Escárnio, deboche, repugnante, desonesto: Folha “assina atestado de óbito” publicando artigo de Bolsonaro

Para jornalistas e políticos, Folha naturaliza o extremismo e abre alas para anistia a golpistas; veja reações

O jornal Folha de S. Paulo, que fez história ao cobrir as Diretas Já, agora recebe críticas de jornalistas, analistas e políticos, por abrir espaço em seu editorial para um artigo assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por crimes comuns e contra a democracia, e declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral.

No artigo provocativamente intitulado “Aceitam a democracia”, Bolsonaro sustenta que os ventos sobram em direção à direita, com cada vez mais países na América Latina e no mundo escolhendo lideranças de direita, como Donald Trump nos Estados Unidos.

O texto diz que a esquerda, quando perde eleição, fraude o resultado ou lamenta que tenha deixado o adversário de direita concorrer. Mas nada disso é capaz de parar o anseio da população por concretizar a agenda de direita, centrada na liberdade econômica, na família e na religião. Para Bolsonaro, a esquerda está desconectada do trabalhador e envelheceu sem lapidar novos líderes para os novos tempos.

Para a jornalista Cristina Serra, ao abrir espaço para que um golpista fale de democracia, a Folha assinou o “atestado de óbito”.

Já a jornalista Helena Chagas avaliou, nas redes sociais, que “o artigo de Bolsonaro na Folha hoje falando de democracia é um escárnio. Atitudes como essa da grande (?) mídia contribuem para normalizar a participação de golpistas como ele no jogo político. Fizeram a mesma coisa quando deram a Marçal um espaço que ele não deveria ter na campanha eleitoral. Isso não é democracia, é leniência em relação àqueles que a ameaçam. Bolsonaro é um golpista e deve ser banido do debate político.”

Para o pesquisador da FGV, Rafael Viegas, “Folha abre espaço para uma estratégia que visa reforçar a narrativa em torno da anistia para aqueles que atentaram contra instituições democráticas durante o governo Bolsonaro e em 8 de janeiro de 2023.”

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) afirmou que “Bolsonaro é muito descarado”.

Para o deputado federal Lindbergh Faria (PT), a Folha publicar um artigo de Bolsonaro é um “deboche”. “Bolsonaro nunca escondeu seu ímpeto autoritário. Governou perseguindo as instituições democráticas e a própria imprensa. Sabendo que ia perder as eleições, deslegitimou as urnas, o sistema eleitoral e planejou um golpe de Estado. Fracassou! Ao admitir um artigo do Bolsonaro, a Folha legitima o discurso golpista e a extrema direita. Isso não é liberdade de expressão. É conivência com o autoritarismo! Uma vergonha!”

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Bolsonaro defender a democracia é parecido com “um assassino defendendo o direito à vida. É como apagar da memória do país que o inelegível chefiou uma tentativa de golpe armado contra o presidente eleito, com gente que planejava o sequestro dos presidentes da República e do STF; que tentou sabotar o processo eleitoral e fraudar o resultado. Ele é o chefe de uma extrema direita que prega o ódio e pratica a violência contra qualquer opositor, até mesmo em seu campo. É repugnante essa tentativa de normalizar um extremista.”

A analista e especialista em linguagem, Eliara Santana, avaliou que a decisão editorial da Folha é “indefensável” pois Bolsonaro “não é um ator político do campo democrático”.

Confira algumas reações:

23 Comentários

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  1. Uma vez golpista, sempre golpista. Não existe nada de novo da Folha de São Paulo. Ela gosta de uma ditadura desde 1964. Os lucros como de costume da Folha aumentam quando ela fornece espaço para tiranos e veículos para os assassinos deles. O que falta é responsabilizar a Folha pelos crimes dos manos dela.
    Nesse caso específico, entretanto, o golpe da Folha não é apenas político. Ele também pode ser econômico. Dar espaço para o capitão genocida é uma maneira de extorquir mais dinheiro do Estado comandado pelo militar carioca sorridente que multiplicou os assassinatos cometidos pela PM e pelo PCC.

      1. Defina extremista. Graças a Deus vc pelo menos conhece a Carta e o 247. Ler já e pedir demais. RTriste ver criança em debate de adulto. Vai jogar bola, dideogame ou bater papo no Zap. Escola nem pensar. Nem estudo vai abrir essa “cabeça”. Ter grana é Bom, né. Paapai trabalha e vc gasta… E tu não sabe PN do que e direita ou esquerda. Alguem te falou e vc , como papagaio, fica repetindo.

  2. O problema, amigos do GGN, é que boa parte da população desse país triste (talvez a maioria), acredita que Jair Bolsonaro é, de fato, democrata, patriota, pela família (tanto que já teve mais de uma) e pela religião. E o que é pior, acredita piamente que esses dois últimos qualificativos são absolutamente imprescindíveis para que uma pessoa alcance um cargo público, especialmente a presidência. O que deveriam ser questões de foro íntimo, são as duas principais prerrogativas para que alguém possa se eleger.
    Não sei se o povo (o que diabo vem a ser isso?) americano, ou o argentino – para citar apenas dois que retornaram ao seio dos patriotas temente a Deus – raciocinam (sic) da mesma forma. Creio, antes, que o ser humano (isso eu sei o que é), da mesma forma que tem um pendor para a solidariedade e a generosidade, tem também uma quedinha por promessas de enriquecimento, ou simples prosperidade; e não sei se é o caso de se deixarem seduzir por promessas e acenos nesse sentido, ou simplesmente o horror do que é diferente e contrário às suas próprias crenças, gente que ganha espaço em governos progressistas, ou, simplesmente, não-trogloditas. Como negros, LGBTs, e pobres em geral, por exemplo – ainda que, ao que parece, estes não sejam capazes de enxergar relação de causa e efeito, nisso; o que garante, daqui há quatro anos, os votos para quem os oprime secularmente. Graças a Deus, dirá a Folha. Porrada! Nos caras que não fazem nada, diriam os Titãs; mas quem está dando a porrada são as meninas da torcida adversária, os acadêmicos da associação, os formandos da cadeira de direito, um certo ex-presidente, banqueiros, e jornalões. E quem a está levando são…bem, sabemos quem. Mas e daí? Parece que gostam.
    Quem se dá o trabalho de ler meus comentários já deve estar de saco cheio disso, mas eu repito: o fascismo (última linha de defesa do Capitalismo, pelo menos até a próxima vez em que seja necessário um presidente progressista para aquecer a economia real – necessidade cada vez mais desnecessária, pelo andar da carruagem) faz um apelo à natureza real do homem, e sempre acerta o alvo. O socialismo faz um apelo à natureza ideal do homem; e como as ideias não movem o mundo, nunca acerta o alvo, ainda que uma ou duas eleições vencidas o façam pensar que acertaram. Só o real é eterno, dizia um dos cristos de “A Idade da Terra”, de Glauber Rocha. Absolutamente certo. Pois Lula deixará indicadores melhores que os de Temer e Bolsonaro; mas, como se tornou, segundo ele próprio, uma ideia, em 2026 baterá com a cara na porta da realidade, pois o ser humano – em sua forma coletiva, o povo (argh!!) – não quer saber de ideias, que são difíceis de entender, quer saber da realidade da prosperidade e do enriquecimento, e seguirá perseguindo essas quimeras (para eles, bem entendido) como cachorros fazem com coelhos, nas corridas.

  3. Bolsonaro inelegível pelo TSE por ter se reunido com Embaixadores e José Dirceu livre, leve e solto. Isto sim é um escárnio. Golpe? 08 de janeiro? O golpe começou quando o Ministro Barroso atravessou a praça dos 3 poderes e sabe-se lá porque os Deputados mudaram seus votos. Perdeu mané!

    1. A Folha de São Paulo não fez história com as diretas já, fez história transportando presos políticos para serem assassinados durante a ditadura militar. A FSP não foi para o túmulo, ela levou para o túmulo militantes de esquerda. Não podemos retirar o que aconteceu na ditadura da nossa história.

  4. Cada qual com seu objetivo. A folha deve estar exultante por talvez convencer algum direitista de escrever um artigo para o semi analfabeto genocida assinar. Não esqueçamos que o jornaleco há algum tempo saiu do armário da pseudo neutralidade para assumir seu papel de ultra direita

  5. Esta manchete é uma ameça a Folha de SP?
    O pior é falarem que a Folha sempre foi de direita. O pessoal está confuso.
    Que confusão a inteligência faz nos grupos que seguem lideres de valores vazios.

  6. Em pais democrático os jornais devem publicar todos os lados não só apenas um, a folha por sua vez publicou o outro lado então a gente tem que ver como que as pessoas pensam para poder argumentar contra elas

  7. Folha de S. Paulo fazendo seu papel de sempre, com o cinismo de sempre, com as intenções de sempre. Nada de novo no front.

    Em busca da relevância perdida (há tempos), vende-se para qualquer coisa, desde de que a coisa renda uns trocados no fim das contas.

    A diminuição de tamanho no impresso simboliza perfeitamente o nanismo moral e intelectual deste moribundo jornal.

  8. Bolsonaro é ator político válido gostem ou não.

    Sua condenação, até agora, é abuso de poder político.

    Se não falar na Folha vai falar em outro lugar.

    Não li o artigo deve ser um festival de besteira mas isto precisa ser combatido com argumento.

    Folha era aquele jornal que saia em papel, não ?

    Ainda vende ? Nas bancas só vejo bala, elma chips e chocolate.

    No site só assinando e não tenho grana para tanto site e nem recebo senha de graça.

    —-

    Votei no sr Luis a propósito.

    Mas a Folha é comunista ou fascista ?

  9. Fico triste em ver tanta gente qualificada iludida por tanto tempo com a Folha. Ora, a folha nunca prestou. É como um certo jornalista bocudo ontem e “combativo” hoje. Depois que botou um boné virou uma seda. Aff!!!

  10. Tragédia II, o regresso
    Daqui a uns 2 anos, quando a tragédia se instalar novamente, o editorialista do Estadão, que faz frila na Barão de Limeira, porque os Mesquitas pagam pouco, escreverá um editorial de primeira página:
    “Como chegamos a esse ponto?”

  11. Eu penso que o jornal “A Folha de São Paulo” já morreu faz tempo. Imagino que lhe restou apenas alguns restos da sua história. Mas, por mais inacreditável que pareça, ele próprio acaba de sepulta-la definitivamente.
    A verdade maior é que: pelo rumo que resolveu adotar nos últimos tempos, a autodestruição foi favor que fez a si e ao Brasil.

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