Krugman mostra preocupação com falta de reservas contra futura crise

Em entrevista, vencedor do Nobel de Economia em 2008 diz que a próxima crise vai vir de várias coisas ao mesmo tempo, e o cenário será de juros praticamente zerados entre as economias do G10

Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – O economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2008, acredita que a próxima crise não será tão previsível quanto outras que ocorreram, e a possibilidade é que a próxima crise seja um conjunto de várias coisas ao mesmo tempo – algo semelhante com a recessão norte-americana de 30 anos atrás.

“De vez em quando se vê algo tão claro que a crise é previsível, como a bolha imobiliária, que foi um ciclo óbvio. Mas agora não há nada assim. O que quer que seja, não parece óbvio”, disse Krugman, em entrevista ao jornal El Pais. “Provavelmente a próxima crise virá de várias coisas ao mesmo tempo, uma mistura de muitas coisas pequenas. Também tivemos esse tipo de crise, a recessão de 30 anos atrás, por exemplo”.

E o que preocupa, neste caso, é que o cenário pegará as economias do G10 (o grupo das 10 economias mais ricas do mundo) com taxas de juro praticamente zeradas. E não se sabe como será a resposta para essa instabilidade.

“O Banco Central Europeu não pode baixar mais os juros, eles já são negativos. E a Reserva Federal [banco central dos EUA] tem pouca margem para fazer isso. Vamos nos deparar com um buraco na estrada e os amortecedores do carro já foram usados”, explica Krugman. “Nesse caso, a política econômica do Governo ajuda, mas temo que talvez não tenhamos gente muito boa tomando decisões. Em 2008, tivemos sorte de ter pessoas inteligentes para enfrentar a crise. Agora a Europa não tem nenhuma liderança e Estados Unidos têm Trump. Não está claro que tenhamos uma boa resposta”.

Outro ponto abordado foi a mudança climática, considerada por Krugman um dos principais problemas para a economia global. “Temos dois problemas: um, ter um Partido Republicano que é negacionista, e o outro, a mudança climática. Se Deus quis criar um problema realmente difícil de combater antes de ocorrer uma catástrofe natural, esse problema é a mudança climática”, pontua o economista. “(…) Se tivéssemos uma liderança forte nos Estados Unidos, poderíamos ter adotado uma ação efetiva, mas, em vez disso, temos um Partido Republicano que nega o problema. Assim, é bastante assustador. As possibilidades de catástrofe são muito altas”.

Redação

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