
Nassif, amigas/os, importante e inedito estudo sobre o Bioma Amazônia.
Abraços, Gustavo.
http://www.agenciaaids.com.br/clipping/aids_17112011.htm#_Toc309276796
VALOR ECONÔMICO -SP | INTERNACIONAL
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS
17/11/2011
Amazônia é sempre região carente, não importa o país
Por Daniela Chiaretti | De São Paulo
Não importa em qual dos nove países esteja, a região amazônica compartilha os mesmos problemas. No geral, os indicadores sociais da Amazônia estão sempre abaixo das médias nacionais e revelam defasagens crônicas. O analfabetismo está acima do limite que a Unesco define como crítico, a desnutrição atinge um quarto das crianças e a incidência de TUBERCULOSE no Peru e na Bolívia é a mais alta do mundo. Na Amazônia, as dificuldades são comuns e invadem fronteiras.
Esses dados fazem parte do primeiro grande diagnóstico da região já produzido. Trata-se do estudo “A Amazônia e os Objetivos do Milênio”, elaborado por oito ONGs da América Latina e lançado ontem à noite, em Belém, durante o seminário “Cenários e Perspectivas da Pan-Amazônia”, realizado pelo Fórum Amazônia Sustentável, articulação brasileira de populações ribeirinhas, indígenas e urbanas, além de empresas e sindicatos. O seminário também é realizado pela Articulação Regional da Amazônia (ARA), associação de 40 ONGs da América Latina. Pesquisadores de oito entidades fizeram o diagnóstico amazônico com patrocínio das fundações Avina e Skoll.
Na Amazônia, distribuídas pelos nove países, moram mais de 34 milhões de pessoas, diz o estudo. Há 375 povos indígenas. Essas pessoas vivem em uma área de quase 7,8 milhões de km2 ou 44% da América do Sul. O Brasil tem 64,3 % da região, seguido pelo Peru (10,1%) e Colômbia (6,2%).
O PIB per capita é de US$ 5.507 ao ano. O da Amazônia brasileira bate em US$ 6.128. A Bolívia tem a renda mais baixa. A mais alta é a da Guiana francesa, com mais de US$ 18 mil, mas esse dado é distorcido pelos gastos com a base europeia de lançamento de foguetes. É na Amazônia venezuelana que está o PIB per capita mais alto da região toda – US$ 9.259.
“Trabalho na Amazônia há 26 anos”, diz Adalberto Veríssimo, pesquisador-sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), um dos mais respeitados centros de pesquisa da floresta. “Nunca vi um relatório publicado sobre a região com esse tipo de abrangência.”
A afirmação pode soar cabotina – o Imazon é um dos autores do estudo e assina os dados do Brasil -, mas a carência de informações sobre a Amazônia, principalmente quando se sai do Brasil, é desoladora. “Quando se cruza a fronteira”, continua ele, “a Amazônia é uma grande desconhecida.”
O trabalho rastreou os parâmetros criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000 para orientar investimentos e melhoras nas condições socioeconômicas dos países em saúde, educação, renda e condições de vida, com foco em 2015. São os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, conhecidos por ODM. Entre as nove metas avaliadas, apenas uma foi alcançada entre todos os países – a que diz que é preciso eliminar as diferenças entre os sexos na educação. A maioria dos indicadores melhorou, da década de 90 a hoje. Mas são melhoras tímidas.
Em alguns países, a desnutrição atinge um quarto da população infantil e a vulnerabilidade é maior para os povos indígenas. As maiores taxas encontram-se no Peru (24%) e na Bolívia (21%).
O analfabetismo na Amazônia está acima do limite internacionalmente considerado crítico, que é de 5%. Na Amazônia brasileira, é mais do que o dobro (11%) e na boliviana, 17%. É naquela região da Bolívia, também, que a mortalidade infantil é mais alta do que a das regiões mais pobres do mundo (73 casos por mil nascidos vivos). A menor taxa nesse quesito, entre os nove países da região, é a da Guiana Francesa, com 10 casos por mil. Só a Venezuela conseguiu diminuir o índice em dois terços em relação a 1990, como está na meta da ONU. Mas ali há contradições – entre os índios venezuelanos, a mortalidade infantil é dez vezes maior que a média do país.
O desmatamento aumentou em todos os países, à exceção do Brasil. A região sofre com pobreza, desigualdade de renda e problemas graves de saúde, como malária e TUBERCULOSE. As mulheres têm pouca participação na política. A taxa de mortalidade materna aumentou. Na região que tem mais recursos hídricos do mundo, o acesso à água potável e o saneamento básico é precário. “Conhecer melhor a Amazônia é estratégico”, diz Veríssimo. “Temos que entender as pressões que estão em curso na região, as oportunidades e trocar experiências.”
PARA BAIXAR O ESTUDO:
http://www.imazon.org.br/publicacoes/livros/a-amazonia-e-os-objetivos-do-milenio-2010
A Amazônia e os Objetivos do Milênio 2010
Celentano, D. & Santos, D & Veríssimo, A. 2010. Amazônia e Os Objetivos do Milênio 2010. Série O Estado da Amazônia: Indicadores. 85 p.
Ações do documento
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela ONU no ano 2000 propõem metas e indicadores para medir e orientar melhorias nas condições socioeconômicas (pobreza, educação, saúde, desigualdade entre os gêneros, mortalidade infantil e materna) e ambientais em regiões pobres e em desenvolvimento do mundo. Neste O Estado da Amazônia, analisamos a evolução desses objetivos no contexto da Amazônia Legal até 2009. em relação às metas propostas para 2015 através de 25 indicadores.
Na Amazônia houve progressos no que se refere à maioria dos indicadores analisados se compararmos a situação em 2009 à de 1990. Entretanto, em geral, essa melhoria ainda é insatisfatória, e a região está abaixo da média nacional. A situação da região é crítica no caso da pobreza, da incidência de malária, Aids, mortalidade materna e do saneamento básico. Os avanços foram tímidos na busca da igualdade entre os gêneros. As mulheres têm pouca participação na política e são desfavorecidas no mercado de trabalho.
Além disso, a região tem altos índices de violência. Há disparidade dos indicadores entre as zonas urbanas e rurais, e os povos indígenas e demais populações tradicionais enfrentam grandes desafi os para assegurarem seu bem-estar.
Por outro lado, o acesso à educação aumentou (contudo, melhorar a qualidade ainda é um desafi o), não houve desigualdade entre os sexos no acesso à escola e houve queda na mortalidade infantil (embora há fortes indícios de sub-registros nas estatísticas ofi ciais). A região avançou consideravelmente na criação de Áreas Protegidas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação), que passou de pouco mais de 8% em 1990, para cerca de 44% em 2010.
Além disso, o desmatamento caiu expressivamente nos últimos anos registrando em 2010 a menor taxa da história. Entre as 15 metas avaliadas neste estudo, apenas uma foi atingida na região (eliminar desigualdade entre os sexos na educação infantil). Se esse ritmo lento de melhoria for mantido, apenas outras duas metas poderão ser alcançadas até 2015: garantir o acesso à educação fundamental e inverter a perda de recursos ambientais (medido pela redução do desmatamento e aumento das Áreas Protegidas).
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Baixe também a publicação dividida em capítulos
Apresentação
Erradicar a pobreza
Atingir o ensino básico
Promover a igualdade entre os sexos
Reduzir a mortalidade infantil
Os povos indígenas e os ODM
Melhorar a saúde materna
AIDS, malária e outras doenças
A paz
Garantir a sustentabilidade
Estabelecer parceria mundial

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