Média de salários nos setores criativos é 6% maior no Brasil

Em 2008 indústria criativa já movimentava no mundo U$ 500 bilhões em produtos e serviços
Indústria criativa paga 6% mais que outros setores no mercado de trabalho brasileiro, segundo dados do IBGE 
 
Os setores da chamada indústria criativa pagam salários médios 6% maiores do que pagam outros setores no mercado de trabalho brasileiro, segundo levantamentos recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE). 
 
O termo indústria criativa nasceu nos anos 1990, na Austrália, em seguida fortalecido no Reino Unidos no final da mesma década. Diz respeito a empreendimentos que dependem da criatividade e de trabalhos individuais, como design, moda, cinema, softwares, artesanato e entretenimento no geral. Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), apenas 2,5% do Produto Interno Bruto brasileiro é composto por recursos advindos das áreas criativas. Para o secretário nacional de economia criativa do Ministério da Cultura, Marcos André Carvalho, o dado é preocupante e mostra o quanto o país está atrasado em perceber o valor desses setores para o desenvolvimento socioeconômico na contemporaneidade. Para se ter ideia, em 2008, a indústria criativa movimentou no mundo 500 bilhões de dólares em produtos e serviços. 
 
“Não se trata somente de uma economia criativa ou de uma nova economia. Estamos falando de uma nova sociedade, de uma nova humanidade. Isso porque poucas gerações passam por uma virada de século, e menos ainda por uma virada de milênio como a nossa. Além disso as mudanças estão ocorrendo de modo muito rápido pois estamos na sociedade da informação onde tudo está conectado. A informação flui de uma maneira rápida e é essa sociedade que produz essa nova economia”, ponderou o secretário durante sua participação no Fórum Brasilianas.org – A indústria criativa brasileira, realizado em outubro no Rio de Janeiro.
 
Segundo o André Carvalho a produção cultural é o ponto chave na economia atual. “A Inglaterra e a Austrália já descobriram isso há 15 anos e estão faturando muito e promovendo o bem estar social e o desenvolvimento econômico através dos setores criativos”, completou. Nas próximas décadas, o intangível, ou seja, os setores baseados na cultura criativa passarão a valer mais na composição do produto interno bruto das nações desenvolvidas do que os setores ligados a indústria e a commodity. 
 
“Nós somos uma geração onde todos produzem cultura e todos estão veiculando cultura. As pessoas estão o tempo inteiro consumindo cultura, trocando informações, trocando conhecimento, que é a grande moeda, o grande tesouro dessa geração”. Talvez por isso, considerou o secretário, seja tão necessária uma revolução na educação brasileira e mundial para se adequar a nova geração sedenta por acessar e construir conhecimento.
 
Políticas no Brasil 
 
O secretário considerou que as políticas públicas de incentivo as organizações culturais de vária regiões deram um salto com a implantação dos Pontos de Cultura, idealizados pelo então secretário da cidadania cultural do Ministério da Cultura, Célio Turino, na gestão do ministro Gilberto Gil (2004-2010). 
 
“Naquela época o ministro encerrou com àquela política dos ‘amigos do ministro’ que chegavam [no balcão do] Ministério da Cultura e conseguiam dinheiro. A partir dali começaram a ser publicados editais avaliados por comissões compostas pela sociedade civil. Isso foi uma quebra de paradigma”, observou.
 
Porém a abertura de editais para fomentar o desenvolvimento de pontos de cultura no Brasil afora não foram suficientes para melhorar a distribuição de recursos do Ministério da Cultura. “Observamos de início que dois terços dos grupos culturais eram informais e não podiam participar [dos editais] pois não sabiam traduzir, por exemplo, aquela realidade linda do terreiro ou da periferia para o papel”, contou. Assim, os grupos que ganharam os editais continuaram sendo os mesmos que antes acessavam os recursos do Ministério da Cultura.
 
Para tentar solucionar esse problema no Rio de Janeiro, a Secretaria Estadual de Cultura criou um escritório de apoio no formato de caravana que passou a percorrer todo o território formalizando grupos populares. “Foi um sucesso absoluto. Tivemos 75 cidades que receberam pontos de cultura entre 92 municípios. Isso se espalhou criando uma rede de 230 pontos de cultura [no estado do Rio de Janeiro] de todos os tipos: de caiçaras, quilombolas, ciganos, candomblés, de pescadores”. 
 
O secretário de economia criativa aponta que o grande desafio hoje é “quebrar a lógica perversa dos editais e das leis de incentivo”, pois acredita que esses mecanismos são responsáveis pela descontinuidade de inúmeras experiências culturais. 
 
“O produtor cultural está sempre com um pires nas mãos. Monta uma temporada de teatro e, daqui à pouco, desmonta tudo, demite todo o mundo e, em seguida, está novamente com o pires nas mãos porque nunca consegue pensar de uma maneira estratégica como diversificar suas fontes de financiamento”. Nesse sentido dois problemas precisam ser enfrentados: a falta de conhecimento sobre gestão de empreendedores culturais e mudanças de paradigmas quanto a avaliação de crédito de fontes privadas de financiamento.
 
Para solucionar o problema da gestão, o Ministério da Cultura dará início no primeiro semestre de 2014 a implantação de 13 incubadoras em 13 estados. “Estamos assinando convênios com esses estados e já temos compromissos de Belém ao Rio Grande do Sul, com meta de atingir os 27 estados brasileiros”, explicou André Carvalho. As incubadoras irão oferecer formação em gestão cultural com o grande desafio de adequar a linguagem dos cursos a setores tão diversificados que vão da produção de filmes e aplicativos para celulares, ao artesanato e danças regionais. 
 
Redação

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