Lula teria ganho com 51% se brancos e nulos não tivessem caído ao menor patamar da história

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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"Certamente brancos e nulos foram direcionados a Bolsonaro. Ele conseguiu mobilizar esses votos que, geralmente, são conservadores", diz Ramirez

Lula
Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Lula (PT) teria vencido as eleições gerais de 2022 com 50,76% dos votos válidos se o volume de votos brancos e nulos não tivesse caído ao menor patamar da história. “Arredondando, 51% dos votos”. É o que calcula Mauro Paulino, ex-diretor do Datafolha, hoje analista da GloboNews.

A declaração de Mauro Paulino sobre Lula ter vencido no primeiro turno de 2022, se brancos e nulos tivessem se mantido no mesmo patamar de 2018, ocorreu na tarde desta segunda (3) durante o programa GloboNews Mais, comandado por Julia Duailibi. No centro da entrevista estava a diretora do Datafolha Luciana Chong. Ela explicou por que as pesquisas do instituto divergiram dos resultados das urnas.

Durante apuração ao vivo do primeiro turno das eleições 2022 na TVGGN [assista abaixo], o cientista político Paulo Ramirez chamou atenção para a queda de brancos e nulos e antecipou o impacto disso na votação de Jair Bolsonaro, que largou na frente de Lula quando as urnas abriram.

“Certamente esses brancos e nulos foram direcionados a Bolsonaro. Ele conseguiu mobilizar esses votos que, geralmente, são conservadores”, disse Ramirez na noite do dia 2 de outubro, com a marcha da apuração em andamento.

A eleição 2022 acabou com uma taxa de 4,41% de brancos e nulos. A última vez que brancos e nulos chegaram a este patamar foi em 1994. Em 2018, brancos e nulos foram o dobro deste ano, 8,8%.

Por que Lula não venceu no primeiro turno?

No Datafolha da véspera do 1º turno, Lula tinha 50% dos votos válidos, contra 36% de Jair Bolsonaro. Quando as urnas fecharam, em 2 de outubro, Lula terminou com 48% dos votos e Bolsonaro, 43% – uma diferença de quase 6 milhões de votos de vantagem para o petista.

Na visão de Chong, as pesquisas acertaram em alguns aspectos: primeiro, mostrando que Lula chegaria à frente de Bolsonaro na disputa presidencial. Mesmo a votação final de Lula ficou dentro da margem de erro da pesquisa Datafolha da véspera. O que surpreendeu, afinal, foi o patamar de votos de Bolsonaro.

Segundo Chong e Paulino, além de contar com a queda dos brancos e nulos, Bolsonaro tirou vantagem da migração dos eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet. A terceira via já vinha desidratando lentamente a cada pesquisa e, na reta final, parte do seu eleitorado ainda estava disposto a migrar para outro, na tentativa de liquidar a fatura no primeiro turno.

Além disso, os especialistas destacaram outro fator que movimento o dia da eleição: o fato de a eleição ser atípica, com dois candidatos que já foram presidente da República disputando juntos pela primeira vez. Paulino ainda acrescentou uma possível dificuldade, por parte dos institutos, em capturar a “dinâmica do voto conservador” graças à campanha contra as pesquisas feita pelo bolsonarismo.

Para Chong, “não podemos dizer que houve erro [em pesquisa eleitoral]. A pesquisa não tenta acertar resultado. Pesquisa é fotografia de toda a eleição. Se não tivessem as pesquisas, a sociedade não teria informações para decidir seu voto” e fazer esses movimentos de última hora.

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2 Comentários

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  1. Achei insuficiente explicação. E nenhum comentário sobre mais de 30 milhões de abstenções? Quem vai votar em branco/nulo ou fica em casa e justifica (<10 R$ de multa) tem o mesmo objetivo, de votar "em ninguém".

    Quem mobilizar mais esta fatia de 30 milhões de ausentes leva pra casa. E ai, os bozominions são mais fanaticos e mais fortes na mobilização.

    Equipe do lula deve mostrar o que seria um 2. turno do bozo. Teocracia, milicia pra todo país, poderes absolutos p bozo. Precisa levantar o "medo" nos indecisos

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