Empreiteira afirma que repassou propina para empresa de Othon Luiz Pinheiro da Silva

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Justiça verificará legalidade do documento que comprova a prestação de serviços. Para Moro, há indícios de falsidade
 
 
Jornal GGN – Apesar de não afirmar repasse de propina diretamente ao ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, a empreiteira Engevix admitiu que utilizou contratos de fachada para transferir dinheiro à empresa Aratec, de Othon. A Engevix, que é uma das suspeitas de corrupção em contratos da Petrobras, tenta negociar com a Controladoria-Geral da União (CGU) o acordo de leniência e, assim, reduzir punições, se condenada.
 
De acordo com a empreiteira, os pagamentos não tinham relação com as obras de Angra 3, que são o foco da investigação da 16ª fase da Lava Jato, denominada de Radioatividade. O contrato em questão seria referente ao projeto de desenvolvimento de turbinas hidráulicas de geração de energia da empresa Hydel Energia Sustentável, do almirante.
 
“Com respeito aos pagamentos para ajudar no desenvolvimento das turbinas, esclareço que a pedido do próprio almirante, foram feitos para Aratec através da Link, que para isso cobrou uma taxa e impostos, mas realmente ela não teve qualquer participação ou conhecimento da questão”, diz um executivo da empresa, em email encaminhado à Justiça Federal no Paraná.
 
A Engevix fala em propina, encaminhada por meio da empresa de fachada:
 
“Usamos a Link justamente em função da posição que ocupava o almirante como presidente da Eletronuclear sendo que a Engevix prestava serviços lá ( todos ganhos em licitações públicas acirradas como lhe documentamos). Investimos cerca de R$ 1 milhão, ao longo de 4 anos e conforme a necessidade, de acordo com o andamento da pesquisa”, disse a mensagem.
 
Email de funcionário da Engevix à Justiça
 
A mesma informação é reafirmada no depoimento de Victor Colavitti, presidente da Link que se tornou delator da Lava Jato. Colavitti disse que sua empresa foi usada como intermediária para o repasse de, pelo menos R$ 765 mil, entre 2010 e 2014, para a Aratec Engenharia. 
 
A equipe de procuradores e delegados da Polícia Federal suspeita que Othon Pinheiro teria recebido um total de US$ 30 milhões. Desses, R$ 4,5 milhões foram rastreados na conta da empresa de Othon. Em resposta, a defesa do almirante disse que a quantia referia-se a serviços de tradução prestados por sua filha, Ana Cristina. Othon nega que recebeu propinas. 
 
Ambos chegaram a apresentar ao juiz Sergio Moro documentos para comprovar os serviços prestados. Entretanto, Moro acredita que os arquivos são fraudulentos, plágios de outros encontrados na internet. 
 
“Apesar da oportunidade concedida para eventual comprovação de causa lícita para os pagamentos a Aratec, foram apresentados documentos aparentemente fraudulentos a este Juízo para comprovar a prestação de serviço pela Aratec a suas contratantes, inclusive com reprodução de material simplesmente copiado da rede mundial de computadores e com afirmação falsa de que teriam sido produzidos pela Aratec”, disse o juiz.
 
Moro explicou que foram entregues dois artigos para comprovar os serviços prestados, sem a identificação de autor específico, mas com o timbre da empresa Aratec. O juiz informou que aparentemente sendo como “projetos da Aratec”, não há “qualquer elemento que possibilite afirmar sua autenticidade, ou esclarecimentos essenciais como para quem foram feitos, quando foram feitos e a que eventuais contratos estariam vinculados”. “Em um exame sumário do material apresentado, o texto dos dois referidos projetos aparenta ser bastante similar, apesar de mudança dos nomes envolvidos no projeto”, disse.
 
Ainda não há, contudo, certificação da ilegalidade dos arquivos. Uma investigação mais apurada da Polícia Federal deve identificar a legitimidade dos documentos e se houve a prestação dos serviços da empresa de Othon para o recebimento da quantia de R$ 4,5 milhões.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

19 Comentários

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  1. Temos Suprema Corte prá que mesmo…

    No Reino da Delação é assim mesmo:  um bandido qualquer abre a boca para salvar-se, prendem o delatado que, ao bel  prazer da “Justiça”, fica meses preso sem que existam provas defintivas, triste pais bananeiro, temos Suprema Corte prá que mesmo…ah sim, os nobres ministros estão se cagando de medo de uma imprensa que, de fato, dá as cartas.

     

     

     

     

     

  2. Engevix, empresa malandra,
    Engevix, empresa malandra, tipo Galvão engenharia.
    São estes, os corruptos, que vão nos dizer quem é corrupto ou não?
    É isso mesmo?

    Passou da hora de sumir do mapa! E vai sumir…

  3. Eu não condeno a

    Eu não condeno a investigação. Se existe a denúncia, seja via delação, ou não, ela deve ser ivestigada.

    Minha única ressalva neste caso, é com relação a prisão (primeiro, temporária e depois preventiva). Será que o Almirante apresentava risco iminente de fuga? Para evitar isso, não bastaria entregar o passaporte e usar a tornozeleira? Tem algum risco dele prejudicar a investigação? Qual? Esse homem de 76 anos representa um risco para a ordem pública?

    1. E se estas contas….

      E se estas contas e recursos foram utilizadas para a compra de segredos e tecnologia sen’sivel, de forma a burlarem os embargos dos países que não querem que o Brasil tenha acesso a elas? Estaremos dando um tiro no pé, e o Alm, como oficial confiável das FAAs não vai poder revelar a verdade e os MP e Juiz irresponsáveis e entreguistas vão dar os caminhos dos segredos adquiridos pelo Brasil. O risco é tão grande que não devia sequer ter sido cogitado sem um acompanhamento das FAAs e ter sido totalmente sigiloso, coisa impensavel na VAZA-JATO.

    2. Eu nao condeno a investigacação

      Jorge, o que muitas pessoas não perceberam  ainda em todo esse processo da Lava-jato é o procedimento que está sendo adotado pelo MP e Justiça. Eles não estão tratando como povas ou indícios. Eles estão aplicando, tristemente, a teoria capenga do “domínio do fato”  que foi utilizada largamente no mensalão para  fazer o indiciamento e para obter  depois as condeções.

      Muitas vezes é difícil para  as pessoas comuns entenderem por que uma empresa privada que “desviava” recursos da Petrobrás, iriia fazer repasses para uma empresa ( do Almirante) que não tem nada a ver com a Petrobrás? É difícil imaginar, mas poderia ter o o bjetivo de manter iuma prioximidade com um cientista importante, poderia fazer isso para ter uma melhor possibilidade de no futuro fazerem parcerias, etc. Mas com o domínio do fato, fica tudo resolvido: é corrupção, já está julgado e condenado!

  4. Propina?

    A Engevix não fala em propina, fala em pagamento para desenvolvimento de uma turbina, que foi paga através de uma terceira empresa porque o almirante era presidente da Eletronuclear, com a qual a Engevix tem contratos.

    Não entendi porque não pagar diretamente à empresa que desenvolvia a turbina?

    O presidente da Eletronuclear estava legalmente à frente da empresa?

    O que mais tem é político dono de rádio e tv, recebendo publicidade de governos federal, estadual e municipal. Isso tudo é propina?

  5. Cara, onde esse e-mail é uma

    Cara, onde esse e-mail é uma delação, meu Deus do céu??? Que coisa mais sem pé nem cabeça! Onde no e-mail é afirmado pagamento de propina?? Nassif, demite o estagiário, Pelamor!!

    A priori, o e-mail descreve uma doação(ou investimento) em um projeto de pesquisa de uma empresa para produzir tecnologia(no caso turbinas) brasileira em substituição à importada. Porra, isto deveria ser objeto de aplausos, e está sendo criminalizado, é isso mesmo??? Aí misturam-se alhos com bugalhos deste projeto e de outros pagamentos em que foi dito que haveriam serviços de tradução. Me parece muita forçação de barra e um estupro à presunção de inocência e até mesmo à necessidade de se mostrar causa e efeito, no caso do crime de corrupção passiva. Este caso tá ficando mais esquisito até do que a criminalização das doações (legais e iguais às feitas a todos os partidos) ao PT.

    Cada vez mais, tudo leva a crer que são delações encomendadas mesmo, com o objetivo de destruir pessoas estratégicas à vida nacional, tumultuar o país, e, de quebra, livrar os verdadeiros corruptos, como aliás já foi feito pelos mesmos atores no caso Banestado. 

     

     

  6. Os leitores devem juntar os

    Os leitores devem juntar os pontos. Por que procuradores do MP – que compõem a chamada “força-tarefa” da Lava Jato – foram aos EUA, onde estudou o “juiz que faz a diferença”? Por que a prisão temporária de investigados acusados foi transformada em preventiva, por tempo indeterminado? De onde foi importado o instituto da delação premiada e com que propósitos ele tem sido aplicado? Os leitores deste blog acreditam que um cientista mundialmente reconhecido, como Othon Pinheiro, precisa se lançar em esquemas fraudulentos e receber propina? Os leitores acreditam que os delatores de Othon estão realmente dizendo a verdade ou o que convém ao juizeco da guantánamo paranaense, à tropa do MP e da PF a serviço dos interesses internacionais?

  7. “A Engevix fala em propina,

    “A Engevix fala em propina, encaminhada por meio da empresa de fachada:

    “Usamos a Link justamente em função da posição que ocupava o almirante como presidente da Eletronuclear sendo que a Engevix prestava serviços lá ( todos ganhos em licitações públicas acirradas como lhe documentamos). Investimos cerca de R$ 1 milhão, ao longo de 4 anos e conforme a necessidade, de acordo com o andamento da pesquisa”, disse a mensagem”:

    Minha comprehensao de texto ta mal assim?!  A Engevix NAO fala em propina, fala em investimento der um milhao ao longo de 4 anos em uma pesquisa cientifica/tecnologica!  Dado o assunto, nao ta parecendo anormal nao -longe disso.

  8. Sobre esta parte aqui :
    “Ainda não há, contudo, certificação da ilegalidade dos arquivos. Uma investigação mais apurada da Polícia Federal deve identificar a legitimidade dos documentos e se houve a prestação dos serviços da empresa de Othon para o recebimento da quantia de R$ 4,5 milhões.”

    O Almirante está preso mas ainda não tem certeza se é ilegal ou não. …

  9. Quando se fala em forças

    Quando se fala em forças armadas temos a impressão que elas funcionam harmonicamente. Sem ciumeiras ou inveja. A prisão desse engenheiro até hoje não está bem explicada. E está mais para sabotagem de planos que seriam capitalizados por uma das forças e, pior, por governtantes tidos por hostis ou inimigos dos militares. No mundo militar e da segurança nacional, de qualquer País, as coisas ocorrem num submundo onde a compra e venda de informações, de segredos, de negócios, lobbis não se fornece nota fiscal, nem se discrimina os serviços. E os produtos não ficam expostos em prateleiras. Simulação é o que mais existe. A pergunta que precisa ser respondida é se os projetos estão sendo desenvolvidos ou são como na normose, alguns, para efeito dedicação exclusiva e fuga das salas de aula. E as respostas só podemos aceitar se vinda de engenheiros, físicos e entendidos na área de energia nuclear e que não estejam vendidos a outros interesses que não os dos brasileiros. As licitações públicas e as exigências orçamentárias, aliadas a insensibilidade bacharelística tem levado pessoas sérias a se valer de meios imprevistos para dar cabo às suas invenções. Até porque suas idades não lhes permitem delongas. Não são como muitos desses bacharéis que são novinhos e colocam os meios como se fins fossem. Não podemos considerar uma trajetória de dignidade e trabalho útil como se maior criminoso fosse por algum deslize. Engenheiros nucleares são uma raridade e não se formam as carradas como esses que não produzem um pé de alface.

  10. Moro ameaça a segurança nacional

    Esta investigação de Moro sobre um dos principais mentores do Programa Nuclear brasieiro é uma ameaça à nossa segurança nacional e a segredos industriais e militares IMPORTANTES. Vejam senhores que estamos falando de um programa que é cobiçado e visado por todos os países importantes e potências globais, pois envolve o enriquecimento de urânio por ultracentrifugação por levitação magnétia, ÚNICO em produção com escala industrial e custo muito menor que os demais metodos tradicionais das grandes potências. Por que será que o New Yorl Times comemorou a prisão do Almirante Othon, e chamou de Programa Nuclear Clandestino, o nosso projeto?

    Para conseguir viabilizar este programa, driblando as grandes potências, embargos e e restrições à venda de tecnologias, foi necessário recorrer até à clandestinidade e a compra de equipamentos e conhecimento no mercado paralelo e isso passa obrigatóriamente por contas “off-shore”, para desvincular do governo brasileiro e despistar a espionagem internacional. Ora esta investigação por entregar de mão beijada para os órgãos de inteligência dos EUA e outras potências, os caminhos utilizados pelo Brasil e mesmo seus “fornecedores”, inclusive inviabilizando futuros avanços ou mesmo dando pistas dos nosso segredos tecnológicos. As FAAs já mostram sinais internos de grande descontentamento com estas investigações (a PF já recuou, mas o MP – aquele que foi aos EUA falar com quem já trabalhou para concorrente da ELETRONUCLEAR, ou seja foi falar com a raposa sobre a segurança do galinheiro) e principalmente com a IRRESPONSABILIDADE DO PSDB, que ao que parece tudo faz para minar o reaparelhamento das FAAs e seus projetos estratégicos que só conseguiram implementar nos governos petistas).

    1. Será que a PF recuou

      Será que a PF recuou mesmo?

      Ou apenas já terminou o trabalho sujo e puxo o fio do novelo?

      O que as FAAs iriam fazer?

  11. Se fosse nos EUA

    Se fosse nos EUA , o Pentágono e a Casa Branca  deixariam um juizinho de província vasculhar as contas de uma empresa de tecnologia nuclear e principalmente do MENTOR principal de todo o PROGRAMA DE ENRIQUECIMENTO DE URÂNIO??????/

  12. Existe infâmia neste ato de

    Existe infâmia neste ato de injustiça da justiça federal. No mínimo desvalor a uma autoridade que tento fez pelo Brasil. Triste sina de ver gente sem valor prendendo nossos valorosos cidadãos.

  13. Enquanto o Almirante continua

    Enquanto o Almirante continua preso em função de R$4,4 milhões pagos parceladamente por anos, merreca perto do custo do programa nuclear, se fosse para roubar não seria tão pouco, enquanto o isso o juiz federal de 1ª instancia que tomou os bens do Eike para uso proprio não conheceu meia hora de cadeia e estão pensando em puni-lo ferozmente, vai ser obrigado a receber sem trabalhar até o resto da vida, quem é mais valioso para o Brasil, o Almirante ou o juiz?

  14. Certamente nada tira de Othon

    Certamente nada tira de Othon Pinheiro o mérito de sua contribuição ao longo de décadas para o desenvolvimento de uma tecnologia “ímpar” para a ultracentrifugação de urànio com baixíssimo custo.
    Porém, acompanhando o noticiário, tudo indica o seu envolvimento direto no ELETROLÃO, ramificação da OPERAÇÃO LAVA-JATO.
    Vergonha para a família Pinheiro de Sumidouro/RJ, descendentes de Barões e Viscondes.
    Meu falecido avô, que era seu tio-avô (General Langleberto Pinheiro Soares) sempre teve você como referência ímpar de inteligência e capacidade.
    Gostaríamos de verdade que tudo isso tenha sido um lamentável equívoco.

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