Jornalista corrige imprensa: sequestradores de Abílio Diniz foram extraditados, não libertados

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Os sequestradores não foram soltos. Eles foram transferidos para seus países de origem para cumprir lá a pena"

O jornalista Marcelo Godoy, do Estadão, compartilhou uma série de informações no Twitter sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz, no final da década de 1980, para “reparar” manchetes recentes da imprensa brasileira. No último final de semana, repercutiu nas redes sociais um vídeo de Lula contando que buscou Renan Calheiros (ex-ministro da Justiça) e Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente) para “soltar” os sequestrados.

“Agora, um reparo. Os sequestradores não foram soltos. Eles foram transferidos para seus países de origem para cumprir lá a pena em razão do crime, segundo as normas da Lei de Execução Penal brasileira. Tratou-se, assim, de transferência de preso”, confirmou o jornalista Marcelo Godoy, que acompanhou o caso de perto.

O vídeo de Lula explicando como tentou acabar com a greve de fome dos sequestradores – que era uma preocupação para o governo FHC à época dos fato, em 1998 – foi compartilhado em grupos bolsonaristas, no perfil oficial de políticos da extrema-direita e também na imprensa profissional, com manchetes que reafirmavam que Lula agiu para “libertar” os sequestradores, como se a intenção fosse suspender o cumprimento da pena.

Conforme o GGN explicou nesta matéria aqui, Lula não agiu para “soltar” ninguém. O que o ex-presidente petista fez foi, diplomaticamente, procurar o governo FHC para acelerar negociações por acordo de troca de presos com Canadá, Chile e Argentina, e encerrar a greve de fome promovida pelos sequestradores.

O grupo de sequestradores era formado por canadenses, chilenos, argentinos e apenas 1 brasileiro, que ficou no Brasil cumprindo pena até poder migrar de regime, conforme a lei. Naquele ano de 1998, quando as tratativas para a extradição começaram a sair do papel, os sequestradores já haviam cumprido mais de 8 anos em regime fechado.

Godoy ainda trás, da memória, outra informação: Lula ter se aproximado do governo FHC para acelerar as tratativas de extradição era fato público e notório.

Leia mais: Lula e os sequestradores de Abílio Diniz: o que aconteceu de fato

“Para quem não se lembra. Este velho repórter cobriu todo o caso. Lula visitou os sequestradores de Abílio Diniz no HC e conversou com Fernando Henrique. Foi tudo público. Nada escondido. FHC fechou acordos com Chile, Argentina e Canadá e mandou os presos para seus países.”

O jornalista também comentou que a greve de fome citada por Lula não era a primeira: os sequestradores receberam visitas dos cardeais Dom Evaristo Arns e Dom Claudio Hummes e de políticos, como Eduardo Suplicy, Renan Calheiros, e outros que também não conseguiram resolver. “FHC temia que os sequestradores morressem aqui. Buscou-se uma solução política para o caso.”

Por fim, o acordo de troca de presos foi noticiado pela imprensa na época. Godoy ainda acrescentou um fato: segundo apuração dele, três integrantes do comitê central do MIR-Político assumiram que o sequestro fora “uma ação do MIR chileno e das FPL salvadorenhas para financiar os 2”. Nenhum deles foi processado no Brasil.

Leia o fio completo aqui.

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