Mesmo com a intensa propaganda com promessas de descontos atrativos, a Black Friday não atingiu o faturamento esperado pelo varejo pelo segundo ano consecutivo. Em vez de R$ 6,9 bilhões em vendas que seriam realizadas entre sexta (24) e sábado (25), o e-commerce brasileiro registrou R$ 4,5 bilhões de faturamento, de acordo com a Hora a Hora, empresa de inteligência de dados.
O resultado, porém, superou o volume de vendas em 2022, quando o varejo registrou R$ 3,1 bilhão de faturamento, e quase se igualou aos R$ 4,7 bilhões em transações realizadas na edição de 2021.
De acordo com a projeção da Mosaico, empresa dona do Buscapé e Zoom, conhecidas por comparar preços, a Black Friday tem potencial de fazer com que o varejo consiga faturar em um final de semana o que ele venderia em um mês.
No entanto, este ano o resultado da data foi a metade do que deveria ser, até pela escassez de ofertas tão tentadoras em comparação às edições anteriores.
Preços mais altos
Outra justificativa para o fracasso da Black Friday 2023 é o preço inflado das ofertas. De acordo com a pesquisa da BigDataCorp, em vez de descontos, o consumidor se deparou com um aumento médio de 3% do valor dos produtos.
A empresa constatou ainda a prática de elevar o preço dos produtos entre outubro e novembro, a fim de criar no cliente final a ilusão de grandes descontos.
Entre os 9 milhões de produtos monitorados pela BigDataCorp desde outubro, não houve desconto real na Black Friday. “Pelo contrário, vimos um aumento de preços. Isso não significa que não existam ofertas, mas é uma informação a se considerar”, afirmou o presidente da empresa, Thoran Rodrigues.
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A Black Friday essencialmente é um acerto entre a indústria e o comércio. Isso seria dentro de um cenário atípico, em que há uma anormalidade ocasional nessas atividades. A falta de normalidade no caso do Brasil é em toda a economia. Que cresce pouco e por isso restringe a renda geral em meio à sociedade. Sem o necessário crescimento das partes envolvidas no conjunto econômico, a fome comum a todos mata os prováveis descontos e assim acaba frustrando as expectativas. Para acabar com essas decepções o País precisa de crescimento econômico, ou seja, fazer o conjunto todo expandir.
Três condutas muito presentes na Black Fraude desse ano:
– Estoques pequenos ou inexistentes dos itens promocionais. Você coloca no carrinho, olha mais alguma coisa na loja para aproveitar o frete ou a ocasião e, quando vai fechar o pedido, aparecem “erros de sistema” variados, impedindo a conclusão da compra. Tire o item “isca” e os erros somem, assim sua compra fica apenas com os itens de preço normal. Alguma regulamentação é necessária: divulgação clara do estoque promocional (com evidência, como nota da fábrica), garantia de compra para quem coloca mercadoria no carrinho e conclui a compra dentro de certo prazo (30 minutos, por exemplo);
– Aumento de preços prévio para criar uma falsa queda, como mencionado na reportagem. É o efeito escorregador: vai subindo uma escada, para no dia ou semana da BF retornar rapidamente para onde estava. Os mencionados sites comparadores, que mantêm histórico de preços, ajudam a desmascarar esse tipo de picaretagem;
– Alarde marqueteiro sem lastro, anunciando promoções, ofertas, etc. onde não há, enganando os incautos que estão por fora do histórico do preço – quanto mais bombástico o marketing, mais pessoas caem na armadilha e compram por impulso. Com a proliferação de links promocionais, cupons, cashbacks, etc., às vezes a “promoção” depende ainda desses artifícios, que nem sempre funcionam, ou não são honrados, ou possuem pegadinhas. Gasta-se um grande tempo nessa brincadeira idiota, uma compra “gamificada”, para no fim se receber um Game Over e sair de mãos abanando…