Copom eleva taxa Selic para 13,25% ao ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Reunião é a primeira com Gabriel Galípolo à frente do Banco Central; comunicado também sinaliza alta de 1 ponto percentual na Selic futura

Prédio do Banco Central em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 13,25% ao ano, na primeira reunião de 2025. A decisão tomada de forma unânime também é a primeira do Bacen sob o comando do novo presidente, Gabriel Galípolo.

De acordo com o comunicado, a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”, implicando também na “suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Um dos pontos que justificou a decisão foi a “desancoragem adicional das expectativas de inflação” vistas no cenário mais recente, aliado a uma “elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”.

Além disso, o colegiado destacou que “segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”.

De acordo com o comunicado divulgado após a reunião, o Copom entende que a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante” e que, caso o cenário esperado se confirme, haverá um ajuste de magnitude semelhante na próxima reunião.

“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Repercussão

Segundo o economista Bruno Corano, da Corano Capital NY, Galípolo fez o que era o esperado e disse que o novo presidente do BC teve personalidade.

“Muitos consideravam que ele poderia ser um instrumento de manobra do governo, em particular do Presidente Lula”, diz Corano. “E, com essa atitude, o presidente do BC demonstra que, pelo menos até agora, está agindo baseado na razão e por princípios e fundamentos técnicos, o que é muito positivo em relação à saúde financeira do país, dentro do que cabe ao Banco Central”.

“O comunicado em si, ele traz poucas divergências, ou quase nenhuma divergência em relação à análise macroeconômica e a conjuntura macroeconômica momentânea”, explica Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

De acordo com Carla, os fatores de risco, principalmente os fatores de risco de alta, se mantém exatamente os mesmos. “O único fator de risco que foi alterado foi um risco de baixa, que diz respeito à precificação dos ativos e dos produtos, principalmente, por vias de política externa e que são levadas a cabo inclusive por outros países e que reverberam no Brasil (…)”.

Ao apontar os links do comunicado da primeira reunião de Galípolo com a nota da última reunião comandada por Roberto Campos Neto, Carla Argenta ressalta que “todas essas palavras estão ali por um motivo, que é mostrar uma continuidade no trabalho da instituição, que é sinalizar para o mercado que não há uma descontinuidade perante a nova diretoria, perante a nova composição da instituição”.

7 Comentários

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  1. Nem a IA chinesa dá jeito nesse BC totalmente dependente dos velhacos que lucram afundando a economia e ganham uma segunda vez exigindo juros maiores que irão afunda-la ainda mais. Só a guilhotina resolve o problema dos juros no Brasil, mas a lâmina tem que descer nos pescoços dos banqueiros, especuladores, bilionários e pseudo-economistas que oprimem a economia e destroem a capacidade de ação do Estado para empobrecer o povo. O governo Lula acabou. Sobrou a porra do zumbi que fará a transição para o novo Trump, sendo incerto quem será o filho da puta genérico de extrema direita que a imprensa elegerá para “salvar” os lucros como de costume.

  2. Viva Lula, viva o presidente do BACEN mais autônomo, mais bonito, mais cheiroso, mais tudão do Lula….

    Bando de cretinos.

    Feliz 2027.

    Se é para fazer o papel da direita, prefiro os originais.

    2026 é voto nulo.

  3. Tiraram 6 da presidência do BC e o substituíram por meia dúzia. Com essa taxa de juros estratosférica não é possível elevar a produção/oferta, fazendo-a superar a demanda, e, dessa forma, vencer a inflação.

  4. Tudo continua como d’antes, no quartel do Abrantes, o mercado manda e o BACEN, obedece e a selic vai a 13,25%. Enquanto o Brasil não tomar do mercado a chave do cofre do tesouro, vamos continuar a pagar juros extorsivos, a pretexto do combate a inflação. Volto a insistir que a meta de inflação é usada como parâmetro de partida para definir a expectativa de rentabillidade do capital improdutivo. Na prática, o BACEN conjuminado com o mercado financeiro, projetam a taxa selic, usando o fator 3 sobre as projeções inflacionárias determinadas pelo própio mercado. Assim, podemos inferir que a taxa selic atingirá facilmente os 15%, pois as projeções indicam uma taxa anual de inflação em trono de 5% AA.

  5. Quem está determinando antecipadamente são as “projeções”, que já fixou em mais 1%.

    Um artigo que li outro dia tenta explicar o raciocínio destes caras da seguinte forma;
    Um cidadão está devendo e para resolver pede que seu banco aumente os juros, ao invés de trabalhar mais para pagar a dívida.

    O que Trump fez há pouco tempo, criticar o FED, parece que ficou no limbo, mesmo sendo Trump majoritário nas casas legislativas.
    Mesmo sem apoio deste nosso congresso ávido por emendas secretas, Lula tentou o mesmo nos tempos do C. Neto, ninguém apoiou, pelo contrário, apedrejaram o sujeito e, imediatamente, pipocaram pesquisas de opinião quanto a popularidade do presidente, solicitadas por XPs e outros agentes de “investimento”.
    O momento é reformular ministérios não esperando nada além de chantagem e sabotagem de quem for eleito para as 2 casas legislativas.

  6. Notei uma mudança importante. Não se fala em centro da meta mas ao redor da meta, então parece que uma recomendação de Demian Fioca foi adotada. Também não cravou que haverá novo aumento de 1%, mas condicionado aos fatos novos, como a queda do dólar que deve mexer com as assombrações dos mercadeiros.

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