Áudio sobre morte de Marielle isenta miliciano ligado aos Bolsonaro

Além de isentar Adriano Nóbrega, a gravação atribui responsabilidade pela encomenda do crime a um adversário político do vereador apontado como suspeito

Jornal GGN – O UOL divulgou neste domingo (27) o teor de uma gravação que aponta 3 executores pela morte de Marielle Franco e um ex-deputado como mentor do crime que ocorreu em março de 2018. O áudio da conversa indica ainda que o miliciano Adriano Nóbrega, ligado a Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, não teria nenhuma participação na execução da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes.

De acordo com o UOL, o áudio é uma conversa entre o miliciano Jorge Moreth e o vereador Marcello Sicilliano, do PHS. Os dois decidiram conversar abertamente sobre quem mantou Marielle em fevereiro passado, quase um ano depois da morte da militante. A ligação ficou gravada no celular do vereador, e foi descoberta quando seu aparelho foi apreendido.

Na conversa, Moreth diz que o mentor do assassinato é o ex-deputado pelo MDB e conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão, que teria pago R$ 500 mil pelo “serviço”.

Brazão é adversário político do vereador do PHS.

Moreth é um dos chefes da milícia que atua em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, mesma região de Adriano Nóbrega, que tinha esposa e mãe empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro por cerca de uma década, com ajuda de Fabrício Queiroz, o ex-assessor investigado por esquema de rachadinha.

Adriano também era suspeito de ter participado da execução de Marielle.

“Só que o Sr. Brazão veio aqui fazer um pedido para um dos nossos aqui, que fez contato com o pessoal do Escritório do Crime, fora do Adriano, sem consentimento do Adriano. Os moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e tacaram fogo nela [Marielle]”, afirma Moreth no áudio.

Moreth diz na gravação que foram 3 integrantes do Escritório do Crime responsáveis pela execução de Marielle e Anderson: Leonardo Gouveia da Silva, o Mad, Leonardo Luccas Pereira, o Leléo, e Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho. O trio teve apoio do major da Polícia Militar (PM) Ronald Paulo Alves Pereira.

Semanas depois dessa ligação, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) prenderam outros milicianos pela morte de Marielle: Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, também apontados como integrantes do Escritório do Crime, braço armado da milícia de Rio das Pedras.

Eles estão presos desde março e negam participação no caso. Já Adriano, ligado aos Bolsonaro, está foragido.

Redação

10 Comentários

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  1. Aintenção do áudio parece ser essa mesma. O diálogo parece que foi ensaiado para ser gravado. Um ano depois do assassinato, caras que usam o celular em modo avião para não serem rastreados… Só faltou a alerta “atenção, gravando”. ..As procuradoras foram sutis e cuidadosas, não falam “mandante”, mas “arquitetou”. Arquiteto trabalha por encomenda, sabemos. Além do mais, a gravação sugere a “inocência” de alguns dos matadores da milícia…A imprensa poderia explorar o fato do governo Bolsonaro ter concedido passaporte diplomático para João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ) irmão de Domingos Brazão. Foi em julho desse ano. Mais uma coincidência, claro.

  2. “… veio aqui fazer um pedido para um dos nossos aqui, que fez contato com o pessoal do Escritório do Crime, fora do Adriano, sem consentimento do Adriano”.

    Então tá!

  3. A morte de Marielle é o Brasil. É a Velha Política. É o Estado Ditatorial Assassino Esquerdopata Fascista destas 9 décadas. Mostra a quantidade e tamanho de interesses que estavam por trás da sua eliminação. Mostra o quanto de pessoas, ideologias, políticos, partidos, que apertaram o gatilho. Mostra que muitos que se diziam parceiros, na verdade, se interessavam por tal desfecho. Mostram que a narrativa a respeito do crime se tornou maior até que o crime. Todos querem vencer, sobre o caixão de uma simples vereadora. Sua vida e sua morte, viraram ‘apenas’ batalha política O ponto de equilíbrio na luta pelo poder estão nesta narrativa. Mas a Verdade ainda não foi escrachada. E a Verdade é Libertadora. O Estado Brasileiro matou esta moça. Assim como havia assassinada a Juíza Patricia Accioly. Como disse o Ministro da Justiça do Governo Temer: ‘O Crime Organizado do RJ é atividade patrocinada e comandada do Gabinete do Governador e mais 3 ou 4 Congressistas’. Quem queremos Nos enganar? O buraco é muito mais embaixo e a podridão absurda. Redemocracia? Somente na Pátria da Surrealidade e da Aberração. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

  4. Que papinho de aranha, essa conversa gravada.

    A morte de Marielle precisa ser esclarecida o mais rápido possível, não resta dúvida. Mas o que tem de esquema pra esconder os verdadeiros mandantes… Nossa.

  5. Primeiro “some” o video q identifica os atiradores…agora surgem “provas” incriminando outros “responsáveis” …. ESTRANHO !!

  6. Sei não, parece até que o distracionismo histórico sobre o caso está recebendo mais alguns graus de liberdade. A gravação incriminadora só faltou revelar o RG dos responsáveis. Em face dos antecedentes do caso, é bom ficar de olho para ver se esse angú não tem o famoso caroço “isca de polícia”.

  7. Esse crime tem reviravoltas que não acontecem nem em filmes…
    impressão que fica com a leitura dessa investigação é a de que qualquer um dos envolvidos quer matar Marielle mais uma vez.

    e quantos já conseguiram matá-la mais uma vez? todos eles

    se considerarmos as participações ou declarações de alguns após o ocorrido, podemos dizer que trata-se de uma verdadeira gangue ministerial, policial, miliciana, enfim, governamental

    É este o Brasil que temos hoje. Quem mandou matar Marielle foi o Brasil

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