpos acabaria tendo mais trabalho em limpar do que em escrever o texto.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 03/07/2016

      1. Belo comentário. Excelente pontuação
        Informo da seguinte maneira:

        1. O monopólio da veracidade, dentro da notícia, cedeu enormemente. Nassif é quem tem boas explanações sobre isto…

        2. Carta Capital, assim como a inesquecível ‘Senhor’ (anos 80 ) tinha um texto arejado.

        3. O desprezo por quem – mesmo dono de arejadas idéias ou mesmo textos – não veja: a qualidade das idéias nada tem a ver com notoriedade, ou identificação física do autor destas, em ambiente web.

        4. Se este é um mundo novo, com o monopólio do conteúdo veraz de pernas pro ar, cabe ao Jornalista ou Jornalismo se repensar.

        5. Nassif, genial, já fazia conteúdo com seu portal LN e explodiu em qualidade com o hoje GGN. Obrigatório e diário.Em apenas cerca de dois anos…

        6. Atiçar a. falta do vernáculo formal b. presença (até) de agressividade no texto c. falta de identificação formal do autor como vetores que a priori desqualificariam a qualidade do conteúdo passa por não ter aprendido nada com o fenômeno…

        7. A desqualificação ( do solitário enrustido, webdescompesado ) pela Carta Capital existiu de fato. Consistia em dois estudos acadêmicos sustentando uma ‘reportagem’. Um, de onze meses antes (seguramente notícia, stricto sensu, não era ). A outra, uma base de dados de análise era oriunda uma comunidade universitária fechada. Viciosa, portanto. Estatisticamente a qualidade, a amostragem e os dados dela, que permitiam a ‘ inferência jornalística’ eram risíveis…

        8. Protestei ( era cadastrado ); a revista já se encontrava vendida e retiraram / podaram minha opinião…

        Abraço

  4. Reflexões inevitáveis

    ELIO GASPARI

    Dilma Rousseff disse que “o erro mais óbvio que cometi foi a aliança que fiz para levar a Presidência nesse segundo mandato com uma pessoa que explicitamente, diante do país inteiro, tomou atitudes de traição e usurpação”. A doutora não gosta de reconhecer seus erros e é possível que essa frase seja mais um pretexto para falar mal de Michel Temer do que uma reflexão sobre sua ruína.

    A aliança com o PMDB não foi um erro, foi o acerto que permitiu sua reeleição. Sem Temer na Vice-Presidência ela não ficaria de pé. Não foi Temer quem fritou Dilma, foram ela e o comissariado petista que tentaram fritar o PMDB.

    ………………………………………………………………………………………………………………..

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2016/07/1788049-o-autoengano-de-dilma-rousseff.shtml

  5. Democracia

    Infelizmente, jornalista Mauro Santayana, o povo não tem a menor noção do que o espera. Estes assuntos não saem na mídia oficial e o povo, com algumas excessões não usa a internet.Eu fui educada em outra época, quando havia festas cívicas nas escolas, hasteamento de bandeira, cantava-se o Hino Nacional antes de se entrar nas salas de aula.Por esta razão entendo o mal que poderá vir, mas tudo isto acabou e Lula e Dilma, a meu ver, não viram que no fim o que se propunha era terminar com o amor a pátria, o estudo da história, de conhecermos nossos heróis, de cultuarmos os livros, etc…O povo até agora não respondeu aos apelos desta garotada que está nas ruas que é politizada, gosta e entende de política. Como sou de uma geração acima deles, tenho pena dos esforços que eles fazem pela volta da democracia, pelo fim das injustiças,pelo fim da hipocrisia.Eu já vi este filome em 64. E se o impeachment passar pode não haver eleições em 2018. Alguém dá um golpe para entregar o poder a outro?

  6.  
    O “mico” de Fernando

     

    O “mico” de Fernando Henrique na Al Jazeera, agora legendado. E vergonhoso…

    POR FERNANDO BRITO · 03/07/2016

    A boa alma do Marco Villas Boas conseguiu e colocou em seu canal do Youtube uma versão com legendas em português da vergonhosa entrevista de Fernando Henrique Cardoso ao programa Up Front, da qual falei em post anterior, com cópia apenas em inglês. Assista e veja se não é exatamente o que se descreveu. Para abrir a legenda, clique na engrenagem e escolha “Português”. É imperdível.
    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.tijolaco.com.br/blog/o-mico-de-fernando-henrique-na-al-jazeera-agora-legendado-vergonhoso/

     

    O VÍDEO

     

    https://www.youtube.com/watch?v=m-GzaMDdHi0

  7. Como a esquerda deve enfrentar o golpe

    É por aí mesmo.

    Faz muito, Mauro pontifica 2013, que o PT deixou de fazer política fora do partido. O silêncio de Dilma e seus ministros ante os ataques continuados deixaram o palco livre para as manipulaçóes e mentiras da mídia.

    Os vários erros havidos nos governos Lula/Dilma criaram o monstro que agora os devora.

    Não tivemos a politização dos grandes avanços havidos, o contraditório foi abandonado ficando as versões oportunistas como verdade já que não contestadas.

    O PT tem sim que calçar as sandálias da humildade e ir ao encontro dos demais partidos do campo ideológico para a fixação de plataformas mínimas visando as manifestações públicas.  Pedidos de desculpas e quejandos não vem ao caso, diria um certo curitibano. O que deve haver é o reconhecimento de que erros houveram e uma correção de modo de governar.

    O povo deve ser chamado a se manifestar sobre os problemas nacionais e devidamente informados do que se pretende para o desenvolvimento do país. Igualmente deve haver  o “bateu levou” de forma a não deixar sem resposta o noticiário tendencioso quando não eivado de mentiras apresentado pelo que se chama grande mídia.

    A união das forças do campo progressista em torno de pontos comuns possibilitará a manifestação coerente de todas as lideranças.

    Lembrando sempre que o campo oposto está sempre unido em torno dos cofres públicos e de políicas que nos levem ao atraso colonial e democracia para poucos.

  8. Admiro Mauro Santayana, mas ele erra sobre o Lava Jato

     

    Jornal GGN,

    Gosto muito do Mauro Santayana como mostram os meus comentários para o post “A Revolução de 32, por Mauro Santayana” de quarta-feira, 11/07/2012 às 11:56, aqui no blog de Luis Nassif, e oriundo de comentário de Gabriel Ciríaco Lira que transcreveu do Jornal do Brasil o artigo “A frustrada desforra paulista e o desenvolvimento do Brasil” dele, Mauro Santayana. E depois, quando de dois comentários de Carlos Cunha no post “A Revolução de 32, por Mauro Santayana” foram transformados no post “A elite cafeeira na industrialização paulista” de quarta-feira, 11/07/2012 às 20:08, eu mantive fazendo a defesa dos argumentos de Mauro Santayana em criticar a insurreição paulista de 32.

    Houve dois pontos entretanto, neste post “Como a esquerda deve enfrentar o golpe, por Mauro Santayana” de domingo, 03/07/2016 às 15:57, aqui no blog de Luis Nassif, em que eu discordo dele.

    O primeiro não chega a ser uma discordância, mas um lamento pela falta de referência. Não houve por parte de Mauro Santayana a acusação de que o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff é um golpe paulista que parece ser uma espécie de vingança contra o fato de o golpe de 30 ter-se transformado em Revolução de 30 e pelo insucesso da insurreição de 32.

    E eu não esperaria essa omissão de Mauro Santayana. Talvez ele não quisesse dar o braço a torcer pelo que dissera antes no artigo “A frustrada desforra paulista e o desenvolvimento do Brasil”. Com o impeachment patrocinado por São Paulo a desforra paulista deixou de ser frustação para virar sucesso.

    E o outro ponto de que discordo no artigo de Mauro Santayana é dar muita importância aos efeitos da Operação Lava Jato na economia brasileira e considerar que se esteja enfrentado “um grupo de forças que se opõem à própria atividade política, por princípio”.

    A mim me parece que o grupo que desenvolve a operação Lava Jato tem uma compreensão primária da atividade política, mas os inimigos reais da democracia estão mais do lado de fora da operação Lava Jato do que do lado de dentro. Um Paulo Skaf é muito mais perigoso do que todos os procuradores da República engajados na operação Lava Jato.

    A crise da economia brasileira em meu entendimento decorreu de outras causas que precisam ser mais bem estudadas. No caso da Petrobras realmente houve redução dos investimentos e essa redução impactou negativamente o PIB. Há, entretanto, que observar que a redução de investimentos por parte da Petrobras é em muito decorrente do alto endividamento em dólar da empresa, da desvalorização do real e da queda do preço do petróleo.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 03/07/2016

     

  9. Concordo com isso. E com as

    Concordo com isso. E com as ideias, com a política de fato que se vence. Existe muita gente com valores progressistas, tem isso no coração e na mente, só não dão um nome a isso. Não são “esquerda”, não são “petistas”, não são nada no sentido nominativo da palavra, são só pessoas com esses sentimentos e valores, e esses deveriam estar ao nosso lado e seguindo uma linha de ação. Temos que retomar imediatamente o espaço da política e mostrar, sem vacilos, os progressos dos últimos anos e porque temos que mantê-los e aprimorá-los. Se ficar se desviando e ficando com coisas do tipo “o PT errou, mas…”, não vamos a lugar nenhum.

    O que a história vai reservar ao PT é o de um partido que chegou ao poder, fez muito mais pelo povo do que em 500 anos foi feito e que sofreu uma campanha de ódio e, posteriormente, um golpe. É simples assim. Por que não realizar a mesma narrativa, que é a historicamente correta? Não precisa ser em relação ao PT especificamente, mas ao processo que ele iniciou, que é um embrião de sociedade de bem-estar social, que temos capacidade de ter (economia grande, potencial, povo solidário etc).

    As pessoas estão cansadas de papo sobre política. E, ironicamente, eles fora desse papo estão mais próximos da política. Querem ouvir ideias, coisas produtivas, debates qualificados e cheios de paixão. Isso inexiste no momento. A impressão para quem está de fora é daquela coisa chata quando irmãos brigam. Ninguém aguenta mais ouvir PT isso, PSDB aquilo, PMDB aquele outro. E sem essas pessoas, pessoas comuns e trabalhadoras, jovens, mulheres e muitos outros, não vamos conseguir nada. É eles quem precisam lutar junto com a gente.

    Outro dia falei sobre isso, sobre como estamos só falando de Lava Jato, de delações e de prisões, e não estamos falando de Brasil, de futuro, de juventude, dos nossos desejos, anseios e pretensões. Há uma carência imensa por esse tipo de debate. A direita não tem nada a propor nele, porque está vazia, precisa agir por meio de subterfúgios e artimanhas. Precisa dar o golpe. Precisamos rapidamente levar as pessoas para as ruas sob esses valores, principalmente por palavras de ordem que envolvam a democracia, porque é ela que está em jogo. Precisamos criar essa narrativa. 

  10. A esquerda errou e agora deve começar do zero.

    Primeiramente é mudar o discurso econômico e desvencilhar do socialismo/comunismo. O objetivo é levar o Brasil ao Capitalismo.

    1. Não sabia que somos um país

      Não sabia que somos um país feudal. Porque isso aqui é qualquer coisa menos socialismo ou comunismo. Vai ser burro assim em outra freguesia!

  11. Concordo

    Não adianta manifestar a indignação como se o Judiciário esta mais de 50% de rabo preso com Golpistas.

    Não sei se é possivel elaborar uma fórmula,  ou política para que se faça justiça pura e simples.

    As mudancas podem vir através de transformações sociais, e as últimas manifestações da esquerda,  apesar da força,  deixou os conservadores do judiciário mais retraídos,  e polarizados.

    Esse comportamento é sinal de medo, zdiante de ameaça de revolta popular, diante das prisões e liberdades seletivas malucas que vem se promovendo.

    A direita aparentemente satisfeita com o golpe, vai rachando com a ruindade de Temer.  Quem votou no Aecio, que tem lado mais liberal, não está vendo vantagens e é provável que parte desses queiram a volta da normalidade democrática,  quando que com Dilma havia crise econômica pela sabotagem, e agora com o golpista no poder, o retrocesso e corrupção é bem pior.

    A injustiça do Golpe,  é rebaixada a mera opinião pelo PiG,  pela oposição e por Gilmarginal Mendes.

    Uma ausência que tenho notado é dia servidores públicos que assumem suas posições democraticas contra o golpe. 

    Os que tem posições,  são os golpisras fascistas da pf, do mp, do stf…justamente os opressores.

    Como enfrentar os opressores?

    Os blogs por anos vem desmascarando a midia golpista e o papel imundo que ela faz. Também faz parte desse caminho errado ou ineficiência? 

    Não creio.

    As maneiras de consolidar a democracia é que estão. 

    Precisamos ser mais criativos em lidar com adversários políticos,  e não considera-los como inimigo. Talvez a carta aberta  que a Presidenta está para divulgar possa abordar uma anistia politica, um pulo da esquerda para o centro, que possa trazer, para o centro os pré-dispostos a ajudar a volta da normalidade democratica.

    Pois o PMDB foi direto para a extrema direita. 

     

     

     

  12. A matéria em questão.

    Sr. Mauro Santyana,

    estou de acordo com sua análise da situaçao e chegam a ser infantis as reaçoes postadas diariamente em internet, respeito a operaçao lava a jato, por exemplo; quando atinge a um lado é vaiada e quando atinge ao outro, aplaudida.

    A ausencia de uma análise global, de um discurso de estado acorde com a situaçao e uma estrategia unificada de luta, também é flagrante. Mas entao, eu pergunto: quais seriam as sujestoes para esta correçao de rumo? Para que esta revolta, causada por um ataque flagrante à democracia brasileira, se transforme em uma luta coesa e abrangente, por parte da esquerda brasileira (restante)? Porque a meu ver, (por isto digo, restante) o grande erro já foi cometido pelo proprio PT, que nunca soube avaliar a autêntica importância histórica da sua chegada ao poder, e ter se distanciado de suas bases. Se hoje tivéssemos cinquenta milhoes de brasileiros nas cidades e nos campos, com um pedaço de pau na mao, dispostos a defender o governo, em vez de estudantes e setores de esquerda da classe média, queria ver se essa gente (quem quer que sejam) se animariam a articular um golpe.

    Delculpa-me a falta dos tiles. Escrevo desde a Espanha e o meu teclado nao tem til.

    Atentamente.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador