Delfim Netto: Bolsonaro substitui “marxismo cultural” por “direitismo cultural”

Economista lembra em artigo que não há, no mundo, universidade respeitada que não ofereça os cursos que o governo Bolsonaro pretende esvaziar, sob o pretexto de que são inúteis para a sociedade

Foto: Divulgação/Sebrae

Jornal GGN – O economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto assina artigo na Folha de S. Paulo desta quarta, 1º de maio, afirmando que o governo Bolsonaro pratica aquilo que condena mas com sinais trocados. O texto é uma crítica ao ataque do Ministério da Educação às ciências humanas, com promessa de corte de verba.

“Para responder ao espírito crítico do ‘marxismo cultural'”, escreveu Delfim, “é preciso enfrentá-lo, com argumentos lógicos e antropológicos, não incendiar a universidade e tentar substituí-lo pelo seu equivalente —de sinal contrário— o ‘direitismo cultural’.”

Segundo o economista, Bolsonaro quer “o oposto do que propõem as ciências sociais (antropologia, sociologia, direito, economia) em busca de um conhecimento social (nunca será uma ciência) que, convertido em instituições adequadas, ajudará a construir uma sociedade ‘justa’, na qual o menos favorecido de seus membros encontrará o conforto da solidariedade tribal, a equidade, a ausência de preconceitos de qualquer natureza e terá condições de realizar-se dignamente com seu próprio esforço.”

Mas persegue esse objetivo desprezando as humanidades quando, ironicamente, tem como um “guru” um escritor que se diz “filósofo”.

“Pois bem. O conhecimento filosófico é fundamental para apaziguar os espíritos mais inquisidores que não se cansam de procurar uma explicação razoável para entender por que arte do destino o homem —um acidente aleatório de um óvulo e um espermatozoide— está aqui e para quê? Não há outro conhecimento que dê mais humildade e gere mais dúvidas aos mais brilhantes portadores das ‘ciências duras’.”

Delfim ainda lembrou que não há, no mundo, universidade respeitada que não ofereça cursos que o governo Bolsonaro pretende esvaziar, sob o pretexto de que são inúteis para a sociedade.

Redação

5 Comentários

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  1. Então, la vem o Delfim coonedtar a existencia dessa coisa, o “marxismo cultural”, além de equiparar as viitimas dos fascistas aos seus perseguidores…
    É o mesmo Delfim que vai morrer dizendo que o golpe de 64 nos livrou do “comunismo”…

    Pior, só o FH, pois já esteve do outro lado; o Delfim pelo menos é “coerente”…

  2. Pobre e esquisito país que depende de um Delfim Neto e um Rodrigo Maia para ter a impressão de que ainda existe algum siso na República.

  3. O deseducado ministro da educação, um economista adestrado pelo desumano mercado a serviço do papel moeda é contra a área que o formou. Afinal a economia não seria da área de humanas?

    Desta forma a Economia tem de ser considerada como uma ciência que visa identificar e estabelecer a utilidade dos bens em relação ao ser humano e não uma ferramenta apenas de cálculo e precificação de bens e cálculos de índices.

    Para se tentar entender de forma mais clara a classificação de Economia como uma Ciência Humana ou Social, temos de definir o conceito de Utilidade, que pode ser assim definido:

    “é um conceito econômico que representa a capacidade de um bem ou serviço saciar uma necessidade humana. Desta forma, a Economia procura responder à seguinte questão: como distribuir os finitos recursos entre infinitas necessidades de maneira que se consiga o máximo de saciedade?”

    Encarando a Economia dessa forma, observa-se que, por ser baseada nas necessidades humanas, ela se constitui numa ciência humana e não exata.
    Finalmente, economia é algo que tem a ver com o a vida do ser humano. Mercado funciona com base na vida humana. Gerenciar é algo que se faz com/para/por humanos

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