Macedo invadiu o mundo pela porta de seu templo

Jesus Cristo não é mais o Senhor

Postado em 08 ago 2014
 
 
Pastora Jane

Pastora Jane

 
 

“Nós apoiamos Israel por que todas as outras nações foram criadas por atos dos homens, mas Israel foi criado por um ato de Deus!”

Quem diz isso, apoiado em passagens bíblicas, não é nenhum rabino, nem sequer um israelense e nem mesmo um judeu, ortodoxo ou não.

Quem prega isso é o pastor texano John Hagee, fundador e principal missionário da Igreja Cornerstone – Pedra Angular – de San Antonio, Texas. Segundo ele, a igreja tem pouco mais de vinte mil fiéis, o que não é muito para os padrões evangélicos, mas Hagee também é proprietário da empresa Ministérios John Hagee que retransmite seus programas nacionais americanos de rádio e TV para 249 países, “24 horas por dia, sete dias por semana”.

Hagee é apenas um de muitos líderes de um movimento evangélico crescente nos Estados Unidos, o sionismo cristão, que defende o apoio incondicional dos cristãos a Israel pelo simples fato de que Cristo é judeu. Ponto.

O reverendo protestante americano Stephen Sizer informou no Middle East Monitor que um em cada quatro cristãos americanos, entrevistados pela revista Christianity Today, acredita que deve apoiar o Estado de Israel.

Esse apoio chega a 63% entre os evangélicos brancos, segundo uma pesquisa do Pew Research Center. O sionismo cristão está presente nas principais correntes evangélicas americanas, como as Assembléias de Deus, as pentecostais e Batistas do sul.

O movimento existe desde o início do século XIX, quando um grupo de cristãos britânicos começou a insistir na restauração judia da Palestina como uma necessidade para o retorno do Cristo. O movimento ganhou força em meados daquele século, quando os interesses britânicos, franceses e alemães na Palestina se intensificaram.

O sionismo cristão, portanto, precedeu o próprio sionismo judeu em mais de 50 anos.
Se você está se perguntando se a inauguração do Templo de Salomão por Edir Macedo, proprietário da Igreja Universal do Reino de Deus, significa sua adesão a esse movimento, tudo que indica que sim.

A luz amarela acendeu quando o DCM revelou o novo figurino do “bispo” Macedo, coberto por um manto, igual ao talit, sobre o tradicional terno e gravata dos pastores pentecostais, um grande quipá sobre a cabeça e uma longa barba sobre o rosto.

As transformações do bispo prosseguem em tudo mais. Na denominação do novo templo, nas pedras da fachada trazidas de Hebron, em Israel, nas oliveiras plantadas no jardim, na indumentária de todos os demais atores coadjuvantes do cenário.

Tudo isso o DCM descreveu. E mais: que a presidente Dilma compareceu à inauguração do templo de Salomão e sentou-se na primeira filaeira, em companhia do próprio anfitrião.

A luz vermelha, porém, foi acesa pela jornalista Laura Capriglione, em seu blog. Laura teve acesso a depoimentos de quem esteve na festa de inauguração do novo altar de Macedo, onde o lema “Jesus Cristo é o Senhor” saiu de campo e foi trocado por “Santidade ao Senhor”.

Músicas religiosas tradicionais judaicas eram tocadas por uma orquestra de câmera. No lugar de letras góticas, o alfabeto hebraico.

Outro pequeno detalhe, porém, é mais revelador do que todos os outros juntos: além do brasileiro, o hino de Israel também foi entoado durante a cerimônia, logo após o anúncio das autoridades presentes.

Tanta preocupação em resgatar a história bíblica e tocam um hino composto há uns 67 anos atrás, como se o hino do Estado de Israel fosse o hino da Terra Santa.

Além da presidente da República, compareceram o governador do estado, o último e o atual prefeitos da cidade, o vice-presidente da República, o presidente do Supremo Tribunal Federal acompanhado de um dos ministros da mesma corte, o ministro da Casa Civil e o secretário-geral da Presidência da República.

Só para citar alguns dos próceres da República presentes ao convescote.

Ao final de sua pregação, Macedo anunciou ao público que iria se reunir com a presidente numa área reservada de suas instalações.

Isso é muito preocupante.

O sionismo cristão é um movimento de apoio ao sionismo israelense.

A presidente acabou de criticar o massacre de palestinos da Faixa de Gaza por Israel, que tratou o Brasil de “anão” e provocou a convocação do embaixador brasileiro em Tel Aviv.

Os recados públicos no novo templo neosionista expentecostal foram claros.

Os privados, ficaram em segredo.

O missionário sionista John Hagee promove uma noite em honra de Israel em todas as principais cidades americanas e realiza um encontro anual em Washington, onde os líderes evangélicos encontram os congressistas americanos cara a cara, em defesa de Israel.

Em Brasília, segundo a BBC Brasil, 80 manifestantes evangélicos protestaram contra a política externa brasileira e a favor dos ataques israelenses à Palestina. O grupo, liderado pelo deputado federal Lincoln Portela (PR-MG) foi recebido pelo embaixador Lincoln Portela, subsecretário do Itamaraty para a África e o Oriente Médio.

“Nós amamos o povo palestino e temos orado pelas mães palestinas, os idosos, crianças, mas não aprovamos o terrorismo”, afirmou a pastora Jane Silva, presidente da Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios e da Comunidade Brasil-Israel.

E acrescentou: “Quando o governo fala mal de Israel, fala mal de nosso Jesus. E Israel tem o direito de se defender e de existir. Israel é palco da história bíblica e está muito claro para nós que o Hamas é um grupo terrorista que quer destruí-lo”.

Eles temem, ainda, que a peregrinação brasileira à Terra Santa possa ser afetada.

Edir Macedo já pensou nisso e já reergueu o Templo de Salomão na Faixa de Gaza paulistana.
O Brasil já entrou no clube dos maiores produtores mundiais de petróleo e a guerra santa já desembarcou no país.

Pela porta de seu templo no Brás, Macedo entrou na geopolítica mundial.

 

Redação

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