O Brasil dentro do Brasil: assassinatos de negros crescem 23%, de brancos caem 6,8%

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Reportagem de Gil Alessi, no El País, mostra a realidade da desigualdade racial no Brasil. Baseada no Atlas da Violência 2018, números demonstram a realidade de um Brasil inserido no Brasil, crescem 23% os assassinatos de negros, e caem 6,8% os de brancos. 
 
Essas informações estão no Atlas da Violência 2018, parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos. Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0 por 100.000 habitantes contra 40,2)”, diz o texto. 
 
São conclusões sombrias as encontradas no Atlas, que tornam impossível ignorar o racismo entranhado no país. Os estados que concentram os piores números sobre esta realidade são Sergipe (79 por 100 mil habitantes) e Rio Grande do Norte (70,5). As menores são encontradas em São Paulo (13,5), Paraná (19) e Santa Catarina (22). “A conclusão é que a desigualdade racial no Brasil se expressa de modo cristalino no que se refere à violência letal e às políticas de segurança”, diz o estudo. 

 
No caso das mulheres negras a situação também é grave. A taxa de homicídios entre elas “foi 71% superior à de mulheres não negras”. Mas os homens continuam sendo as maiores vítimas da violência.
 
Somente no Paraná a situação é diversa. A taxa de homicídios entre não negros foi maior do que a de negros: 30,6 e 19. E, no caso de São Paulo, esta triste realidade aproxima negros e não negros: 13,5 e 9,1, respectivamente.
 
Idade é outro fator a contribuir para o assassinato. Jovens são as maiores vítimas, e sem eco do poder público em termos de políticas públicas que possam amenizar esta triste realidade. No BRasil, 33.590 jovens foram assassinados em 2016, sendo 94,6% do sexo masculino, representando um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior. 
 
Onze Estados tiveram crescimento da violência letal nos últimos 10 anos. Sergipe lidera, com 64,7 homicídios por 100 mil habitantes em 2016, e se segue a ele o Acre (54,2).
 
Nos destaques positivos, o Atlas mostra que Paraíba e Espírito Santo tiveram diminuições gradativas nas taxas de homicídios. Isso se deve aos programas lançados em 2011, “Paraíba pela Paz” e o “Estado Presente”. No momento do lançamento, esses Estados ostentavam os lugares de 3º e 2º lugares dos mais violentos do país. Em 2016, com políticas públicas, foram para o 18º e 19º.
 
A diminuição dos números de homicídios em São Paulo, que começa em 2000, não são inteiramente compreendidos pela academia. Um dos fatores pode ser o maior controle sobre armas de fogo, melhoria na organização policial, redução demográfica no número de jovens e até mesmo a ação do Primeiro Comando da Capital, grupo criminoso que teria ajudado a brecar as mortes nas periferias.
 
A Polícia que mais mata no Brasil é a do Rio de Janeiro que, em 2016, matou 538 pessoas, quase o dobro apurado em 2015. No total, a polícia matou 4.222 brasileiros em todo o território nacional.
 
Leia a matéria na íntegra clicando aqui.
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Pardos e negros
    Algo que me chama a atenção é que nessas estatísticas os pardos são incluídos no conceito de negros, mas isso não acontece quando o assunto são cotas raciais ou produções culturais. Não duvido dos dados, mas não concordo em racializar a questão. Quem mais morre é pobre, seja pardo ou negro.

  2. Quem está matando os negros?

    Os brancos ou os negros? Quem mata mais? os brancos ou os negros? Para onde aponta esse tipo de materia que trata a violencia como um fenomeno de origem racial? Para a Africa do Sul, no minimo. Para quem interessa esse destino?

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