Bloco pró-democracia obtém vitória esmagadora em Hong Kong

Resultado de eleição municipal marca revés para governo pró-Pequim e confirma força das manifestações no território. Chefe do Executivo local diz que vai ouvir "com humildade" a mensagem dos eleitores

Do DW Brasil

Os democratas de Hong Kong obtiveram vitórias esmagadoras nas eleições para para a formação dos conselhos distritais deste domingo (24/11), consideradas um termômetro para medir o apoio ao movimento pró-democracia e a popularidade do governo local.

O resultado aumenta pressão sobre a administração pró-Pequim do território semiautônomo da China, onde as manifestações em prol da democracia chegam ao sexto mês.

Segundo a emissora local RTHK, os candidatos pró-democracia conquistaram quase 90% dos 452 assentos nos 18 conselhos distritais, órgãos historicamente alinhados com o governo central em Pequim. O fim de semana de votação foi marcado pela diminuição na intensidade dos protestos, após os líderes do movimento pedirem calma aos manifestantes. Ao todo, o bloco pró-democracia, que defende mais autonomia para o território, levou 351 dos 452 assentos que estavam sendo disputados.

O resultado da primeira votação realizada desde o início dos protestos significa uma amarga derrota para a chefe de governo em Hong Kong, Carrie Lam, que havia rejeitado repetidas vezes o clamor popular por reformas políticas ao afirmar que a “maioria silenciosa” no território apoiava sua administração e rejeitava o movimento pró-democracia.

Em comunicado, Lam prometeu respeitar o resultado das urnas. “Há várias análises e interpretações na comunidade em relação aos resultados, sendo que muitos são da opinião de que refletem o descontentamento das pessoas com a situação atual e com os problemas enraizados em nossa sociedade”, afirmou. Ela disse que o governo iria “ouvir humildemente as opiniões dos membros da população e refletir com seriedade”.

A votação foi encerrada sem grandes distúrbios, na cidade de 7,4 milhões de habitantes. Quase 3 milhões de pessoas votaram, registrando um recorde de participação, com índice de 71% comparecimento às urnas.

“Esse é o poder da democracia. Isso foi um tsunami democrático”, comemorou Tommy Cheung, um ex-líder estudantil que conquistou um assento no distrito de Yuen Long. Nas eleições anteriores, há quatro anos, os democratas conquistaram apenas 100 vagas nos conselhos distritais.

Além de controlar parte dos gastos do território, os conselhos distritais têm poder de decidir sobre uma variedade de questões, como os transportes, e servem como plataforma para influenciar a política local e a opinião pública.

Jimmy Sham, líder da Frente Civil de Direitos Humanos, uma das entidades que organiza as manifestações contra o governo também conseguiu se eleger neste domingo. Ele se juntou a outros democratas em frente a Universidade Politécnica de Hong Kong para exigir que a polícia remova o cerco ao local e permita a entrada de ajuda humanitária aos cerca 100 manifestantes que ocupam o campus de há mais de uma semana.

A polícia cerca o local para impedir a fuga dos manifestantes, após violentos confrontos que resultaram na prisão de centenas de pessoas no local.

Entre as exigências dos manifestantes estão a implementação total da democracia no território, além de uma investigação independente sobre os abusos cometidos pela polícia. Muitos expressam frustração com o que veem como interferência da China nas liberdades civis prometidas após a devolução do domínio da ex-colônia britânica a Pequim, em 1997.

O Ministério do Exterior da China evitou comentar o resultado da votação, afirmando que a restauração da ordem e o fim da violência no território devem ser prioridades. A imprensa estatal chinesa minimizou a vitória dos democratas, sugerindo que governos estrangeiros teriam exercido influência na campanha e afirmando que os eleitores pró-Pequim estariam intimidados pela violência dos protestos.

Redação

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  1. O analista politico Manlio Dinucci, publicou em setembro passado um video muito instrutivo.
    Diz ele: Centenas de jovens chineses diante do Consulado britanico em Hong Kong cantam “Deus salve a rainha” e gritam “Gran-Bretagna, salva Hong Kong”, apelo que 130 parlamentares britanicos responderam solicitando que seja concedida a cidadania britanica aos residente da ex-colonia.

    A Gran-Bretanha (GB) foi mascarada e dá impressão a opinião publica mundial sobretudo aos jovens, de ser garante da legalidade e dos direitos humanos. Fizeram esquecer o que ela realmente foi e ainda é. Antes de mais nada é fundamental recordar os eventos históricos da primeira metade do século XIX que submeteram esse território chines ao domínio britânico.

    Para penetrar na China, governada na época pela dinastia Quing, a GB recorreu à introdução e distribuição do ópio que trazia da India por via maritima, onde detinha o monopólio. O mercado da droga difundiu-se rapidamente pelo país causando danos econômicos, físicos e morais enormes, desencadeando forte reação das autoridades chinesas que confiscaram e destruiram o ópio estocado em Canton. Como represália, tropas britânicas ocuparam essa e outras cidades no evento conhecido como a primeira guerra do ópio; na sequência impuseram o Tratado de Nanquin que a China assinou em 1842:

    No artigo 3 ficou estabelecido o seguinte: “Pois que é obviamente necessario e desejável que os súditos britânicos possam dispor de portos para embarcaçōes e armazéns, a China cede —para sempre— a ilha de Hong Kong à Sua Majestade a Rainha da GB e aos seus herdeiros”.
    No artigo 6 ficou estabelecido: “Visto que o governo de Sua Majestade britânica foi obrigado a enviar um corpo expedicionário para ser indenizado pelos danos causados no violento e injusto procedimento das autoridades chinesas, a China concorda em pagar à Sua Majestade Britânica a soma de 12 milhoēs de dólares pelas despesas”.

    O primeiro tributo chegou ao Tesouro britânico em novembro de 1842. Além dos 12 milhões de dólares em prata como custo da despesa militar inglesa, a China foi ulteriormente obrigada a depositar mais 8 milhões de dólares pelo ópio queimado!

    O Tratado de Nanquin foi o primeiro dos tratados trapaceiros através dos quais as potências européias (GB, Alemanha, França, Bélgica, Áustria, e Itália), a Rússia czarista, o Japão e os EUA deram início pela força das armas à uma lunga sequência de privilégios às custas da China: cessão de Hong Kong à GB em 1843, fortissima redução de taxas alfandegárias às mercadorias estrangeiras (no momento em que todos esses governos alçavam barreiras de proteção das próprias indústrias); abertura dos principais portos aos navios estrangeiros junto com o direito de constituir áreas urbanas com administração própria, fora da jurisdição das autoridades chinesas, as chamadas “concessões.”
    Em 1898 a GB anexou à Hong Kong a penísola de Kowloon e os chamados Novos Territórios “concedidos” pela China em regime de “aluguel” por 99 anos!

    O enorme descontentamento por tudo isso fez explodir no final do século XIX uma revolta popular chamada “dos Boxers” contra a qual a exemplar covardia das potências criminosas européias intervém com 16 mil homens bem armados sob comando britânico. Saqueiam a ferro e fogo Pequim, destruindo muitos povoados e massacrando literalmente suas populações. Na sequência a GB assume o controle do Tibet em 1903, enquanto a Rússia czarista e o Japão dividem-se a Manchuria em 1907.

    Numa China reduzida à condição colonial e semi-colonial, Hong Kong passa a ser a porta principal dos tráficos baseados na pilhagem dos recursos chineses e na exploração escravista da população. Massa enorme de chineses é obrigada a emigrar, sobretudo para os EUA, Austrália e Sudeste asiático onde vai ser submetida em condição análoga de exploração e discriminação.

    Surge expontânea a pergunta: EM QUAIS LIVROS DE HISTÓRIA ESTUDAM OS JOVENS QUE PEDEM À GB DE SALVAR HONG KONG?

    Video:
    Hong Kong, torna il Trattato di Nanchino (IT, ENG, FR, RO, PT)

    https://www.youtube.com/watch?v=qFnnpRr39ew&feature=emb_logo

  2. O analista politico Manlio Dinucci, publicou em setembro passado um video muito instrutivo.

    Diz ele: Centenas de jovens chineses diante do Consulado britanico em Hong Kong cantam “Deus salve a rainha” e gritam “Gran-Bretagna, salva Hong Kong”, apelo que 130 parlamentares britanicos responderam solicitando que seja concedida a cidadania britanica aos residente da ex-colonia.

    A Gran-Bretanha (GB) foi mascarada e dá impressão a opinião publica mundial sobretudo aos jovens, de ser garante da legalidade e dos direitos humanos. Fizeram esquecer o que ela realmente foi e ainda é. Antes de mais nada é fundamental recordar os eventos históricos da primeira metade do século XIX que submeteram esse território chines ao domínio britânico.

    Para penetrar na China, governada na época pela dinastia Quing, a GB recorreu à introdução e distribuição do ópio que trazia da India por via maritima, onde detinha o monopólio. O mercado da droga difundiu-se rapidamente pelo país causando danos econômicos, físicos e morais enormes, desencadeando forte reação das autoridades chinesas que confiscaram e destruiram o ópio estocado em Canton. Como represália, tropas britânicas ocuparam essa e outras cidades no evento conhecido como a primeira guerra do ópio; na sequência impuseram o Tratado de Nanquin que a China assinou em 1842:

    No artigo 3 ficou estabelecido o seguinte: “Pois que é obviamente necessario e desejável que os súditos britânicos possam dispor de portos para embarcaçōes e armazéns, a China cede —para sempre— a ilha de Hong Kong à Sua Majestade a Rainha da GB e aos seus herdeiros”.
    No artigo 6 ficou estabelecido: “Visto que o governo de Sua Majestade britânica foi obrigado a enviar um corpo expedicionário para ser indenizado pelos danos causados no violento e injusto procedimento das autoridades chinesas, a China concorda em pagar à Sua Majestade Britânica a soma de 12 milhoēs de dólares pelas despesas”.

    O primeiro tributo chegou ao Tesouro britânico em novembro de 1842. Além dos 12 milhões de dólares em prata como custo da despesa militar inglesa, a China foi ulteriormente obrigada a depositar mais 8 milhões de dólares pelo ópio queimado!

    O Tratado de Nanquin foi o primeiro dos tratados trapaceiros através dos quais as potências européias (GB, Alemanha, França, Bélgica, Áustria, e Itália), a Rússia czarista, o Japão e os EUA deram início pela força das armas à uma lunga sequência de privilégios às custas da China: cessão de Hong Kong à GB em 1843, fortissima redução de taxas alfandegárias às mercadorias estrangeiras (no momento em que todos esses governos alçavam barreiras de proteção das próprias indústrias); abertura dos principais portos aos navios estrangeiros junto com o direito de constituir áreas urbanas com administração própria, fora da jurisdição das autoridades chinesas, as chamadas “concessões.”
    Em 1898 a GB anexou à Hong Kong a penísola de Kowloon e os chamados Novos Territórios “concedidos” pela China em regime de “aluguel” por 99 anos!

    O enorme descontentamento por tudo aquilo fez explodir no final do século XIX uma revolta popular conhecida como “dos Boxers” contra a qual a exemplar covardia das potências européias intervieram com 16 mil homens bem armados sob comando britânico. Saqueiam a ferro e fogo Pequim, destruindo muitos povoados e massacrando literalmente suas populações. Na sequência a GB assume o controle do Tibet em 1903, enquanto a Rússia czarista e o Japão dividem-se a Manchuria em 1907.

    Numa China reduzida à condição colonial e semi-colonial, Hong Kong passa a ser a porta principal dos tráficos baseados na pilhagem dos recursos chineses e na exploração escravista da população. Massa enorme de chineses é obrigada a emigrar, sobretudo para os EUA, Austrália e Sudeste asiático onde vai ser submetida em condição análoga de exploração e discriminação.

    Surge expontânea a pergunta: EM QUAIS LIVROS DE HISTÓRIA ESTUDAM OS JOVENS QUE PEDEM À GB DE SALVAR HONG KONG?
    Video:
    Hong Kong, torna il Trattato di Nanchino (IT, ENG, FR, RO, PT)

    https://www.youtube.com/watch?v=qFnnpRr39ew&feature=emb_logo

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