
Publicada originalmente em 13/05/2020
Em entrevista ao GGN, Collor fala do impeachment, militares e dramas familiares
Por Luis Nassif
Hoje de manhã, fiz uma live de uma hora e meia com o ex-presidente Fernando Collor, na qual ele abordou vários ângulos de sua gestão na presidência, a campanha do impeachment e os dramas familiares.
Inicialmente, descreveu sua infância e adolescência, sua convivência com a juventude dourada do Rio de Janeiro e, depois, em Brasilia, aluno de uma escola experimental criada por Darcy Ribeiro.
Fala do início de sua carreira política, como prefeito nomeado de Maceió e, depois, deputado federal e governador de Alagoas.
Candidato a presidente, assimila o discurso de Margareth Tatcher. Passa a apostar na desregulação vendo a burocracia que cercava a atividade, nas empresas jornalísticas de seu pai. Na equipe econômica inicia, a par de debelar o processo inflacionário, o desafio seria uma grande abertura comercial e, ao mesmo tempo fortalecer as empresas nacionais com o PBQP (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade) e a reestruturação do Sebrae.
Collor narra em detalhes como amadureceu a ideia do bloqueio de cruzados. A convicção nasceu de uma reunião com Mário Henrique Simonsen, presentes os economistas André Lara Rezende e Daniel Dantas. A complicação surgiu na administração do bloqueio, na necessidade dos bancos manterem dois sistemas funcionando, um para cruzados, outro para novos cruzados. Não foi uma saída exitosa, mas foi a possível.
Ele descreve também a montagem das Câmaras Setoriais, das quais a mais bem sucedida foi a da Indústria Automobilística, que juntou montadoras, cadeia produtiva e centrais sindicais.
Contas as circunstâncias da história de taxar o carro nacional de carroça.
Fala também do desgaste com os militares, quando extinguiu o SNI e o desenvolvimento nuclear brasileiro, que buscava então a bomba.
Relata também o encontro com André Lara Rezende, intermediado por Hélio Jaguaribe, sogro de André na época, em que foi apresentado ao Plano Brasil Ouro, que seria o futuro Plano Real. Não foi implementado em função das eleições municipais e, depois, da campanha do impeachment.
Fala das tentativas de aliança com o PSDB, travadas por Mário Covas. E, depois, com Leonel Brizola, intermediadas por seu Ministro Alceni Guerra – alvo, depois, de uma campanha cruel da Globo. A aproximação com Brizola custou-lhe também o rompimento com Roberto Marinho. Lembra – e se comove – com o alerta de Brizolla para não fazer como Getúlio Vargas, ante a campanha da mídia.
Indaguei dele, também, os impactos na família do assassinato político do embaixador José Jobim, que tinha informações sobre corrupção na construção de Itaipu.
Conta o drama familiar com a entrevista de Pedro Collor para a revista Veja, que precipitou o impeachment. Fala da tentativa do irmão de suspender a entrevista. Depois, a decisão da mãe em retirá-lo da presidência do grupo, por intuir que estaria com problemas de saúde. Logo depois, uma entrevista de Pedro, dizendo não mais considerar a mãe, provocou um AVC que a deixou em vida vegetativa por dois anos. Logo depois, Pedro foi diagnostico com três tumores no cérebro. A mãe morreu poucos dias depois da morte do filho.

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