Milícia é suspeita de mascarar números de violência em bairro do RJ

Números sobre a criminalidade em Santa Cruz podem ser bem diferentes da realidade; grupos paramilitares expulsaram traficantes e passaram a controlar comunidades

Bairro Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – Um dia após a divulgação das estatísticas da violência no Rio de Janeiro pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), o Ministério Público estadual afirmou que a milícia está mascarando os índices de criminalidade no bairro de Santa Cruz, na zona oeste da cidade.

O balanço divulgado mostra redução em diversas ocorrências no bairro que, segundo investigações, está tomado por grupos paramilitares desde 2018: os dados do relatório mostram que Santa Cruz (um dos maiores bairros do Rio) registrou queda de 53,54% no total de homicídios, passando de 99 em 2018 para 46 no ano passado. As mortes em confronto caíram de 26, em 2018, para 3, em 2019.

Outros tipos de crimes também diminuíram: os casos de encontro de cadáver caíram de 35 em 2018 para quatro em 2019. E foi no ano passado em que a Polícia Civil aumentou as investigações sobre cemitérios clandestinos usados pela milícia na região. Porém, o ISP registrou um aumento nos casos de extorsão no bairro, de 44 (em 2018) para 52 (em 2019) – e a prática não é denunciada por muitas pessoas.

Em entrevista ao jornal O Globo, comerciantes da região dizem que o bairro está menos violento, pois os milicianos “escondem todos os tipos de crimes que praticam”, além de cobrarem uma taxa de segurança mensal de quem possui empresas na região. Um dos entrevistados declarou pagar R$ 200 ao mês de taxa de segurança.

Atualmente, a milícia tomou conta de todas as comunidades de Santa Cruz. Com a ajuda de uma facção do tráfico, os milicianos expulsaram bandidos que controlavam as comunidades do Rola, de Antares e do Aço.

Redação

2 Comentários

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  1. Finalmente alguem teve coragem de dizer isso. Os números da violência estâo caindo porque agora o tráfico é controlado pela própria polícia, que é também que faz o leventamento dos crimes. Os crimes cometidos pelos próprios policiais não estão contabilizados por corporativismo.

  2. Muita gente boa embarca nessa de analisar “a violencia” SOMENTE pelas estatísticas de homicídio. É desnecessário dizer que a vida é o bem mais importante no código penal, por isso o homicídio é punido com a pena máxima mais elevada.

    No entanto, NÃO é por causa disso que o debate sobre segurança é feito em cima dos números de homicídios. Ocorre que são os ÚNICOS números minimamente confiáveis (e olhe lá), afinal, “está lá o corpo estendido no chão”.

    As estatísticas de roubo e de furto, crimes que vitimam um numero muito maior de pessoas, padecem de todo tipo de problemas de subnotificação. E as pesquisas de vitimização, comuns em todo mundo civilizado, são demonizadas pelas corporações policiais e até mesmo por acadêmicos que se dedicam ao tema, quando deveriam ser saudadas como uma informação a mais.

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