Guardian desmascara congresso brasileiro que acatou impeachment

Jonathan Watts (18/4), correspondente do Guardian para a América Latina, descreveu bem ao mundo de fala inglesa a sessão do Congresso brasileiro (17/4) que deu suporte à aceitação do processo de impeachment contra Dilma Rousseff. O Congresso brasileiro foi qualificado no periódico britânico como “manchado por corrupção”. Seu presidente, de “arquiteto da demolição política”. E mais, de acordo com Watts, o deputado que preside a Câmara é “um homem que conspira nas madrugadas para derrubar o governo e livrar a si mesmo das acusações de corrupção”. O jornalista continuou a explicar o presidente de nossa câmara baixa ao mundo. O correspondente britânico o chamou de “evangélico conservador acusado de perjúrio e corrupção”.

Como exemplo da oposição mais radical em um momento de insânia, foi publicada a fala vergonhosa de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), “o deputado de extrema-direita que dedicou seu voto a Carlos Brilhante Ustra, o coronel que encabeçou a unidade de tortura do DOI-CODI durante a época da ditadura”, comentou o correspondente.  O elogio à tortura feito pelos Bolsonaros (pai e filho) publicado no periódico inglês não será esquecido na comunidade internacional.

Também não serão olvidadas as atuações de Paulo Maluf (PP-SP, “na lista vermelha da Interpol por conspiração”), Nilton Capixaba (PTB-RO, “acusado de lavagem de dinheiro”), ou Silas Câmara (PRB-AM, “sob investigação por forjar documentos e apropriação indevida de fundos públicos”). Mas o melhor veio quando o jornalista explicou a farsa tantas vezes presente na democracia brasileira:

“Por vezes a sessão expôs o lado farsesco da democracia brasileira, como o Partido das Mulheres que só tem deputados homens, ou o Partido Popular Socialista (PPS), que é um dos grupos maia à direita no Congresso”.

Aqui faço um comentário necessário: O PPS é um dos partidos mais reacionários do Brasil. Legado do PCB stalinista, a agremiação conservadora nunca passou de um grupo de repetidores acéfalos dos manuais stalinistas. Nunca foram nada além de lacaios de segunda classe da Moscou assassina durante o período do “demônio do Cáucaso” (Stalin era natural da Geórgia). Seus quadros, que já incluíram gente brilhante e bem-intencionada no passado, limitam-se hoje a servos simplórios dos grandes partidos de oposição. O PPS é um funcionário disciplinado do capitalismo especulador desgovernado e suas ambições perigosas.

No dia 5 de março deste ano, em entrevista à Globonews, o senador respondeu com dureza ao deputado Carlos Zaratinni (PT- SP), que apelou à razão e à História, ao lembrar a antiga solidariedade entre as esquerdas. Freire respondeu e tentou demonstrar indiferença e frieza. Mas a raiva em sua fala foi óbvia:

“O PCB sofreu uma perseguição em uma época em que o mundo vivia a Guerra Fria. Era um momento histórico completamente diferente do que vivemos hoje, não há nenhuma relação entre eles”, esclareceu Freire. “Cometemos muitos erros, mas nunca nos enxovalhamos com a corrupção, como fez o PT.” (Fábio Matos – Assessoria do Parlamentar).

Ele não disse só isso. Freire ainda acrescentou: “ A União Soviética não existe mais”…“não faz mais sentido lembrar os tempos da Guerra Fria”. O político esqueceu a História. O PPS também.

Freire parece ser um homem perdido nos tempos pós-União Soviética. Em 2012 (7/5), ele publicou no Twitter a intenção de Dilma Rousseff incluir em cédulas da moeda nacional a frase “Lula seja louvado”. Era uma brincadeira, O Brasil inteiro entendeu. Mas o político acreditou e de imediato virou piada nas redes sociais. Vejam:

 

Os stalinistas perderam o rumo quando deixaram de receber instruções de Moscou. Caro (a) leitor (a), seu sei que muitos vão protestar contra minha crítica aos comunistas. Mas notem que ela aponta para o leninismo-stalinismo, e não para as correntes da esquerda que sempre fizeram oposição aos dois assassinos do socialismo. E de Trotsky.

O Guardian fez muito bem ao denunciar o partido como “um dos grupos mais à direita no congresso”. O PPS sempre invejou Lula, o PT e suas conquistas. Não deu tempo ao partido dos trabalhadores defender-se da avalanche de acusações feitas contra ele depois do “mensalão”. Aderiu de imediato à direita liberal e tornou-se um porta-voz  inflamado  de suas teses mais reacionárias.

O PPS nunca arriscou e nunca vai arriscar nada. Ele quer ficar nas sombras do poder e isso basta a ele. Esse partido não tem nenhum compromisso com as lutas populares do povo brasileiro. Sua traição ao sofrimento das camadas mais necessitadas da população não será esquecida depois deste domingo, dia 17 de abril de 2016.

 

 

 

Redação

2 Comentários

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  1. votação pelo impeachment: o que está por trás

    O artigo não menciona o principal. E muitos noticiários cometem o erro de confundir também investigações com lava jato. a direita não tem medo algum da operação lava jato, que é absolutamente de direita e só persegue o PT, demonstrando claramente que sua preocupação é com as eleições de 2018, quando Lula é considerado como imbatível. O problema é que apareçam outras investigações. A posição democrática da Dilma que em hipótese alguma aceita invertir na PF é que motivou os votos a favor do impeachment. Os políticos brasileiros em geral estão em pânico. Todos têm algo que os faz temer a cadeia. O que Temer ofereceu para todos os políticos foi parar com a investigação, e não com o lava jato. A Dilma não ofereceu isso, e sim cargos. De que adianta ser Ministro e ir pra cadeia?

     

    1. Por trás do Impeachment

      O melhor sempre fica de fora, Luiz. A questão das nomeações erradas de Dilma nas “grandes corporações govermamentais” (MP, PF, Supremo – ver  texto  de João Ferez Júnior nesta publicação) foi crucial para  o que aconteceu ontem. Agora que a coisa ficou feia muita gente da imprensa que não costuma escrever sobre política o faz para tentar evitar  a derrubada do regime. Como disse Jânio de Freitas, “talvez seja tarde”. Os especialistas estão sobrecarregados. E há aqueles que se calaram. Por autocensura, ou porque querem se reescrever em outro momento. Obrigado pela atualização” Luiz. Textos de internet precisam delas.

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