O Blog do Nassif é sem dúvida um dos portos mais seguros para o debate minimamente arejado, contudo é preciso reconhecer que depois de certo tempo o público tende a se especializar e, inevitavelmente, ser alvo de generalizações das mais toscas nesse Brasil adolescente do odeio quem pensa diferente de mim. Mas atenção, odiar é algo totalmente diferente do divergir. Ora, grande novidade, Francy! As generalizações do tipo: privatizar é algo demoníaco, ou que direitos sociais são compra de votos ou peleguismo estatal, estão no mesmo patamar.
Quem frequenta, comenta, ou contribui de certa forma para tornar esse espaço o mais plural possível é conduzido à sacola dos chapa branca, aqueles de apoio irrestrito a qualquer atuação do Governo em voga, mesmo aquelas mais erradas possíveis. O alegado fanatismo petista proferido por próceres da mídia, repetidos copiosamente pelos que associam censura apenas como algo derivado do Estado totalitário, e alguns provocadores de estimação aqui do Blog nada mais é do que outra vertente de fanatismo, o antipetismo. Já testada, provada, e sustentada é a bipolarização não em termos partidários, mas em termos de fanatismo. Pois bem, não existe, repito, não existe diferença entre o petismo e o antipetismo.
Como não atribuir fanatismo aos defensores da apologia ao estupro feita por deputado federal reconhecidamente anti PT? Precisa disso apenas pelo simples prazer de ser anti PT? Como não ligar fanatismo às afirmações sobre golpe bolivarinista, em dúvida um dos mais ridículos sintomas de fanatismo antipetista? Como explicar que pobres de origem e recém-incluídos na chamada classe média, cujos antepassados foram pessoas escravizadas, negarem o racismo arraigado no Brasil apenas para serem contra políticas de igualdade racial implementadas pelo PT? Como explicar que mesmo mulheres reptem certos jargões machistas como “política não é lugar de mulher” apenas para ser contra Dilma?
Todos que apresentam tais sintomas de fanatismo antipetista negam veementemente que são fanáticos, o fanatismo está do lado de lá. E sim, também está. Achar que o funcionalismo público não deve ser alterado no sentido de incutir a ideia que quando o servidor falha o Estado também falha, é coisa fanática. Dizer que toda privatização é ruim, mesmo com o trauma efeagaciâno dos anos 90, é fanatismo de esquerda e de vertentes do PT sim senhor. Querer definir nas Universidades onde os recém-egressos devam atuar em função de fundamentalismo da defesa do meio ambiente é sintoma de fanatismo. Mesmo que não concordemos com a atuação de empresas privadas, capitalistas na mais maldosa concepção, não cabe a nós definir onde a pessoa deve buscar o seu sustento. Não tem essa, vivemos no capitalismo e ninguém quer saber se você não arruma um emprego porque empresas que ofertam vagas fazem “mal ao meio ambiente”. Não interessa, os credores vão cobrar e você terá que pagar suas contas!
Todos esses anos de Blog, desde 2009, serviram para perceber que nada é o que parece ser no primeiro momento. Mesmo assim, isso não significa que deva ser oito ou oitenta. É ingenuidade achar que denuncia no JN possa servir de base para rotacionar e escolher outra opção política. Afinal, caso existisse tal volatilidade na intenção de votos devido à profusão de denúncias, ninguém seria escolhido, votado, enfim, tudo parado. O PT errou e erra? Novidade. Continuar votando no PT, mesmo com os erros do partido, é ser fanático? Só se for considerado fanatismo votar no PSDB para “acabar com a corrupção do PT” também o for. Enfim, como podemos ver esse debate levou a exaustão, ficou chato demais, pois todos acham que seus lados são impolutos, ou que tem menos pecados que o lado do outro. Os que vivem se equilibrando em cima do muro cometem o erro primaz de tentar se mais realista do que o Rei em um mundo em que é impossível ser unanimidade. Daí porque mesmo o Nassif sendo um dos mais plurais da blogosfera ser repetidamente referido como chapa branca. Tem jeito não, já cansou.

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