Maira Vasconcelos
Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).
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Eleições no Chile: governo Bachelet leva vantagem para o segundo turno

Eleições no Chile

Esquerda chilena é destaque das eleições e governo Bachelet leva vantagem para o segundo turno

por Maíra Vasconcelos

Especial para o Jornal GGN

A direita chilena de Sebastián Piñera, Chile Vamos, ganhou mas perdeu e o grande destaque das eleições foi Beatriz Sánchez, da Frente Ampla (FA). Bastante prejudicada pelas últimas pesquisas, que lhe davam entre 12% e 14% dos votos, a líder da fórmula de esquerda terminou com 20,28% e disputou voto a voto o segundo lugar com o candidato de centro-esquerda, do atual governo de Michelle Bachelet, Alejandro Guillier, da Nova Maioria.

Com o resultado muito próximo do segundo colocado, Sánchez foi considerada a grande vitoriosa do primeiro turno. Também na votação para deputados e senadores, a FA aumentou consideravelmente o número de cadeiras no Congresso, saindo de três para 20 deputados e um senador.

Garantido para o segundo turno com 36, 64% dos votos, Piñera e sua equipe de campanha não esperavam por tamanha indecisão no segundo turno e a possibilidade de não chegar ao Palacio de La Moneda. Alejandro Guillier alcançou 22,68% dos votos, ainda que seja a pior votação da história da centro-esquerda, o candidato chega com grandes chances de vencer a decisão em 17 de dezembro.

Isso porque eleitores de outros partidos, como o Democratas Cristãos (DC), da candidata Carolina Goic, com 5,88% dos votos, estacionada no quinto lugar, seriam simpatizantes da centro-esquerda e podem migrar para votar a Guillier, o que lhe garante hoje vantagem sobre Piñera. Tendo ainda boa parte dos votos de Sánchez, que possivelmente migrem em sua maioria para votar ao candidato de Bachelet. Nestas eleições, o DC se dividiu, abandonou a fórmula Nova Maioria e lançou candidato próprio.

E para a centro-direita, o mais certo são os votos do ultradireitista e pró-Pinochet, José Antonio Kast, que já declarou apoio a Piñera, teve 7,98% dos votos e ficou em quarto lugar. Kast não teme o discurso extremo e em alguma de suas tantas declarações nesse tom, ponderou, “com Pinochet teríamos tomado um chazinho no La Moneda”. Em relação à sua primeira eleição, em 2009, quando foi eleito no segundo turno, Piñera ontem computou 700 mil votos a menos, se comparado com o primeiro turno daquela votação.

A esquerda é considerada vencedora e uma surpresa nas eleições chilenas, neste primeiro turno. A coalizão recém-formada para competir nestas eleições, Frente Ampla, e que apenas em março deste ano anunciou oficialmente sua candidata, surpreendeu até os mais experientes analistas e confrontou a mídia impressa chilena, de direita, que apostou na vitória com folga de Sebastián Piñera, assim como fazia sua equipe campanha. E parece que surpreendeu também parte da mídia impressa no Brasil, que esteve a fazer coro desde o comitê de Piñera.

Câmara dos Deputados e Senado

A coalizão de esquerda, Frente Ampla, passou a representar 13% da Câmara e figura como a terceira força política no Congresso, ao eleger 20 deputados e um senador. Chile Vamos, de Sebastián Piñera, obteve 73 deputados e 12 senadores, e a Nova Maioria, a centro-esquerda de Alejandro Guillier, elegeu 57 deputados, perdeu três cadeiras na Casa, e 21 senadores, dois a mais que a eleição anterior.

 

 
Maira Vasconcelos

Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).

4 Comentários

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  1. eleições…..

    Paisinho atrasado. Não tem nosso nível de analfabetismo. Não tem crianças abandonadas em semáforos. Não tem nossa cracolândia. Não tem nosso tráfico de drogas. Não tem a criminalidade com nosso nível de armamento. Não tem nossas favelas. Não tem o parasitismo de uma elite estatal com nosso nível. Não tem explosão de bancos e carros fortes todos dias. Não tem nossa censura. Não tem crianças passando fome dentro de escola… Mas também, fazendo eleições livres, diretas e facultativas numas caixinhas de madeira com vidro transparente com um papelzinho servindo de cédula de votação, queriam esperar o que? Nunca alcançarão nosso nível de sofisticação social com urnas eletronicamente obrigatórias, com absoluto cabresto biométrico ao custo de milhões e milhões de reais. Alguns milhões de dólares. Pobre Chile. Suas cidades refletem o seu nível democrático. Dizem ser as diferenças sociais seu maior problema. Nunca nos alcançarão, com estas urnas tão simplórias. Temos muito a ensiná-los sobre Abismo Social e Pseudo-Democracia-Farsante.    

    1. Lá e cá

      Esses sujeitos que defendem Pinochet são cúmplices de assassinatos, torturas e todos os crimes cometidos por aquela ditadura.

      Exatamente como aqui no Brasil.

  2. Piñera e Bachelet – interlocutores altamente confiáveis
    Independente da coloração partidária ou ideológica, o fato é que, para o Brasil, tanto Piñera quanto Michelle Bachelet mostravam serem interlocutores regionais ALTAMENTE confiáveis em função do feitio pragmatico, inerente em ambos, na condução das relações exteriores. Entre eles e Lula-Dilma existia um entedimento de alto bom nível. 

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