Kakay: PGR errou ao não abrir investigação sobre Lava Jato em Curitiba

"A sociedade brasileira, o Poder Judiciário e especialmente o MPF merecem o esclarecimento cabal de tudo o ocorreu e ocorre no seio dessa Força Tarefa de Curitiba"

Jornal GGN – O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou nesta quarta (1/7) que a Procuradoria-Geral da República sob Augusto Aras errou ao não abrir, de imediato e de maneira direta e definida, uma investigação sobre o modus operandi da Lava Jato em Curitiba.

A manifestação ocorre após conversas de Telegram provarem que Deltan Dallagnol achou “conveniente” pedir ajudar ao FBI em processos que tramitavam sob Sergio Moro, sem passar pela autoridade central brasileira, que é o Ministério da Justiça. A justificativa era de que ele e agentes da Polícia Federal não queriam “correr o risco” de que informações da Lava Jato passassem pelo Executivo na época em que Dilma Rousseff era presidente.

Leia também: Dallagnol achou “conveniente” pedir ajuda direto ao FBI, passando por cima da lei

“O Procurador Geral errou ao não abrir uma investigação direta e definida. Voltemos ao bordão da Lavajato: ‘ninguém está acima da lei!’. A sociedade brasileira, o Poder Judiciário e especialmente o Ministério Público Federal merecem uma investigação séria e o esclarecimento cabal de tudo o ocorreu e ocorre no seio dessa Força Tarefa de Curitiba. Com a palavra o Dr Aras”, diz Kakay.

A Lava Jato em Curitiba trava queda de braço público com a PGR desde que a subprocuradora Lindora Araujo solicitou informações que a turma de Dallagnol se recusa a compartilhar.

Confira, abaixo, a nota completa:

Para ser coerente com toda a minha formação como advogado e com toda a minha pregação garantista pelo Brasil nos últimos tempos, tenho, sempre, defendido que ao Juiz Sergio Moro e aos membros da Força Tarefa de Curitiba devem ser garantidos todos os direitos constitucionais que eles sempre negaram aos que tiveram o infortúnio de serem julgados por eles.

Nesse último episódio, registrei que não entendia muito o motivo da maneira contundente, nervosa, quase descontrolada com que reagiram à visita de uma Subprocuradora e a certos questionamentos. Reafirmei que, em nenhuma hipótese, e sob nenhum pretexto, pode haver ofensa à completa independência funcional dos membros do Ministério Público.

Questionei, ainda, que a mim não me parecia que os atos do Procurador Geral tinham o contorno de uma investigação sobre o juiz que coordenava a Força Tarefa e os Procuradores membros desta Força Tarefa. Me parecia, sem conhecer os detalhes, que era uma tratativa absolutamente republicana dentro do próprio Ministério Público.

No entanto, a cada dia esse grupo de Curitiba surpreende mais. Fazendo uma análise, neste momento, de todo o quadro, me parece que o Procurador Geral, Dr. Aras, errou. E afirmo isto depois de conversar com vários membros do Ministério Público. A grande maioria, esmagadora maioria, gente séria, dedicada, competente. Gente que não aceitaria o diálogo:

“Obrigado, Vlad, mas entendemos com a PF que neste caso não é conveniente passar algo pelo Executivo.”

Vladimir foi mais direto: “A questão não é de conveniência. É de legalidade, Delta. O tratado tem força de lei federal ordinária e atribui ao MJ a intermediação.”

Dentre outros trechos preocupantes do diálogo consta : “Nosso parceiro preferencial para monitorar pessoas tem sido o DHS, mas podemos trabalhar com o FBI também. Quanto antes tivermos os dados, melhor.”

Ou seja, o Procurador Geral errou ao não abrir uma investigação direta e definida. Voltemos ao bordão da Lavajato: “ninguém está acima da lei!”. A sociedade brasileira, o Poder Judiciário e especialmente o Ministério Público Federal merecem uma investigação séria e o esclarecimento cabal de tudo o ocorreu e ocorre no seio dessa Força Tarefa de Curitiba. Com a palavra o Dr Aras.

Kakay

 

Redação

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