Nordeste: desafio está no planejamento

Falta de planejamento põe em risco desenvolvimento regional Foto Agência Brasil
Fórum Brasilianas aborda dificuldades da economia nordestina; Estudos da Unasul procuram integrar Nordeste brasileiro a outros países da América Latina
 
Sexta economia do mundo e entre os dez países mais desiguais. Esse simplificado retrato do Brasil aponta para o grande desafio social que tem pela frente para transformar crescimento em desenvolvimento equitativo.
 
Dados apresentados durante o 22º Fórum de Debates Brasilianas.org – Os novos polos de desenvolvimento – apontam para uma tendência, ainda tímida, de desconcentração de riquezas no país. A expansão média do PIB no Norte e Nordeste, por exemplo, foi de 0,7% de 2000 a 2008, contra regressão de 2,3% do PIB da região Sudeste. Ainda assim, a participação do Sudeste na composição do PIB nacional é de 56%, contra 5% do Norte e 13% do Nordeste.
 
Segundo Esther Bemarguy de Albuquerque, secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI) do Ministério do Planejamento, nos últimos dez anos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), assim como os programas de transferência de renda, e a de valorização de 66% do salário mínimo em termos reais foram fundamentais para aquecer a economia das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, abrindo margem para a desconcentração dos polos de desenvolvimento no país.
 
Obviamente o mercado externo favorável à venda de commodities das regiões dependentes da exportação de primários, como Norte e Centro-Oeste, também contribuiu para essa mudança. De 2008 a 2010, o valor das exportações no país saltou de US$ 60 bilhões para US$ 256 bilhões, recorde histórico.
 
Jurandir Vieira Santiago, presidente do Banco do Nordeste, também participante da mesa de debates, incluiu as grandes obras de infraestrutura ao conjunto de fatores que melhoraram a renda e o PIB do Nordeste. Até 2014 deverão ser investidos R$ 125 bilhões na implantação ou melhora de ferrovias, aeroportos, portos, interligação de bacias hidrográficas, e às obras da Copa do Mundo.
 
Esses investimentos estão atraindo o setor privado e com isso reduzindo ainda mais a participação da agricultura na composição do PIB regional. “Nos anos 1970 o setor agrícola era responsável por 23% do PIB do Nordeste. Agora, expectativa é que em 2020 é que essa representatividade desça para 5%, com 35% para a indústria e o restante (65%), para o setor de serviços, movido, principalmente, pelo turismo” completou.
 
Santiago ressalta, por outro lado, que sem investimento governamental planejado e de longo prazo, as disparidades sócio-econômicas entre o Nordeste e o Sudeste demorarão décadas para desaparecerem, mesmo que a região continue a crescer cerca de 1 ou 2% mais que as demais, lembrando que o PIB per capita médio do Nordeste é de R$ 8 mil enquanto o PIB per capita nacional é de R$ 17 mil.
 
Recursos que podem mudar tudo
 
Os esforços para mudar a estrutura do Estado brasileiro terão que ser constante e de longo prazo isso porque, do ponto de vista de Esther, o desequilíbrio regional tende a aumentar com os investimentos estatais no pré-sal. Dos R$ 109 bilhões previstos para serem aplicados, R$ 31 bilhões serão alocados no Sudeste, R$ 19,5 bilhões no Nordeste, por outro lado, menos de R$ 1 bilhão desse orçamento está previsto para o Centro-Oeste, R$ 3,7 bilhões no Norte e R$ 3,5 bilhões no Sul.
 
Se comparados esses investimentos aos recursos previstos no âmbito do Orçamento Geral da União (OGU), veremos que o país continuará concentrando maior parcela no Sudeste. Dos R$ 98 bilhões previstos para o ano de 2012, 33% serão alocados no Nordeste (R$ 19,5 bilhões), numa tentativa de equilibrar a distribuição, entretanto 25% para o Sudeste (R$ 25 bilhões).
 
No plano da diplomacia
 
Segundo Esther, o desafio para nivelar o desenvolvimento no território é ainda maior, ao lembrar a precária infraestrutura brasileira. O plano de integração da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), aprovado em novembro, prevê a construção de 31 projetos de infraestrutura, 11 deles para ligar o Brasil a todos os países do grupo, pelo menos nove com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
 
A secretária adiantou que estão sendo feitos mais estudos, no âmbito da Unasul, para integrar o Nordeste brasileiro a outros países da América Latina.
 
A seguir, acesse as apresentações utilizdas por Jurandir Vieira Santiago e Esther Bemarguy de Albuquer. 

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