Os ataques injustos a Janot, por Luis Nassif

Enquanto foi fonte e o alvo era o PT, todos os pecados eram perdoados para Rodrigo Janot, o ex-Procurador Geral da República, inclusive o de ajudar a colocar no poder uma organização criminosa.

Quando ainda era fonte e os alvos se diversificaram, o Estadão passou a criticá-lo nos editoriais, mas os repórteres a dar espaço para os vazamentos.

Janot, o superpoderoso, permitiu-se até manobras baixas contra sua adversária Raquel Dodge, em uma armação no Conselho Superior do Ministério Público, para apresentá-la como adversária da Lava Jato, da qual foram cúmplices todos os jornalistas receptadores das informações vazadas.

Agora que Janot é ex, todos os ataques são permitidos.

A manchete de hoje do Estadão, acusando Janot de ter concedido superpoderes aos procuradores, pouco antes de sair, é injusta e de má fé, dada a familiaridade dos repórteres com temas do Ministério Público, adquiridas durante o período de vazamentos.

Diz a matéria, de autoria de Fausto Macedo, um dos jornalistas que mais se beneficiou do acordo Lava Jato-imprensa:

“Uma resolução publicada na reta final da gestão de Rodrigo Janot à frente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) permite a promotores e procuradores realizar vistorias, inspeções e diligências, e requisitar informações e documentos de autoridades públicas e privadas sem autorização judicial. As normas são contestadas por entidades de representação de magistrados, advogados e policiais federais por conceder “superpoderes” ao MP na investigação criminal.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ajuizaram recentemente ações no Supremo Tribunal Federal (STF), nas quais questionam a constitucionalidade da Resolução 181. A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) vai ingressar com pedido de amicus curiae – como parte interessada nos processos. As queixas já estão sob análise da procuradora-geral Raquel Dodge, tanto na PGR como no conselho.

Editadas no dia 7 de agosto – Janot deixou o comando da PGR e do CNMP em 17 de setembro – para regular o procedimento investigatório criminal (PIC), as regras reacendem críticas à forma como o MP conduz seus trabalhos e lançam mais polêmicas sobre como o órgão foi liderado pelo ex-procurador-geral, que se viu envolto em uma série de controvérsias à frente da Operação Lava Jato e na delação premiada do Grupo J&F. Procurado, Janot não respondeu à reportagem”.

Entenda o que tudo isso significa:

  1. O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que o “Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado”. Considero que significará abrir espaço para o aumento do arbítrio. Mas não foi Janot quem definiu, foi o STF através do Ministro Luís Roberto Barroso, na 4ª Sessão extraordinária do dia 7 de agosto passado.

  2. Com base nessa decisão, o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu regular o procedimento investigatório, através da Resolução 181, de 7 de agosto de 2017. Janot era o presidente na ocasião. Mas a decisão foi colegiada.

Ao se tornar alvo dos próprios aliados na imprensa, e personificar uma decisão que foi colegiada, Janot comprova que a mídia sempre é namorada de ocasião, quando a fonte a alimenta com seu pão.

 

Luis Nassif

22 Comentários

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  1. Quem planta vento, colhe tempestade.

    Imagina que aconteceria diferente com o inquisidor Sergio Moro se tivesse avançado sobre o PSDB?

    Se a farsa a jato tivesse como alvo realmente varrer a corrupção, teria limpado a linha sucessória PRIMEIRO, já que Dilma era permissiva quanto as investigações.

  2. No “meu regime de exceção”

    No “meu regime de exceção” esse ia para o paredão por crime contra o país. Destruíu carreiras, projetos e ajudou um grupo de bandidos tomar o poder. Um canalha, safado, traidor e mal caráter.

  3. O Estadão, se pudesse,

    O Estadão, se pudesse, estamparia na primeira pagina “Quem deve governar o Brasil são os barões paulistas!” Fazem um jornalismo nauseabundo de uma velha republica caquética, corrupta e defensora de privilégios. A classe assalariada desse jornal deveria ter vergonha de assinar essas materiazinhas emboloradas e, sempre, em defesa de sua classe.

  4. Brasil real

    Fico me perguntando se o Brasil que nós vivemos neste momento não seria o Brasil Real?

    Que o Brasil dos anos Lula-Dilma era somente uma ilusão!

    Não aparece do nada uma elite economica corsária, uma classe politica desprepara e corrupta, uma classe média medrosa e preconceituosa, uma casta de funcionarios publicos reacionarios viciados em privilegios? 

    Penso que estavam todos lá, quietinhos, esperando o momento certo para mostrar as verdadeiras caras!

    1. Assino embaixo
      Só faço um reparo: quando falar da casta de funcionários públicos reacionários viciados em privilégios, dê nome aos bois. Ou seja, às categorias. Porque o pessoal da saúde e educação não tem nada a ver com isso.

  5. Por favor, Nassif.

    Nassif, responda depressa, se o delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, um dos piores, crueis e mais covardes torturadores brasileiros fosse preso e condenado por um crime que não cometeu e não pelas dezenas de cadávares e de militantes que ele aleijou, você teria pena?

    1. Não. Eu diria que é

      Não. Eu diria que é malandragem, como Eno caso agora. Condenam por uma irrelevância e aprovam sua participação no golpe. O oposto do que fazemos aqui. 

      1. Nassif eu diria que

        No caso deste senhor tudo viola a justiça, até mesmo quando sobre ele recai alguma “injustiça”, isto viola nossa sensação de justiça, afinal todos concordamos que ele merece cada gotinha disto.

         

  6. Primeiro ficou deslumbrado,

    Primeiro ficou deslumbrado, ignorando o  que realmente é a mídia(?) neste país, agora está experimentando o veneno que ajudou a  implantar. Enquanto serviu ao interesses dos “ignorantes” (mídia, parte do judiciário, parte do mpf, elite(???), grande parte do congresso) deste país, serviu, assim como o Barbosa, agora, nao pode reclamar dessa escór, digo, está colhendo o que voluntariamente plantou.

  7. puteiro

    Nassif, as regras pra militância no puteiro são essas mesmo, cú de bebado não tem dono.

    Quando o moço entrou pra sócio do lupanar, conhecia perfeitamente seus estatutos.

  8. Me desculpe Nassif, mas não

    Me desculpe Nassif, mas não existe ataques que sejam injustos a altura da calhordice desse caboclo dos quintos. Junto àquele juiz este cara disputa o título de pior brasileiro nascido neste trópicos. Se existe dúvida a este respeito, pergunte a cada leitor o sentimento de indignação quando ele vazou pontualmente todas as ilaçoes contra a Dilma pra criar o clima propício ao golpe. Ou quando ele, num gesto de profunda ignomínia, no apagar das luzes do seu mandato, ao ver-se em apuros com o acordo cagado que fez com a jbs, fez duas denúncias sem qualquer fundamento em menos de 48 horas contra o Lula só pra desviar o foco que estava sobre si. Aquilo foi de uma covardia in-cal-cu-lá-vel.

  9. Nem Janot nem Barroso: a matéria aparenta ter equívocos

    Nem Janot nem Barroso: a matéria aparenta ter equívocos

    A matéria diz que o STF definiu a questão em 07/08/2017 (item 1) e que o CNMP, no mesmo dia 07/08/2017 (item to 2), regulou a matéria, o que é muito improvável. Fica difícil também afirmar que foi Barroso quem definiu (monocraticamente?), se a decisão foi numa sessão extraordinária (item 2). Aparentemente, se faz com Barroso o que se critica que a imprensa porca faz com Janot.

    (Em tempo: não estou defendendo Barroso, pois detesto os dois – Barroso e Janot -, que, como cachorrinhos felpudos da CIA/DoJ, vão (eles e outros) constantemente ao Tazuni prestar contas da destruição que promovem contra o Brasil e o o seu povo, em conluio, direto ou indireto, com o Temerrato – O Governo dos Bandidos – e a Assembleia Geral de Bandidos no Congresso, entre outros membros vagabundos de outras instituições.)

    A decisão colegiada do STF que permitiu ao CNMP a referida regulamentação é (a meu ver) de 2015, e pode ser vista em http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563 (Quinta-feira, 14 de maio de 2015 – STF fixa requisitos para atuação do Ministério Público em investigações penais). Aparentemente, se houve decisão posterior a respeito em 2017 no STF para embasar a resolução do CNMP, foi sobre alguma consequencia da referida  ação julgada em 2015. Falta esclarecer na matéria o que foi exatamente essa decisão do “STF através do Ministro Luís Roberto Barroso, na 4ª Sessão extraordinária” (item 2).

  10. Imperdoável!

    Não tem como ficar ao lado de Janot mesmo que ele esteja sendo injustiçado. A calhordice que ele fez com Dilma (que o nomeou) e com Lula mostra uma total falta de caráter deste sujeito, aliás estampada em sua asquerosa face. Este sujeitinho tem que ser denunciado até o último dia de vida dele como o mau caráter, traidor, bajulador da plutocracia, enfim ele é capaz de qualquer coisa no seu arrivismo sem limites. É um delinquente que merece sofrer pelo resto de seus dias, que espero sejam poucos.

  11. Sinceramente como bom

    Sinceramente como bom nordestino, pela canalhice com Lula e principalmente com Dilma, pela falta de pulso com os lava jateiros de Curitiba: eu quero mesmo é que o Janot “SE LASQUE”. 

  12. Alto lá seu Moreno de

    Alto lá seu Moreno de Poços,Janot é flor de mandacaru em qualquer das circunstâncias.Não me permito analisar fatos de poderosos ou ex poderosos que agem sob efeitos da energia alcoolica.

  13. Sem eles

    Sem eles nada teria acontecido . Foram eles que dispararam toda a muvuca. Mas , infelizmente, nem a esquerda e nem a direita se posicionarão contra eles.Rabo preso é a senha.

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