
Publicado originalmente em 18/06/22
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou mais uma polêmica durante a campanha após revelar, na sexta-feira (18), ter procurado Renan Calheiros (MDB) e o ex-chefe do Executivo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para libertar os sequestradores do empresário Abílio Diniz da prisão.
A fala do petista tem servido de munição para grupos bolsonaristas que disseminam um trecho do vídeo sem o contexto dos fatos, dando a entender que o pedido de Lula foi no sentido de suspender a condenação dos sequestradores.
O que aconteceu, na verdade, foi que, após negociações diplomáticas, os sequestrados foram extraditados para seus respectivos países, para continuar cumprindo pena segundo as leis locais.
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Quando o governo FHC anunciou que faria o acordo com outros países, em 1998, os sequestradores já haviam cumprido mais de 8 anos de regime fechado no Brasil. O grupo de 10 condenados era formado por canadenses, chilenos, argentinos e um único brasileiro, que pelo bom comportamento e cumprimento parcial da pena, estava em vias de progredir para o regime semi-aberto. Este último acabou indultado.
O episódio relembrado por Lula teria acontecido em 1998, 10 anos após o sequestro de Abílio Diniz, em 1989. Os sequestradores, após cumprirem um terço da pena, passaram a contar com apoio de governos e de órgãos de direitos humanos para retornarem a seus respectivos países. As negociações para a extradição estavam enroladas há meses. Os presos decretaram greve de fome em um movimento contra a lentidão.
O papel de Lula, no caso, foi de intervir diplomaticamente evitando a morte dos presos, que ameaçaram começar uma seca, sem comida e água.
“Esses jovens, que tinham argentinos, tinha gente da América Latina, ficaram presos 10 anos…Teve um momento que eu fui conversar com o Fernando Henrique Cardoso porque eles estavam em greve de fome e iam entrar em greve seca. A morte seria certa. Aí então eu fui procurar o ministro da Justiça chamado Renan Calheiros”, contou Lula, durante um evento de pré-campanha em Maceió (AL).
Na época, Calheiros orientou Lula a conversar com FHC sobre o caso, uma vez que tinha “toda a disposição de mandar soltar o pessoal”. O ex-presidente então teria argumentado com FHC que, ao soltar os presos, ele teria “chance de passar para a História como um democrata”. Caso contrário, o “presidente que permitiu que 10 jovens que cometeram um erro, morram na cadeia”, algo que “não vai apagar nunca”.
Segundo Lula, FHC afirmou que libertaria os presos se o petista os convencesse a acabar com a greve de fome. “E eu fui na cadeia no dia 31 de dezembro conversar com os meninos e falar: ‘Olha, vocês vão ter de dar a palavra para mim, vocês vão ter de garantir pra mim, que vão acabar com a greve de fome agora e vocês serão soltos‘”, falou o ex-presidente.
De acordo com reportagens da época, os canadenses foram extraditados em 1998, por meio de um acordo entre os países. Reportagem da Folha cogitou a possibilidade dos canadenses ficarem em liberdade condicional no Canadá. Os outros estrangeiros também retornaram aos seus respectivos países de origem e cumpriram a pena de acordo com a legislação local. O único brasileiro envolvido no caso cumpriu a pena em regime fechado até ter a chance de requerer o regime de progressão.
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Desnecessário levantar esse assunto nesse momento, com a extrema direita querendo dar um golpe. Pareceu arrogante. O Lula pode perder somente dele mesmo …
Mas defendeu uma esquerda que fez uso da violência , eu , enquanto deixarem , discordo.
Mas frente ao outro cara ainda seria meu voto.
Ou seja, lula mentiu novamente, bravateando que ele soltou os bandidos. Que, aliás, nunca foram só uns meninos que cometeram um erro. Eram sequestradores experientes.
Sequestradores experientes? Vocês já leram sobre o sequestro do embaixador americano durante a ditadura daqui? Como foi tudo amador? Um espanto ter dado certo? Acham que essa foi diferente? Eram uns jovens tontos, tanto quanto os companheiros do Gabeira. E já tinham cumprido 10 anos, pelo sequestro de um capitalista tão pernicioso quanto Abílio Diniz chega, não?