Enquanto Bolsonaro silencia, Moro diz que 80 tiros “podem acontecer”

Bolsonaro já deu uma entrevista, fez dois discursos e publicou 17 tuítes. Mas em nenhum momento citou o fuzilamento de um músico, no Rio de Janeiro, por militares do Exército

Jornal GGN – Evaldo Rosa foi fuzilado por militares do Exército brasileiro no Rio no último domingo, enquanto transportava no carro, rumo a um chá de bebê, esposa, duas crianças e o sogro. Já é quarta-feira, e Jair Bolsonaro proferiu desde então dois discursos, deu uma entrevista e disparou 17 mensagens no Twitter. Mas em nenhum momento sequer citou o caso do músico e segurança fluminense.

Enquanto isso, o ministro da Justiça Sergio Moro deixou para romper o silêncio do governo em relação ao massacre do qual os militares tentaram escapar – emitiram uma nota imediatamente após o crime afirmando que o veículo de Evaldo carregava criminosos que haviam atirado primeiro – durante entrevista a Pedro Bial, veiculada na madrugada de quarta.

A manifestação do ministro, contudo, não teve o tom esperado. Disse Moro que “foi um incidente bastante trágico. Lamentavelmente, esses fatos podem acontecer. Não se espera, não se treina essas pessoas para que isso aconteça, mas, tendo acontecido, o que conta é o que as autoridades fazem a esse respeito.”

Moro disse que “aparentemente” foi o caso de um “incidente injustificável” e as pessoas envolvidos têm que ser punidas.

“O falante Bolsonaro não se manifestou nem para consolar a viúva”, lembrou Bernardo Mello Franco em sua coluna no jornal O Globo. O governador do Rio Wilson Witzel foi outro que lavou as mãos. “Não me cabe fazer juízo de valor”, declarou.

Para Franco, “o silêncio das autoridades soa como aval à escalada de mortes em ações policiais no país. Em 2017, foram 5.012, um salto de 19% em relação ao ano anterior.” E o perfil é o mesmo de Evaldo: 99% são homens e 76%, negros, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

De acordo com o jornalista, o crime de Guadalupe “poderia marcar uma virada, mas os políticos não parecem empenhados em fazer sua parte.”

Redação

11 Comentários

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  1. Tratar um fuzilamento de incidente é chocante. No Brasil do vale tudo a violência foi banalizada. Sergio Moro, como todo fascista, não se incomoda com o assassinato de pobres. Sergio Moro, Jair Bolsonaro, o governador do Rio Witzel todos co-responsaveis do aumento da violência em todo Brasil.

  2. Moro é o ministro Amaral Neto. Quer liberar a pena de morte sem culpas e culpados. Um cristão puro. Incidente já seria um absurdo fossem 8 tiros. 80 tiros é execução. Número de um metralhamento. Os assassinos da Marielle e de seu assessor, se valeram de 13 tiros com uma submetralhadora. São protegidos pelo crime e por criminosos do colarinho sujo de sangue e por seus vizinhos de condomínio. Os executores de mais um pai de família já estão protegidos por civis e militares do governo que detesta o povo brasileiro.

  3. Sério q alguém estava esperando q o sr presidente desse país, se manifestasse como tentativa de consolar a viúva…?!?! Tem realmente, gente de muita fé nesse “brasil”…

  4. Enquanto o governo afasta delegado, ajuda a atrasar as investigações sobre quem mandou matar Marielle, as milícias protegidas e que recebem louvores da família do presidente, agem mais rápido e matam mais um lider de comunidade: “Chega para lá que a gente tem que calar a boca dele”. Depois, abriu fogo um dos assassinos.

    https://oglobo.globo.com/rio/colaborador-de-vereador-ouvido-no-caso-marielle-assassinado-no-rio-22571328

  5. Segundo a GloboNews, o Min da Defesa diz ter sido um “acidente lamentável”.

    Semana passada ..assisti questionamentos sobre um crime que aconteceu em estacionamento em cidade da américa do norte.

    O gerente do local pediu ajuda pois a pessoa dormia no carro e eles não conseguiram acorda-la.

    A polícia chegou , passou um tempão do do lado de fora do carro e depois metralhou o sujeito lá dentro.

    Willie McCoy é o nome da vítima.

    A polícia, posteriormente, depois de inúmeras cobranças, soltou os vídeos gravados na operação. Um “PPoint”.

    Assisti, tb, os questionamentos da acusação de sua família. Inclusive com as imagens pós mortem da vítima. Mais de 20 tiros.

  6. Esqueci de detalhe importante:
    Quando a policia soltou os videos na sua mídia disse que o “sujeito era um criminoso preso anteriormente por tráfico de orgãos (ou algo parecido).

    “Esqueceram de dizer” que o cidadão foi solto, semanas depois, pois não acharam um fio de pavio que o ligasse a tal crime.

  7. Gostaria de refletir sobre o “incidente” do sr. Moro.
    Necessário diferenciar Incidente de acidente. Num incidente não existe dano, seja fisico ou material. No acidente, o dano ocorre.
    Perguntem a um piloto experiente quantos “incidentes” ocorrem em média numa viagem curta de avião. RJxSP, por exemplo. A resposta será perturbadora.
    Para descobrir a média de “acidentes” basta consultar as estatísticas, pois os resultados, em sua maioria catastróficos, são visiveis..
    Então, INCIDENTE nao foi sr. Ministro. Talvez um ACIDENTE?
    Não creio. Acidente é definido como “acontecimento casual, fortuito, inesperado…”, e OITENTA TIROS não representa um evento fortuito
    Estamos, sr ministro, diante de um homicídio doloso “octagesimamente” qualificado.
    Ao invés de ampliar a licença para matar sr. Ministro, comece a ententer o Brasil e o brasileiro. Assista filmes brasileiros e proponha ações contundentes que exterminem o crime, não as pessoas.

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