EUA tiveram papel decisivo na invasão de Brasília, afirma especialista em teorias conspiratórias [Em observação]

Andrew cogita que o “estado profundo” brasileiro – não necessariamente ligado ao recém empossado governo Lula – foi permissivo com a invasão

O Jornal GGN reproduz abaixo a opinião do “especialista em guerra híbrida” Andrew Korybko [foto], que em artigo publicado pelo site Sputnik Brasil, nesta quarta (11), avalia que os Estados Unidos podem ter influenciado nos fatores que levaram ao “capitólio brasileiro”, no último domingo (8).

O ponto de partida da teoria de Andrew é o “estranho” fato de que tanto nos EUA quanto no Brasil, a capital federal ficou indefesa, mesmo que os governos soubessem que golpistas estavam se organizando para invadir.

Andrew cogita que o “estado profundo” brasileiro – não necessariamente ligado ao recém empossado governo Lula – foi permissivo com a invasão com o objetivo de enfraquecer a extrema-direita, uma ação que é de interesse do governo Biden.

Na visão do analista americano, a invasão bolsonarista em Brasília ajudou a “consolidar o poder” do governo Lula.

Leia com dois pés atrás, apenas para entender como a Operação Tabajara terá implicações na geopolítica mundial e como se reflete nos cultivadores de teorias conspiratórias. Não há nenhum sinal de um suposto “estado profundo” brasileiro atuando contra Bolsonaro.

A análise abaixo se baseia em deduções, algumas lógicas, mas não em provas.

Leia a matéria da Sputnik Brasil:

Por Ana Livia Esteves

Em Sputnik Brasil

EUA tiveram papel decisivo na invasão de prédios públicos em Brasília, afirma Korybko

Um dos principais especialistas em Guerra Híbrida do mundo explica à Sputnik Brasil por que EUA de Biden e Brasil de Lula agiram em conjunto para produzir a invasão às sedes dos três Poderes em Brasília em 8 de janeiro.

Em texto sobre o Brasil recentemente publicado pelo autor do livro “Guerras híbridas – das revoluções coloridas aos golpes”, Andrew Korybko sugere que os acontecimentos em Brasília deste domingo (8) são fruto de conluio entre elementos da burocracia permanente de EUA e Brasil, a fim de produzir pretextos para o enfraquecimento da extrema direita e consolidação do poder de Lula.

“Elementos das alas militares e de inteligência da burocracia permanente do Brasil conspiraram com seus pares americanos para replicar o cenário da invasão do Capitólio [em Washington, no dia 6 de janeiro de 2021], a fim de forjar uma ‘Revolução Colorida’ fracassada, que servirá de pretexto para a consolidação do poder de Lula”, declarou Korybko à Sputnik Brasil.

Segundo ele, é necessário questionar a ideia de que as burocracias de segurança brasileiras atenderiam somente aos interesses do bolsonarismo, uma vez que os Estados Unidos também gozam de forte influência nessas instituições.

“As forças militares e de inteligência são consideradas simpáticas à direita em geral e a Bolsonaro em particular”, considerou o analista. “No entanto, os militares e os serviços de inteligência atenderam à demanda de Lula para restaurar a ordem na capital no final do dia […] reconhecendo a autoridade legal do presidente como comandante em chefe.”

Apesar do questionamento, Korybko não retira a responsabilidade legal daqueles que vandalizaram as sedes dos três Poderes na capital brasileira. Segundo ele, a prisão destas pessoas não fere a liberdade de expressão ou de manifestação, uma vez que houve depredação de patrimônio público.

“A base legal das 1,2 mil prisões não se refere à expressão pública de suas opiniões ou à liberdade de expressão, mas sim às ações que eles alegadamente realizaram. Se eles infringiram a lei, precisam ser punidos“, declarou Korybko.

Aliança Biden-Lula contra a extrema direita

Para Korybko, os EUA de Biden e o Brasil de Lula estariam unidos pelo interesse de combater as suas oposições internas de extrema direita, representadas pelo trumpismo e bolsonarismo, respectivamente.

“O diretor de Inteligência Nacional dos EUA [DNI, na sigla em inglês] avaliou, no início de 2021, que ‘extremistas violentos com motivação racial ou étnica e milícias extremistas violentas representam as ameaças advindas de extremistas domésticos violentos mais letais para os EUA'”, disse Korybko, citando relatório do órgão norte-americano.

Segundo ele, “essas forças estão associadas a elementos da direita, o que confirma a seriedade com que o ‘estado profundo’ dos EUA encara essa ameaça”.

“Esse relatório foi publicado após a invasão do Capitólio, o que leva alguns a especular que há uma politização exagerada da ameaça, com o objetivo de gerar um pretexto para reprimir apoiadores do ex-presidente dos EUA, Donald Trump”, sugeriu Korybko.

O analista traça paralelos entre a reação norte-americana aos eventos no Capitólio e a brasileira aos eventos de domingo (8), lembrando a adoção do termo “terrorista” para lidar com os violadores da lei.

“A reação do governo Lula ao incidente de domingo, que o líder recém-reeleito descreveu como uma série de ‘atos terroristas’, […] sugere que este governo compartilha da avaliação do DNI dos EUA, de que alguns elementos da direita consistem em ameaça grave ao Estado”, explicou Korybko.

Extrema direita internacional

A aliança entre Biden e Lula para combater a extrema direita é reforçada pelo fato de Trump e Bolsonaro fazerem parte de uma mesma rede internacional ultraconservadora. Um dos principais articuladores da extrema direita nos EUA, Steve Bannon, declarou apoio aos atos em Brasília neste domingo em rede social.

Korybko nota que a postagem de Bannon não pode ser considerada uma prova do apoio material do magnata à tomada da sede dos três Poderes em Brasília, mas revela muito “sobre as posições políticas pessoais dele”.

“Bannon é conhecido por simpatizar com Bolsonaro e as redes políticas de ambos os líderes estão alegadamente conectadas. Por isso, há motivos para suspeitar que eles tenham laços financeiros”, considerou Korybko.

Para o analista, tanto Biden quanto Lula têm o interesse de reforçar as ligações entre Bannon e os incidentes de domingo, a fim de processar judicialmente lideranças de direita de ambos os países por apoio à tentativa violenta de golpe de Estado.

“Os governos Biden e Lula poderiam explorar o pretexto mencionado para reprimir suas respectivas oposições de direita“, considerou Korybko. “Dito isso, enfatizo que, em qualquer país, qualquer pessoa que tenha infringido a lei e seja considerada legalmente culpada deve ser punida.”

Continue lendo o artigo aqui.

De um profundo conhecedor da geopolítica americana

Prezado Luis: 

Não foi sem profundo conhecimento dos instrumentos do seu próprio trabalho que George Orwell ( na realidade Eric Arthur Blair) escreveu 1984. Orwell era um funcionário oculto do MI5, entidade que na época cuidava não só da segurança doméstica do UK mas também da internacional (o que mais tarde vai ser tratada pelo MI6..).  

Nesse trabalho oculto, Blair posou como homem de esquerda baseando se nos seus excelentes artigos sobre as condições dos mineiros de carvão em Walles . Mas fez isso para entregar muita gente da esquerda sem deixar vestígios. Nessa tarefa no MI5 ( de longe o melhor serviço de inteligência no mundo em sua época) eles se especializaram em técnicas de double- talk, arma ousadíssima em inteligência em que você embute elementos verdadeiros em uma trama para levar a que a informação falsa q vc quer ” vender” passe na            ” boiada” desapercebidamente. 

Esse texto é um excelente exemplo de mais do que double talk: é um multiple- talk. Comecemos: 

O sistema de inteligência americano é hoje na realidade um arquipélago de vários componentes, objetivos, meios e linguagens. Na criação da CIA foi tentada uma unificação de meios e sobretudo de comando que funcionou na primeira década mas se esfacelou (sem que os não iniciados percebessem) nos meados dos anos 60. 

Havia quem queria guerra total custasse o que custasse, quem queria guerra parcial, quem era contra a guerra  , e tudo isso e seu contrário. A NSA originalmente era mera coletora de inteligência Humint e Elint  passou a ser intérprete e geradora de fake humint e elint. E de fake fake. E de fake-fake-fake. E fake- ad nauseam. Com suas próprias metas. 

O Trump não é o  autor de muitas das aparentes loucuras que vc viu ele fazer. Quando la para trás, com Nixon o então grupo dominante na comunidade de inteligência, contra a ferrenha oposição do State Department decidiu que a maneira de vencer a Rússia era fazer da China uma potência concorrente para se aliar ao Ocidente o grupo o buscava uma acomodação com Rússia para exatamente evitar o crescimento da China viu se ofuscado e fora do poder na intelli esfera…

 Eles retomaram o poder com o Trump e iniciaram a reaproximação com a Rússia e ofereceram à Coreia do Norte apoio contra seu real inimigo, a China.  Agora eles estão por baixo e os anti Russos estão por cima.  Tudo isso para dizer a você o seguinte: não há mais uma linha americana mas linhas americanas brigando por trás do painel. O Bolsonaro foi criação da comunidade de informação Trumpista ( que nem Trumpista realmente é, mas sim  anti China.) Aqui ela se confundiu toda pois os interesses da direita troglodita por trás do Bolsonaro pensava mais no seu dinheiro do que na Ideologia ou ordem mundial. 

Dai o idiota do Araujo precisar ser trocado por outro… Ironicamente como os escravocratas brasileiros do período do ďinicio do XiX apoiavam as ideias     Napoleônicas  pois elas  eram inimigas dos ingleses que eram anti escravidao pois tinham a India para explorar. 

Desculpe por essa digressão  enorme. Mas não existe essa articulação que o moço sugere. Há outras, tão ou mais perigosas, mas isso é para outra conversa..

Abraço

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8 Comentários

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  1. Sejam quais forem as hipóteses, o Brasil precisa de uma posição soberana e com amplo respaldo multilateral, principalmente com parceiros menos intervencionistas que os EUA. Não é necessário muita imaginação pra concluir que por essa linha narrativa do artigo nossa mídia oportunista venha, caso seja lucrativo, a virar chave dos argumentos e passe a responsabilizar o executivo por conivência com a invasão, com fins “escusos” de poder apertar o cerco ao ultra direitismo, “produzindo perseguição política” e derretendo assim a já exigua credibilidade com a qual o executivo começou a gestão. As eleições americanas estão por acontecer, a situação econômica lá não é das melhores e Biden tá enlameado até o último fio de cabelo com essa política de guerra por procuração na Ucrânia. A depender do resultado das eleições, uma dependência do imperialismo pode ser absolutamente catastrófica pro Brasil. Precisamos fazer nossa faxina nós mesmos, construindo nosso próprio conceito de justiça, ou serão mais 40 anos aí de retrocesso de todas as espécies.

  2. Caramba,
    Vindo do Pepe Escobar e do Sputnik obviamente é narrativa do Putin. Não falha.

    O GGN não devia ser canal de desinformação reproduzindo narrativas evidentemente feitas, essas sim, pelo Estado russo ou por qualquer estado.

    Putin pelo jeito quer afastar Lula e a esquerda brasileira do Biden. Não esquecer que Putin e Trump são parças.

  3. CIA, KGB, MLB, CBF e os Escoteiros de Patopólis, o Mossad ficou de fora.
    As “instituição” tão tão desacreditados que tudo é possível.
    Eu por exemplo só confio em perfil falso de Rede Social…

  4. Só existe um Estado Profundo no mundo, e é o dos Estados Unidos: o binômio Bancos-Grandes Corporações.
    O resto é satélite. O Estado Profundo da Inglaterra é o Banco da Inglaterra, a City, que assumiu o país depois que Hitler mandou o império britânico para o espaço; o da Alemanha é o nazismo velho de guerra, que apenas, agora, não ousa dizer o nome e dispensa líderes histriônicos, mas não seus recalques, preconceitos, e noção de superioridade; essas últimas características valem para todos os países europeus, desde aqueles que se julgam óperas de Wagner até aqueles que sabem ser apenas operetas. Todos tem o seu, originalmente encarnações chauvinistas dos autocriados Mitos Fundadores da Nação, e depois meras subsidiárias dos interesses americanos overseas. A Europa esgotou sua sanha conquistadora e sanguinária, que vinha desde o Tratado da Vestfália, em 1945; os EUA assumiram o comando, e mesmo culturalmente toscos, criaram o moderno sistema de prosperar: fazendo guerra, sugando riqueza e gerando miséria longe do próprio território, o que a Europa não fez até a partilha da África e da Ásia; a América foi só um acidente geográfico e de navegação, o que poupou aos americanos do norte o peso de carregar um vício de origem. Os europeus, após séculos derramando o próprio sangue em seu próprio chão, são, em si, um vício de origem; hoje, carregam suas feridas e as lambem, enquanto os americanos preservam a própria pele intocada e imaculada.
    O mundo é deles, eles se espalharam pelo mundo para saquear, roubar, pilhar, estuprar, dizimar, em uma palavra, levar a Civilização aos quatro cantos do mundo. Estado Profundo é com eles. Aqui no Brasil, a palavra ‘profundo’ sugere rimas e ironias entre o escatológico e o wit de um aluno de quinta série. Como é o nome do sujeito? Korybko? Vai procurar Estado Profundo em outras paragens, Korybko. Aqui o Estado é raso, e profundo é só o poço onde nos meteram, e onde nos comprazemos em permanecer.

  5. Realmente o jogo se resume a chamada guerra civil in DC. Um grupo anti-China e o Grupo anti-Russia. O resto não passa de narrativa. Nos artigos mencionados, as referencias as analises de Zoltan Poltzar dão contexto ao essa tentativa de golpe tabajara. Nos últimos 6 meses, a China deu passos gigantescos com a criação do chamado petro-yuan, criando um sistema de pagamentos paralelo a o sistema financeiro ocidental. A entrada do Brasil e Argentina nesse sistema causaria uma massa critica a esse movimento que tornaria isso irreversível. Isso explica o panico do grupo anti-China nos EUA e tentativa de destabilização do governo no Brasil.

  6. Na verdade é um artigo de opinião, sinalizado no próprio site da Sputnik como tal. Podemos discordar ou concordar com ele, desde que tenhamos argumentos. Eu discordo por motivos simples, as operações híbridas não utilizam o formato relatado por ele, nem há, por enquanto, nenhum indício de alinhamento do governo dos EUA com o governo empossado. Tweets de apoio não são alinhamento. No entanto uma frase preocupou, a de que os EUA está pronto para trabalhar com o atual governo. Quantas vezes ouvimos isso antes de um ataque americano ao modo híbrido? Dilma vem a mente? Não descarto que a tentativa de golpe tenha dedos americanos. Toda a guerra híbrida desencadeada passa por esse processo de questionamento de eleições nos países alvos, mesmo que haja um tweet de apoio, ou declarações públicas de condenação. Vimos que enquanto afaga com uma mão, a outra atinge o coração. Enquanto brava por democracia, incentiva tentativas de revoluções em países e governos que não lhe agradam. Não acabará por aqui, sabemos disso. Haverão outros questionamentos, manifestações, até que o governo balance, e aí entram em campo os apaziguadores (golpistas) para acalmar o país e assim mudar o regime para que os EUA possam intervir diretamente em seu próprio benefício, assim como foi com Temer e Bolsonaro. Não haverá intervenção direta por via militar, os EUA já abandonaram esse modelo há quarenta anos, lá pelos idos dos anos 80, mas haverá participação ativa deles (os militares) na desestabilização do governo e assim facilitar a transição da paz (intervenção ou golpe como queiram chamar). A visita do secretário de defesa dos EUA ao Brasil alertando militares para não darem golpe não tem caráter de advertência, mas de distribuição de ordens, pois os meios empregados serão diversos da intervenção militar. Não acabou por aqui, sabemos disso. A pergunta pertinente é: Conseguiremos resistir ao ataque híbrido? Nossas instituições se venderão ou resistirão?

  7. O “profundo conhecedor da geopolítica americana” quis ser irônico ou conhece pouco de George Orwell – e também de Eric Arthur Blair. A história da “Orwell List” já era conhecida antes de ser largamente publicizada no começo deste século. Uma coisa é ser anti-stalinista e ter algum tipo de ilusão quanto a um governo trabalhista britânico, outra é ser um agente imperialista, um X-9.
    Se foi uma ironia, perdoem-me a obtusidade. Mas se foi falta de conhecimento ou barbeiragem histórica, seria bom corrigir a informação. Orwell, como qualquer socialista (categoria ideal sem aplicabilidade real) que carregue alguma ilusão quanto à Democracia (categoria ideal sem aplicabilidade real), tendia a agarrar-se a, por exemplo, um regime democrático (sic) parlamentarista como meio para alcançar um regime socialista. Some-se isso a um horror ao totalitarismo, e temos o quadro que levou Orwell a elaborar sua lista. A Democracia (tal como a conhecemos) é o totalitarismo do livre mercado e mais nada; é um pano de fundo político para garantir a prevalência de forças econômicas. A única outra liberdade que este regime contempla é a de vender a própria força de trabalho, para os pobres, e a de comprar essa força, para os ricos donos dos meios de produção. Não é difícil entender o processo mental que levou Orwell – já com a saúde debilitada, então – a fazer sua lista.

  8. No xadrez, o mate é o objetivo final. O garoto Bob nos anos 1950s criou um tipo de estratégia aleatória que exigia sacrifícios das suas preferidas peças pretas. Não é o estilo russo, ou cubano. Parabéns ao Nassif por advertência de 2 pés atrás. Lula não e clauzewitziano e prefere usar o tempo em vez da força. Talvez inconscientemente nosso Sun Tzu, que evitava o confronto até ter certeza da vitória. O problema está oculto na minha análise imperfeita, mas o problema é o Chuchu. No caso do Peru a vice pode levar o pais andino a ficar de ponta cabeça. PT precisa colar no Lula e ter coragem.

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