Jornal GGN – Dois empresários, um uruguaio e outro argentino, afirmaram ao Ministério Público que o vice-presidente do Paraguai, Hugo Velazquez, recebia pessoalmente representantes de distribuidoras de energia – inclusive a Leros, companhia brasileira supostamente ligada à família Bolsonaro – para discutir desdobramentos do acordo de Itaipu.
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O acordo acabou anulado depois que a imprensa e o Congresso paraguaios descobriram que o “ponto 6”, que permitia à Ande (a estatal paraguaia equivalente à Eletrobras) vender energia excedente de Itaipu diretamente no mercado brasileiro, ter sido removido por pressão de lobistas, como alguns que atuaram em nome da Leros.
A Leros chegou a fazer uma proposta para ser a principal beneficiada pela alteração do acordo de Itaipu. Às autoridades paraguaias, ela foi apresentada como uma empresa ligada à família do presidente Jair Bolsonaro. O papel do líder brasileiro na jogada seria o de autorizar a operação de compra e redistribuição de energia pela Leros no Brasil, mesmo que tivesse de atropelar a Eletrobras. A informação foi apurada pelo ABC Color.
Segundo o jornal desta quarta (21), o empresário uruguaio Nicolás Kac disse à Procuradoria que participou de uma das reuniões do vice-presidente com seu “assessor jurídico”, o jovem advogado Joselo Rodríguez, e com representantes da empresa Leros, para “negociar eletricidade”.
“Essa reunião foi realizada no gabinete do próprio vice-presidente, informou o empresário uruguaio. Ele disse que, depois, [Velazquez] os encaminhou para Pedro Ferreira [então presidente da Ande], com quem teve pelo menos três reuniões. [O uruguaio] Acrescentou que em 11 de julho apresentou à ANDE, por escrito, a proposta formal da Leros para a aquisição de sua energia.”
Leia mais: Jornal paraguaio divulga proposta da Leros pela energia de Itaipu
O empresário argentino Diego Banfi também confirmou ao MP que precisou se encontrar com o vice-presidente do Paraguai para discutir compra e revenda de energia da Ande.
Velazquez, por sua vez, nega participação nas negociações envolvendo o acordo de Itaipu, e também afirma que não tinha Rodríguez como seu “assessor jurídico”.
Rodríguez teria feito pontes entre o empresário brasileiro Alexandrino Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL), e as autoridades paraguaias que, de fato, alteraram o acordo de Itaipu para beneficiar a Leros.
Segundo Giordano, ele atuou em interesse da empresa brasileira de energia porque queria prestar serviços à ela. Ele negou, contudo, ter usado o nome dos Bolsonaro para pressionar pelo acordo.
O VICE EM XEQUE
O vice-presidente do Paraguai é irmão de uma engenheira, María Paz Barrail, ex-chefe de gabinete da Ande, afastada nesta semana do cargo sob acusação de ter evitado a participação de Pedro Ferreira, ex-presidente da Ande, nas negociações envolvendo Itaipu.
As notícias sobre Velazquez tensionam ainda mais as relações políticas no Paraguai. O governo do presidente Mario Abdo Benitez tenta negociar com partidos políticos a rejeição de pedidos de impeachment, que também atingem o vice.
Para o ABC Color, Velazquez foi quem intermediou “a compra da energia da Ande por um empresa supostamente ligada à família do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.”
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O ABC Color vai desmontando a negociata de Itaipu. E, até agora (até agora?), nada da imprensa brasileira…
Está se provando que corrupção ruim é a dos adversários, de resto um filezinho para os meninos não há mal algum, qual papai não faria isto. Na nova política isto é meritocracia. Para os meninos, não para os demenor, para estes bala e redução da maioridade.