Decisão de Trump sobre Jerusalém pode unir todo o mundo árabe contra os EUA, por Patrick Cockburn

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Resistente palestino reage com pedras às granadas de gás disparadas pela polícia de Israel

do Blog do Alok

Decisão de Trump sobre Jerusalém pode unir todo o mundo árabe contra os EUA

Patrick Cockburn, The Independent, Londres

13/10/2016: “UNESCO declara Israel ‘potência ocupante’ em Jerusalém”, Washington Times

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

O presidente Trump e o governo de Israel com certeza previram, mas subestimaram, o “dia de fúria” palestina, com protestos de muçulmanos em todos os cantos do mundo, na sequência do ‘reconhecimento’ de Jerusalém, pelos EUA, como “capital de Israel” e planos de transferir para lá a embaixada dos EUA. Com certeza entendem que a fúria logo se dissipará, porque aliados dos EUA, como os governantes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito se darão por satisfeitos com breves protestos formais, e os palestinos são fracos demais para qualquer coisa além de manifestações que nada mudam.

EUA e Israel podem ter errado gravemente nessas avaliações: quando vivi em Jerusalém aprendi que muitos eventos dramáticos em Israel, como tiroteios e bombas, quase sempre têm repercussão interna muito menor do que o mundo externo poderia esperar. Mas qualquer coisa, seja o que for, que envolva diretamente Jerusalém, e sobretudo os lugares santos dos muçulmanos que lá estão, sempre tem impacto muito maior do que alguém que viva longe de lá possa imaginar.

A consequência imediata da ação de Trump é que os EUA se tornam ainda mais fracos, porque tomaram mais uma iniciativa que absolutamente todo o mundo desaprova. Uma superpotência no auge do próprio poder poderia talvez insistir nesse movimento. Mas não os EUA de hoje, politicamente divididos, cuja influência está em maré vazante na sequência dos fracassos militares no Iraque e no Afeganistão [e na Síria! (NTs)]. O movimento de Trump é tão obviamente contrário aos interesses da política externa dos EUA que acabará de convencer outros líderes mundiais de que Trump é aliado impossível.

Mas o movimento pode ter também outras consequências perigosas. Há um mito segundo o qual a luta israelenses-palestinos seria questão distante das preocupações de Osama bin Laden ou que não tenha tido qualquer influência na ascensão da al-Qaeda. Verdade é que os discursos e escritos de bin Laden estão cheios de referências aos palestinos – e suas primeiras manifestações públicas, nos anos 1980s, foram conclamações para que os árabes boicotassem produtos norte-americanos, por causa do apoio dos EUA a Israel.

A conexão entre a questão palestina e o 11/9 foi sempre diminuída e apagada à época, especialmente nos veículos e think-tanks a serviço dos neoconservadores que garantiam que os EUA poderiam ignorar a questão e manter política de agressão ao Iraque, sem que isso comprometesse a segurança do país. É verdade que o 11/9 prejudicou os palestinos, porque foram marginalizados quando EUA e aliados iniciaram uma sequência de guerras durante as quais a causa palestina praticamente sumiu da pauta ‘ocidental’ de notícias.

Mas com as guerras no Iraque e na Síria chegando ao fim, o foco volta a recair sobre israelenses e palestinos. O ‘Estado Islâmico’ (ISIS) e a al-Qaeda foram derrotados nos seus esforços para derrubar governos e ‘mudar o regime’ em Bagdá e Damasco. Se aqueles grupos pretendem sobreviver e angariar apoios no mundo muçulmano, terão de definir um novo inimigo. Por destroçados que talvez estejam, com certeza aqueles grupos têm hoje muito mais recursos e ativistas do que bin Laden tinha à época do 11/9. A declaração de Trump sobre Jerusalém joga uma boia salva-vidas aos movimentos tipo al-Qaeda, bem quando tentam sobreviver à mais completa derrota.

Trump herdou de Obama a guerra para eliminar o autoproclamado “Califato”, e deu-lhe andamento sem qualquer mudança. Muitas decisões sobre o conflito foram tomadas, sem dúvida, pelo Pentágono, não pela Casa Branca. Até agora, a maior modificação na política dos EUA na região foi o esforço para pôr fim à détente de Obama com o Irã, substituindo-o por esforço na direção oposta, para construir uma coalisão anti-Irã. Agora, isso também se torna trabalho ainda mais difícil.

Em outubro, Trump rejeitou o acordo nuclear com o Irã, demonizando os iranianos como se fossem fonte e causa de toda a instabilidade na região. Trump e seu governo tendem a misturar iranianos e xiitas, mais ou menos como fazem a Arábia Saudita e os monarcas sunitas do Golfo. O Conselheiro de Segurança Nacional de Trump, H R McMaster disse no final de outubro que “o mais importante, não só para os EUA, mas para todas as nações, é enfrentar os flagelos que são o Hezbollah, os iranianos e o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica.”

Ainda não se pode ver com clareza até onde essa retórica beligerante será efetivamente convertida em ação militar. Se Trump quer confrontar o Irã e o eixo de estados e organizações paramilitares que o Irã lidera, então chegou tarde demais. O lado xiita iraniano já venceu a guerra na Síria e no Iraque contra uma resistência predominantemente sunita, que era apoiada por Arábia Saudita, Qatar e Turquia. O papel do Hezbollah e o grupo paramilitar xiita Hashd al-Shaabi será naturalmente reduzido, porque já não há guerra a combater e os governos centrais em Bagdá e Damasco vão-se tornando mais fortes.

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel tornará ainda mais fácil para Teerã conclamar todos os muçulmanos, xiitas e sunitas, a defenderem juntos o povo palestino e os lugares santos na Palestina. E tornará ainda mais difícil, se não impossível, para a Arábia Saudita e aliados no Golfo agir ao lado dos EUA, aproximarem-se de Israel e pintar o Irã como se fosse a principal ameaça na região.

Há uma consequência ainda mais ampla, dessa mudança na política dos EUA: há cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos no mundo que são maioria em cerca de 50 estados e constituem 22% da população do mundo. Nenhum deles aprovará o mais recente movimento de Trump. A população de muitos daqueles países, inclusive alguns dos maiores como a Turquia (80 milhões) e o Paquistão (193 milhões), já era muito fortemente anti-norte-americana, mesmo antes de Trump ser eleito. Em 2012, pesquisas mostraram que 74% dos paquistaneses consideravam os EUA como país inimigo. E esse número, já muito alto, é ainda maior na Turquia, onde 82% dos turcos disseram, nesse verão, que têm impressão desfavorável dos EUA. Divididos em praticamente todas as questões, os turcos estão unidos contra os EUA, o que tornará ainda mais difícil qualquer movimento dos EUA contra o Irã.

O presidente Putin deve visitar Istanbul na 2ª-feira, para falar com o presidente Erdogan sobre Jerusalém e Síria, sinal de que pode ser muito difícil separar a questão da capital ‘reconhecida’ por Trump, de Israel, e os demais conflitos.

Todos esses importantes desenvolvimentos estão em curso, mas nada mudou de fato em campo: Israel já tratava Jerusalém como sua capital, e o chamado processo de paz com os palestinos está há anos em estado de total confusão. Os EUA já não podem sequer fingir que seriam mediador equilibrado, o que, na verdade e sobretudo, jamais foram.

Ao ‘reconhecer’ Jerusalém como capital de Israel, Trump e Israel podem ter quebrado uma regra política que ensina que não é recomendável mexer em situações de fato que outros já tenham acabado por aceitar, mesmo que informalmente. É movimento que pode ter consequências desastrosas inesperadas. Bom exemplo disso se viu há menos de três meses, quando o presidente Masoud Barzani promoveu um referendum que declarou a independência formal do Curdistão Iraquiano, apesar de os curdos iraquianos já viverem em situação de fato bem próxima da independência desde 2003. Os governos do Iraque, da Turquia e do Irã, que durante anos aceitavam a situação anterior, reagiram furiosamente; e em três semanas os curdos perderam o controle sobre Kirkuk e grande parte de seu território. É provável que o presidente Trump e Israel logo descubram que apostaram mais alto do que recomendava a prudência e terão de pagar preço mais alto do que esperavam ao formalizar o controle israelense sobre Jerusalém.*****

Tradução de trabalho, para finalidades didáticas, sem valor comercial [NTs]. Epígrafe acrescentada pelos tradutores.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

20 Comentários

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  1. Nova intifada

    O problema dos movimentos pela libertação da Palestina é  que sempre descambam para ações violentas sem resultado pratico nenhum a não ser sacrificar jovens e espalhar repulsa e terror no restante do mundo. As novas gerações ocidentais ainda não assistiram a uma intifada. E um movimento pacifico formado por gente lutando nas ruas por direitos e liberdade tem tudo para ganhar a simpatia dos jovens ocidentais e colocar Israel e EUA contra a parede. Sem homens bombas. Povo na rua, faixas, palavras de ordem, musica como a primeira intifada em 1987.

  2. decisão…..

    Os EUA e Israel estão a cada dia mais isolados. A farsa de golpe sobre a Síria, fantasiada de Guerra Civil, que nada mais era que terroristas e mercenários,financiados pelos americanos, inventando uma guerra dentro do território sírio, foi a gota dágua. Putin deixou o Ocidente desmascarado. Agora é este assunto. A cada dia mais e mais ficam isolados e diminui o poder da Arabia Saudita, o maior aliado, sobre os países de ascendência sunita. A manutenção de ditaduras foi somente o que restou na politica apoiada pelos americanos. Até quando estas ditaduras calarão as pessoas? O Iêmen, na fronteira da Arabia, já mostra o caminho. 

  3. A nalignidade da presidencia

    A nalignidade da presidencia Trump não terá limites e só deixará ruinas em seu caminho. Nesse caso agiu exclusivamente por razões de politica interna uma vez que o ato em si não trará qualquer beneficio aos interesses dos EUA.

    1. Não só deve de política

      Não só deve de política interna. A decisão de reconhecimento é uma cortina de fumaça para o vergonhoso fracasso em tratar a questão norte-coreana, restrito que ficou a bater boca pelo Twitter. Nessa toada, Trump ainda conseguirá reabilitar Nixon.

    2. Pô, fiquei até preocupado com o meu vocabulário!

      Li duas vezes a palavra “Nalignidade” e até fui procurar no Google o que era isto, o próprio me propôs Malignidade.

  4. Ele deveria ter negociado com

    Ele deveria ter negociado com Israel algo em troca para os palestinos, mas não o fez por absoluta incompetência e falta de visão sobre política externa.

    O mais grave é alguns lobos solitários, de difícil identificação, poderão atuar de maneira muito mais incisiva dentro do território dos EUA. Trump colocou em risco a segurança de seus próprio povo.

  5. Impeachment de Trump a caminho?

    Os estadunidenses decentes e sensatos deverão fazer o mais rápido possível uma campanha para a destituição política do seu presidente demente e fascista. Caso nada façam os EUA vão perder muito mais rapidamente o seu poder de influência no mundo. É o Reich ianque indo para o beleléu bem mais cedo.

  6. Impeachment de Trump a caminho?

    Os estadunidenses decentes e sensatos deverão fazer o mais rápido possível uma campanha para a destituição política do seu presidente demente e fascista. Caso nada façam os EUA vão perder muito mais rapidamente o seu poder de influência no mundo. É o Reich ianque indo para o beleléu bem mais cedo.

    1. Infelizmente acho dificil. Os

      Infelizmente acho dificil. Os Republicanos controlam as duas Casas, apesar de Trump ter fortes inimigos dentro de seu partido.

      Mas acho muito improvavel os Republicanos chegarem ao impeachment de um presidente Republicano, seria um suicidio.

    2. A influência dos EUA sobre o mundo é nefasta

      Em sendo assim, os estadunidenses decentes e sensatos deverão fazer o mais rápido possível uma campanha para manter o Trump no poder, pois assim os EUA perderão seu poder de influência, indo para o beleléu o mais cedo possível.

      Oh, Luís, como você é imprudente.

  7. Já uniu. Não só o mundo árabe, mas o muçulmano.

    A eles já se somaram politicamente parcelas substantivas do mundo cristão, pela voz do Papa que condenou a decisão. Nenhum país europeu aderiu, todos criticaram, a começar pela fidelidade canina britânica ao EUA. 

    Por aqui o pessoal do “que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, a turma jurácyca, seguidora do Juracy, já se assanha para jogar mais de quatro décadas de exitoso esforço diplomático, no sentido de aproximação com o mundo árabe, na latrina do sionismo.

    1. Interessante é que esse é o

      Interessante é que esse é o mesmo Trump que há um ano atrás foi extremamente louvado aqui por seus planos  pacificadores para o mundo, inclusive até sugerido para o Prêmio Nobel da Paz.!!

      1. Eu sugeri? Acho que você tem um déficit de leitura, não?

        Quem sugeriu foi você, você deu a entender, insinuou; isto foi assim feito, dito em tom de ironia, mas feito. Foram vários “Nobel” sugeridos por você, inclusive falso (economia) e inexistente (meio ambiente), o que denota sua ignorância sobre a premiação do Nobel. Eu respondi com uma blague, desde que premiação fosse por algo concreto e merecido, não me oporia a ela, pelo contrário, torcia para que viesse a acontecer algo benéfico para humanidade, independente do indivíduo que causou benefício. Vou colocar o link do meu comentário, clicando você pode ir até a postagem, reler e conferir o que está dito. Reproduzo abaixo a primeira parte do meu texto:

        Sinceramente? Torço para que ganhe um VERDADEIRO Nobel da Paz.

        Que seja ao menos no fim do mandato, que seja uma premiação contrária do Obama: M.E.R.E.C.I.D.A!

        Ficarei feliz não por ele, mas pela humanidade, claro. Qualquer pessoa em boa sanidade mental fica feliz, quando acontecem coisas boas para a humanidade, não é mesmo? Como a diminuição do flagelo das guerras, por exemplo. Quando se tem juízo, a gente sabe que quanto pior, é pior mesmo, não tem essa de ficar melhor.

        Pergunto: Para o que você torce, qual é o seu desejo, para um mandato presidencial americano que se inicia; que ele diminua o volume das guerras existentes, ou que ele realize ações concretas em busca da paz? 

        Vejo que você não sabe a diferença entre Torcer e Sugerir. Segue abaixo uma pequena ajuda para diminuir sua ignorância da língua.

        Torcer:

        15 Apresentar uma atitude de apoio em relação às iniciativas ou ações de alguém, com desejo de êxito…

        Fonte: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=torcer 

        Sugerir:

        1 Dar a entender; insinuar.

        2 Propor algo a alguém; aventar.

        3 Pôr algo à disposição de alguém; oferecer, tornar disponível.

        4 Fazer com que um pensamento ou um sentimento ocorra ao espírito por meio de associação de ideias.

        5 Ser a causa de alguma coisa; ocasionar.

        http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=sugerir

        PS. Nada contra ignorantes, sou ignorante em vários assuntos, a ignorância não é uma defeito moral. Antes ser um indigente intelectual, do que ser um indigente de caráter, ter uma mente pervertida capaz da mesquinhez de remoer rancor por anos. Olha, vou sugerir, procura ajuda e tratamento, quem sabe você melhora…

        Ah, sim, também torço por sua melhora, isto, com certeza, vai ser benéfico a que anda a sua volta, assim como a ambientes que frequenta… 

  8. Trump jogou querosene para uma nova fogueira na região

    Na medida em que o encaminhamento da crise síria se deu ao largo de qualquer altivez das diplomacias Obama-Trump e tendo em tela a presença cada vez mais instigante da França na região (vide o recente epsódio da superação da bizarrice protagonizada pelo primeiro-ministro Saad Hariri após ser “convocado” pelo príncipe Mohammed bin Salman, onde Macron interveio ativamente para reconduzí-lo ao poder em Beirute), pode-se considerar que esse reconhecimento de Jerusalem, por Trump, seja uma tentativa de recuperar o terreno no OM.

    No entanto, é muito provável que os efeito marginais ou colaterais sejam mais relevantes: 1) a reconformação da unidade árabe na questão palestina, reconduzindo o preponderância da Liga Árabe; 2) o impulsionamento do discurso da linha-dura da região, especialmente dando força ao discurso de Teerã (fortalecida com o encaminhamento do conflito sírio), deixando a Arábia Saudita e os países do Conselho do Golfo como os Emirados, aliados americanos, numa saia justa; 3) Pressão intensa sobre a Jordânia hachemita (vizinha territorial com o West-Bank, com querelas com os palestinos, e com relações com Israel)

    O que é unânime entre os analistas é a percepção de que Trump desencadeou uma faísca catalizadora para um novo período de intensa instabilidade na região.

     

     

     

     

     

  9. A política externa errática norte-americana cria incertezas …

    A política externa errática norte-americana cria incertezas nos aliados e aumenta a certeza nos adversários.

    O espetáculo que é utilizada pelos dois grandes partidos norte-americanos para enganar o seu público interno pode se bem manejada convencer alguns que Hillary Clinton é uma política progressista que ama as minorias, como pode convencer que a continuação da política interna de Trump em diminuir os impostos dos mais ricos levará o país a prosperidade que tinha nas décadas de 50 a início dos 70.

    Porém utilizar o mesmo espetáculo, empregado para um povo já ensinado que a doutrina do “self made man”, pode até um certo ponto atingir uma grande parte da população branca americana ou mesmo os negros e latinos que foram atingidos por esta propaganda, não pode ser utilizado para outros países onde há geralmente um mínimo de bom senso nas suas classes dominantes.

    Tentar convencer com ameaças a Coréia do Norte que ela deveria abandonar o seu projeto de mísseis e bombas atômicas é algo praticamente insano para aqueles que viram o que ocorreu com países adversários que baixaram a sua guarda ou não se armaram o suficiente. O Irã sabiamente apesar de não levar adiante um projeto de bombas nucleares segue seu projeto militar consistente e que consegue apoiado por outras potências resistir a uma aventura norte-americana.

    O que dá a certeza que qualquer país que queira, mesmo que superficialmente, contrariar os interesses dos USA que é necessário se preparar para o pior é a política externa norte-americana. O problema principal é que os Estados Unidos a cada presidente que muda, há alterações na política externa, na maior parte das vezes cosméticas, porém em outras vezes substantiva.

    Dos governos republicanos anteriores a Obama a política tinha um discurso radical contra os países do chamado “eixo do mal”, com a eleição de Obama o discurso se amainou um pouco apesar das ações continuarem exatamente como vinham sendo feitas anteriormente. O discurso não de acordo com a política real, não serve para diminuir as tensões entre países adversários a política externa americana, porém permitem aos seus aliados, fazendo de conta que acreditam no discurso e não na ação, procurarem utilizar este discurso para enganarem o seu próprio povo, mais ou menos como é feito com o povo norte-americano.

    Este refrigério parcial do discurso com algumas ações pontuais, mas mediáticas, como o do reestabelecimento de laços diplomáticos com Cuba e o acordo com o Irã, permite um alívio parcial em tensões que poderiam estar piores.

    Quando no governo Trump a midiatização de discursos mais agressivos aos outros países, como a Coréia do Norte, faz com que esta intensifique seu programa de dissuasão nuclear pois como historicamente falando todos sabem que uma elevação do tom de discurso pode e já levou a ações de fato.

    Entretanto como a política do Twitter desenvolvida por Trump para a Coréia do Norte parece esbarrar em algo bem mais sério, as próprias forças armadas norte-americanas quando uma carta do ex comandante das forças armadas norte-americanas Lt. Gen. Jan-Marc Jouas “vazou enigmaticamente” para a imprensa internacional uma carta traçando um desenrolar nada agradável para os Estados Unidos e infernal para os Sul Coreanos.

    Talvez para deslocar o eixo do debate da Coréia do Norte, Trump se aventurou a fazer uma de suas declarações bombásticas de mudança da embaixada para Jerusalém, seria uma forma de criar uma crise que abafasse outra.

    A única coisa que é certa é que com uma política externa completamente errática que ora mira num inimigo e ora mira em outro deixa a fantasia de um país “amante da paz” impossível de ser sustentada pelos aliados, deixando-os cada vez mais certos que aquele país não é um aliado confiável. Por outro lado quando os países olham a China e a Rússia veem nesses países uma política externa constante que dá segurança aos seus aliados, bem distante das tuitadas de um presidente que quase se comporta como uma criança com um brinquedo novo, a chave dos mísseis nucleares norte-americanos.

  10. Parabéns!

    Parabéns ao governo americano por permitir a união do povo árabe e um futuro crescimento da economia mediante a criação de uma nova guerra. As commodities BOMBARÃO literalmente nos próximos anos.

    Essa rapaziada é visionária. O volume populacional já está passando dos limites sustentáveis. E por mais que tenham alta tecnologia, não mandarão drones, robôs etc, mas sim uma massa de fodidos para morrer em vão.

    Mais uma vez veremos a mágica capitalista estabilizando a economia.

  11. Há pouco tempo foi comentado

    Há pouco tempo foi comentado por aqui que aos poucos a situação na Corei do Norte estava esfriando. Eu lembrei que em breve esquentaria em qualquer outro lugar do Globo, alfinal, a roda de negocios do complexo industrial militar precisa girar.

    Não demorou nada.

    Os EEUU se comportam como verdadeiros adolescentes de fime teen, uns provocadores vulgares.

  12. https://www.theatlantic.com/i

    https://www.theatlantic.com/international/archive/2012/10/mitt-romney-george-marshall-and-israel-palestine/263365/

    O Secretario de Estado George Marshall e o grupo chamado dos “Homens Sabios” da diplomacia americana, George Kennan,

    James Forrestal, Robert Lovett, Clark Clifford, John McCloy eram CONTRA o reconhecimento pelos EUA do Estado de Israel.

    Eles achavam que esse reconhecimento pelos EUA iria DESESTABILIZAR para sempre o Oriente Medio.

    Eles propunham outro formato, o territorio do mandato britanico da Palestina, onde hoje está Israel, a Cisjornaia e a Faixa de Gaza, ficasse sob ADMINISTRAÇÃO DA ONU.

    Esse grupo foi derrotado pela decisão do Presidente Truman, pressionado pelo lobby judaico no Congresso e reconheceu o Estado de Israel, levando a demissão de Marshall da Secretaria de Estado, o mesmo General George Marshall que foi o comandante máximo dos Aliados na Segunda Guerra e que fez o Plano Marshall que recuperou a economia da Europa.

    Marshall tinha o intelecto, a experiencia e a visão da Historia, estava certo e os EUA pela cabeça de Truman tomaram a decisão errada que levou instabilidade eterna ao Oriente Medio.

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