Bombardeio atinge hospital em Gaza e mata, ao menos, 500 palestinos

Governo de Israel e Jihad Islâmica trocam acusações sobre autoria do massacre no hospital ao norte de Gaza

Crédito: Reprodução/ CNN

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza estima que um ataque supostamente israelense atingiu o hospital de Ahly Arab e matou, ao menos, 500 palestinos, número que deverá ser ainda maior, pois além de receber feridos, o local também servia de abrigo para muitos civis que tiveram suas casas destruídas ou cumpriam as ordens de evacuação de Israel.

“Um novo crime de guerra cometido pela ocupação no bombardeamento do Hospital Al-Ahli Arabi, no centro da Cidade de Gaza, resultando na chegada de dezenas de mártires e feridos ao Complexo Médico Al-Shifa devido ao bombardeamento. Deve-se notar que o hospital abrigava centenas de pacientes, feridos e pessoas deslocadas de suas casas à força devido aos ataques aéreos”, informou o governo.

Se os 500 óbitos forem confirmados, este será o ataque mais mortal promovido possivelmente por Israel desde 2008. O ataque deixou, ainda, centenas de vítimas que estão sob os escombros, de acordo com o ministério.

O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto pelo ataque ao hospital. Já o Hamas afirmou que o massacre foi um genocídio de autoria de Israel.

No calor dos fatos, em resposta ao Hamas, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Daniel Hagari, disse não ter certeza se o ataque foi promovido pelo exército israelense de fato ou se foi uma falha de lançamento do Hamas.

Mais tarde, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, atribuiu a culpa pela explosão do hospital a um erro da Jihad Islâmica. “(…) o mundo inteiro sabe: os terroristas bárbaros em Gaza são aqueles que atacaram o hospital de Gaza, não as FDI”, diz ele num comunicado. 

Repercussão internacional

O ataque ao hospital em Gaza fez com que vários líderes e entidades se posicionassem contra a investida letal de Israel realizada nesta terça-feira (17). O governo egípcio ressaltou que o bombardeiamento vitimou centenas de pessoas inocentes, o que classifica como uma “violação grave das disposições do direito internacional e humanitário”, assim como “os valores mais básicos da humanidade”.

O Egito também pediu que Israel acabe “imediatamente com as suas políticas de punição coletiva contra o povo de Gaza” e solicitou intervenção de países influentes para pôr fim às violações.

“Apelo a toda a humanidade para que aja para pôr fim a esta brutalidade sem precedentes em Gaza”, afirmou Recep Tayyip Erdogan, presidente turco, na rede social X.

Para o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, o Ocidente tem de acabar com a tragédia em Gaza.

Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, classificou o ataque como inaceitável e contrário às leis internacionais.

Leia o posicionamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) na íntegra:

A OMS condena veementemente o ataque ao Hospital Al Ahli Arab, no norte da Faixa de Gaza. O hospital estava operacional, com pacientes, profissionais de saúde e prestadores de cuidados e pessoas deslocadas internamente abrigadas. Os primeiros relatórios indicam centenas de mortos e feridos.

O hospital era um dos 20 no norte da Faixa de Gaza que recebiam ordens de evacuação dos militares israelenses. A ordem de evacuação tem sido impossível de ser executada dada a actual insegurança, o estado crítico de muitos pacientes e a falta de ambulâncias, pessoal, capacidade de camas do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados.

A OMS apela à protecção activa imediata dos civis e dos cuidados de saúde. As ordens de evacuação devem ser revertidas. O direito humanitário internacional deve ser respeitado, o que significa que os cuidados de saúde devem ser ativamente protegidos e nunca visados.

*Em atualização.

LEIA TAMBÉM:

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Hospitais não podem ser designados como alvos militares legítimos. Todos na cadeia de comando (o primeiro ministro de Israel que autorizou o ataque, o general que mandou a operação ser planejada e piloto que executou o bombardeio) cometeram crime de guerra. Mas ao noticiar o que ocorreu a Folha de São Paulo preferiu minimizar um crime de guerra usando o eufemismo “episódio mais mortal”. Aos hipócritas e maliciosos que disserem que o piloto apenas cumpriu ordens, devemos lembrar que a Lei de Guerra garante a quem executa o ato letal o direito se recusar a cumprir uma ordem manifestamente ilegal. A imprensa age muito mal quando se torna coiteira de criminosos de guerra.

  2. Parece que a preparação para a visita de Joe Biden, amanhã, vai deixá-lo muito orgulhoso do primeiro mimistro e de Israel.
    Será que sem a proteção do Tio Sam e do Reino Unido, Israel teria a mesma coragem que teve, para bombardear um hospital e assassinar covardemente, mais de 500 inocentes indefesos?

  3. Antes de ir dormir, li que uma alta autoridade Israelense dizia não ter certeza se o ataque partiu de Usrael enquanto logo depois o Netanyahu afirmou que o mundo inteiro sabia que a carnificina tinha sido obra de um grupo extremista islâmico. Agora leio que Usrael acusa o Hamas de inflar o número de vítimas. Então me alembrei do poeta americano Henry David Thoreau, o qual lançou ao mundo a seguinte pergunta: “When will the world learn that a million men are of no importance compared with one man?”
    E se fosse apenas uma vítima? O problema é quantitativo?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador