O “golpe branco” e o “recalque” das classes dominantes contra Lula

 

Ao abrir os jornais de hoje e ler suas manchetes principais podemos observar através de um olhar crítico o “golpe branco” que vai sendo moldado por setores da classe dominante brasileira. E por quê setores? Porque parte dela esteve, e está, ao lado de Lula e de o Partido dos Trabalhadores em suas administrações. Fica, portanto, interessante observar que as lideranças mais significativas destas frações estejam encarceradas, senão vejamos: Marcelo Odebrecht, (Construtora Odebrecht.), José Carlos Bumlai, pecuarista, André Esteves banqueiro, entre outros. Vale destacar a operação (Lava-Jato) realizada na Petrobrás, a mais importante empresa estatal brasileira, onde estão os melhores quadros técnicos do Estado brasileiro, e suas respectivas prisões. Não venho aqui discutir se as ações empreendidas pelo grupo palaciano são ilegais, ou não, mas o que chama a atenção é que todos figuram como aliados de Lula, em seus governos. Seletivamente estas lideranças foram apreendidas em uma trama urdida nos porões da Justiça brasileira, onde alguma ações tomadas infringiram regras básicas do processo penal, segundo alguns juristas, ao arrepio do Supremo Tribunal Federal.

 

Chama atenção que a suprema corte do país e o ministério público se aquietem diante do estranho comportamento  de Eduardo Cunha e ao mesmo tempo tenham sido tão ávidos em seu ataque ao Legislativo quando da prisão do líder do governo, no senado, Delcídio Amaral. Aliás, na tal gravação exposta a todo o Brasil, sem qualquer escrúpulo com o significado disto para a nação evidencia-se o fato de que alguns ministros poderiam sucumbir às pressões do Executivo, o que teria levado à açodada prisão. Registre-se também que o STF caminha agora em uma linha tênue, pois a qualquer decisão favorável ao governo poderá ser acusado de estar ao lado do mesmo e se subordinar à suas interferências.

 

Diante disso, poderíamos esperar para os próximos meses a prisão de Lula, já que ele, em função de tantas provas, não poderia ignorar tais acontecimentos, todavia, creio que este evento não ocorrerá. Acredito que o que estamos vendo agora e assistiremos mais à frente será a deslegitimação de um governo realizado por um líder operário, vindo das camadas mais pobres da população. Um miserável entre tantos miseráveis brasileiros. È preciso evitar o “martírio de Lula”, faz-se mister dentro dos descaminhos insondáveis das mentes das classes dominantes incomodadas pela ousadia de um trabalhador, destruir a ele e ao que foi construído durante sua administração, entretanto, é também fundamental impedir a sensação para os setores populares de que ele passe por um “suplício”, uma “tribulação”. Extinga-se o mito, o herói.

 

Podemos ponderar que nunca o capitalismo brasileiro esteve tão próximo daquilo a que chamamos de desenvolvimento, e que a classe dominante nunca tenha lucrado tanto quanto durante as administrações petistas, mas isso parece neste momento pouco importar. Talvez tudo isso seja como alguns já disseram produto de um “recalque”, termo psicanalítico designado como um “mecanismo através do qual o indivíduo tenta eliminar do seu consciente representações que considera inaceitáveis. É um processo ativo no qual o indivíduo tenta manter ao nível do inconsciente emoções, desejos, lembranças ou afetos passíveis de entrarem em conflito com a visão que o sujeito tem de si mesmo ou na sua relação com o mundo.” É, certamente, deseja-se enterrar as lembranças do governo operário, mesmo que para isso seja preciso levar o país ao fundo do poço, e isso, veremos nos próximos anos.

 

Redação

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