Bolsonaro diz que “só Deus” o tira da Presidência e ameaça STF: “se ele não se enquadra, eu demito”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

"Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou. Se ele não se enquadra, eu demito. No Legislativo não é diferente", disse em tom agressivamente autoritário

Foto: Marcos Corrêa/PR

Jornal GGN – No seu discurso no ato de 7 de Setembro, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro incitou veementemente a população contra o ministro Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e repetiu a ameaça de que ele não aceitará o resultado das eleições 2022, caso não saia vencedor.

“Quero dizer aqueles que querem me tornar inelegível: só Deus me tira de lá. Só tem uma opção para mim: preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso, a minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós”, afirmou.

Afirmou, de forma explícita, que ele – como mandatário da República – não acatará à decisões de Alexandre de Moraes e o ameaçou diretamente: “Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair.”

“Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou. Se ele não se enquadra, eu demito. No Legislativo não é diferente (…). Ou o ministro se enquadra ou ele pede para sair, não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas, turve a nossa liberdade. Quero dizer a esse ministro que ele ainda tem tempo para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro”, continuou, nas ameaças.

Invocando os brasileiros a também desacreditarem o sistema eleitoral brasileiro, voltou a insistir na tese de que não aceitará o resultado eleitoral e atacou, desta vez, o presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso. “Não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável, porque, usando a sua caneta, desmonetiza páginas que criticam esse sistema de votação. Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos, não podemos ter eleições que pairem dúvidas sobre os eleitores”, voltou a manipular.

“Não posso participar de uma farsa, como essa, patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, insistiu.

Sem negar a bandeira ultra-conservadora, em tom de manipulação de massas, gritou, com a recepção de ovações bolsonaristas: “Hoje temos uma fotografia para mostrar para o Brasil e o mundo. Não de quem está aqui neste carro de som, mas de vocês. Para mostrar que as cores da nossa bandeira são verde e amarela, jamais será vermelha. (…) E cada vez mais nós somos conservadores, cada vez mais respeitamos a lei e a nossa Constituição, e não vamos admitir pessoas como Alexandre de Moraes açoitem nossa democracia e nossa Constituição.”

“Enquanto vocês estiverem ao meu lado, eu estarei sendo o porta-voz de vocês. Essa missão é digna, é espinhosa, mas também é muito gratificante. Aonde vocês estiverem, eu estarei”, se auto-elogiou.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador