
As eleições municipais em João Pessoal, estão ganhando os holofotes da grande mídia por suposta influência de facções que impedem candidato e eleitores de exercerem seus direitos políticos. Ex-governador da Paraíba e figura proeminente do PT, Ricardo Coutinho afirmou, em entrevista ao GGN, que há influência do crime organizado na máquina pública está estampada na operação da Polícia Federal que apreendeu R$ 35 mil e materiais de campanha em residência de uma vereadora aliada ao atual prefeito, Cícero Lucena (PP-PB), que vem sido acusado pela oposição de se beneficiar da crise.
A Operação Território Livre cumpriu nesta terça-feira (10) três mandados de busca e apreensão no bairro São José e na residência da vereadora Raíssa Lacerda (PSB), em João Pessoa. Durante as diligências foram encontrados os R$ 35 mil em dinheiro vivo, além de vários documentos com dados pessoais de diversas pessoas que não moravam no local da busca, contracheques de funcionários da prefeitura e celulares, reforçando a investigação policial que combate o aliciamento violento de eleitores e destapa a atuação de organização criminosa na capital.
“O direito à livre escolha que uma eleição deveria proporcionar vem sendo, absurdamente, violentado em João Pessoa, além do próprio perigo que é você ver crescer a participação do tráfico nas coisas públicas”, diz Ricardo Coutinho. De acordo com ele, a população dos bairros dominados pelas facções estariam sendo impedidas de receberem campanhas de candidatos adversários do atual prefeito ou não poderiam sair de casa por causa de toques de recolher.
Segundo Coutinho, há uma ação tramitando na justiça sob sigilo, que já havia desencadeado outra operação por parte da Polícia Federal. Em maio de 2023, a Operação Mandare realizou busca e apreensão em vários endereços.
Nesta quarta-feira, os candidatos à prefeitura de João Pessoa Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos) denunciaram durante coletiva de imprensa a suposta ligação da Prefeitura da capital com o crime organizado, e protocolaram no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) um pedido para que tropas federais estejam presentes nas eleições municipais, e a quebra do sigilo das investigações da Polícia Federal.

Quanto ao pedido de intervenção de tropas federais para garantir o processor eleitoral, Ricardo Coutinho expressa ceticismo sobre o que ocorreria com essas população quando o reforço policial não estivesse mais presente. “As tropas federais não vão garantir o ir e vir nas comunidades”, afirma Coutinho.
Por outro lado, ele ressalta a importância de que o governador, João Azevêdo (PSB), enquanto chefe da segurança do Estado, se imponha diante dos fatos. “A omissão dele equivale a uma confissão, já que além de omisso, ele apoia o atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena”, disse Coutinho. Procurado, o governo da Paraíba negou omissão [leia a nota completa abaixo].
Coutinho relatou ainda uma situação que lhe ocorreu durante a campanha eleitoral de 2022 quando foi impedido de entrar em Nova República, bairro em que ele havia trabalhado com projetos de infraestrutura durante seu mandato como prefeito de João Pessoa. “Chegou um gurizinho de bicicleta e disse: não pode entrar não, tô trazendo aqui o recado, porque se entrar…”, relembra o ex-governador, que não denunciou o caso acreditando ser um fato isolado.
No entanto, segundo ele, a prática havia se tornado regra de João Pessoa e se estende até hoje devido ao novo modelo de negócios do tráfico que supostamente passa pela máquina pública. No atual processo eleitoral, Coutinho alega que “vários vereadores foram colocados para correr nos bairros da cidade”. “Depois de Bolsonaro, esse país está aderindo às facções criminosas que entram na política. Essa é uma coisa nacional”, disse o petista.
OUTRO LADO
Procurada, a assessoria de imprensa do governo do Estado respondeu que não há omissão por parte da Segurança Pública da Paraíba no enfrentamento de quaisquer crimes em território paraibano. “Somente este ano, de janeiro a agosto, foram realizadas dezenas de operações dentro e fora do Estado, com prisões, apreensões de armas de fogo, munições e drogas, em conjunto com Ministério Público – Gaeco e com a Polícia Federal, inclusive em outros estados da federação, a exemplo de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Piauí, Maranhão, com 72 prisões fora da Paraíba, sendo 60 ligadas ao crime organizado.”
A Secretaria de Comunicação do governo da Paraíba ainda informou que “todas as ações realizadas pela Segurança Pública da Paraíba, que estão ligadas às eleições 2024, estão sendo encaminhadas à Polícia Federal, que tem a atribuição legal de apurar esses casos. Em relação à Operação Território Livre, o trabalho também foi realizado pela Polícia Federal, que detém as informações e a competência sobre as apurações de possíveis crimes eleitorais.”
Já a prefeitura de João Pessoa sustentou, em nota, que “nenhum imóvel ou repartição do Município foi alvo de busca e apreensão na manhã desta terça-feira (10). Tampouco qualquer servidor público municipal nomeado ou contratado está entre os alvos da Operação Território Livre da Polícia Federal. A gestão lamenta ainda a tentativa de utilização de tais fatos para insinuar o envolvimento de qualquer autoridade do Executivo municipal com eventos dessa natureza.”

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