Papa Francisco, secundaristas e a Rede Globo e o golpe dentro do golpe.

Diante do silêncio da Rede Globo e velha mídia para com o 3º Encontro Mundial dos Movimentos Populares esta semana no Vaticano convocado pelo Papa Francisco – Terra, Teto e Trabalho e do silêncio da Globo (não tomada de partido pró ou contra) em relação aos estudantes secundaristas e as ocupações de escolas – surgiu este texto.

Papa Francisco e a Rede Globo.

É interessante fazer uma comparação do pensamento, das ideias e defesas do Papa Francisco e da Rede Globo de Televisão, pois estão em campos diametralmente opostos.

O Papa Francisco está no caminho da defesa da Justiça Social, seguindo a opção idêntica de Jesus Cristo com a opção pelos pobres.

A Rede Globo no caminho da defesa da concentração, cada vez maior, do dinheiro do mundo nas mãos de 1% da sociedade e a opção pelo mercado (aqui me refiro aos banqueiros, megainvestidores de ações e títulos da dívida pública e as 500 grandes corporações mundiais).

Dai advém a pergunta.

Por que, então, a Rede Globo se interessou, como ninguém, em transmitir ao vivo a presença do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude no Brasil em 2013 se ela defende ideias diametralmente opostas as do Papa Francisco?

Porque o Papa Francisco é um subversivo ao Sistema defendido com unhas e dentes pela Rede Globo.

Sabia a Globo que se ela não se passasse, não se fingisse de porta-voz oficial do Papa Francisco no Brasil outros meios de comunicação haveriam de ser uma fonte importante de consulta do pensamento, das ideias e defesas do Papa Francisco.

A Rede Globo precisou controlar o fluxo de informação sobre o Papa Francisco, presencialmente no Brasil, para que informações sobre o pensamento “subversivo e progressista do Sumo Pontífice”, obtidas pela população brasileira, quando buscasse informações sobre o Papa, criasse-lhe o hábito de acessar os portais de notícias englobados no G1.

Então, quando uma pessoa quer saber notícias do Papa Francisco acessará canais ligados à Rede Globo, acreditará que tem uma fonte fidedigna e completa das ações do Papa progressista.

Neste processo de controle da informação, agora, informação futura, pós Jornada Mundial da Juventude, a Rede Globo passa a controlar o que publicar e o que não publicar e como publicar, se publicar, discutir ou não discutir as falas, encontros e documentos produzidos pelo Papa Francisco.

O Papa Francisco, como disse, é uma pessoa Progressista e com ideias de esquerda, no campo social, principalmente, e um crítico do Capitalismo neoliberal que a Rede Globo é a principal propagadora e defensora desse ideário no Brasil: o tal de mercado, do Estado mínimo e da iniciativa privada como a única fonte de construção do Mundo correto de se viver.

Então, se o Papa Francisco criticar o tal de Mercado, a Rede Globo não noticia e muita gente nem saberá disto. Porém, se for uma questão ligada aos direitos individuais, que possa gerar polêmica, sem, no entanto, modificar o Sistema e a dominação do Mercado ela publica e até pode polemizar, ouvir especialistas, fazer reportagens.

Neste processo todo a população, preferencialmente os católicos, tende a não saber de muitas das falas, encontros e documentos do Papa Francisco e nem se abre para uma discussão mais aprofundada do que ele defende, do que ele critica na Sociedade Globalizada e Neoliberal.

É interessante. O Papa é o líder máximo da Igreja Católica e nem por isto suas falas, ideias, pensamentos repercutem com mais força entre os católicos brasileiros, adentrando mais em grupos sociais de esquerda, muito além dos cristãos.

E um encontro mundial no Vaticano com 200 líderes dos movimentos sociais não é repercutido na Globo, sequer noutra mídia nacional, e, talvez, nem dentro da comunidade católica praticante. Eu não vi nada sobre o encontro nas Missas de sábado e de domingo que participei.

Com seu controle da opinião pública brasileira, com seus inúmeros meios de comunicação que atingem 100% do território nacional a Rede Globo constrói o pensamento médio da população brasileira, consegue frear as discussões pertinentes sobre o Capitalismo neoliberal abertas pelo Papa Francisco.

Fique claro. Todo processo revolucionário tenta a Rede Globo monopolizar o fluxo de informação e modificar seu conteúdo e intento. Jornadas de Junho e Papa Francisco são exemplos típicos dos malefícios do monopólio das comunicações em suas mãos, monopólio que até permite a transformação de fatos cotidianos progressistas em pautas conservadoras ou anódinas.

Secundaristas e a Rede Globo.

Porém, hoje há uma situação diversa sendo desenhada.

O processo revolucionário dos estudantes brasileiros com as ocupações das escolas e campus universitários está sendo boicotado pela Rede Globo de Televisão.

A pergunta é:

Até quando?

Não sabemos a resposta.

Se for insustentável manter o silêncio (não tomar partido) diante do processo revolucionário estudantil cuidemos para que não se dê a apropriação do movimento estudantil, numa narrativa falseada como a de 2013 e as jornadas de junho, pela Rede Globo, apropriação que facilitou o Golpe de Estado.

A Rede Globo não dá ponto sem nó.

O Golpe dentro do Golpe pode ser patrocinado pela Rede Globo aos estudantes brasileiros.

Fiquemos atentos.

Os estudantes podem ser usados, novamente, como a turma dos 20 centavos em junho de 2013, para tudo se parecer como uma exigência de mudança, uma vitória da juventude, enquanto, outro aliado da Globo toma o Poder Central e tudo fica como está.

No desespero a Globo pode transformar a estudantada baderneira em idealista, novamente?

Um novo vídeo do Jabor pode ser editado?

Temer pode ser um álibi da Globo para a estudantada ser a massa de manobra no Golpe dentro do Golpe, se ficar insustentável sua permanência na Presidência do Brasil?

Não aceitemos uma repentina mudança de opinião da Rede Globo, porque ai tem boi na linha.

PS. Meu amigo José de Almeida Bispo lembrou-se do Impeachment de Collor, outro processo que nasceu, “progressista/revolucionário/idealista”, com o ímpeto da juventude “cara pintada” e sem apoio da Rede Globo e que aos poucos a emissora viu ali a chance de derrubar um Presidente da República impopular e manejar a realidade para continuar a ser a beneficiária e nada mudar no Brasil, logo após tivemos FHC por 8 anos.

Impeachment de Collor, Jornadas de Junho, e, agora, o Movimento secundarista.

A Globo vai embarcar na onda dos secundaristas e apoiar um Fora Temer para evitar o retorno de uma onda progressista no Brasil? Onda que ameace seu Poder?

Fiquemos atentos. Onde a Globo estiver precisamos ficar distantes, não aceitar a sua presença e companhia.

O silêncio diante dos secundaristas pode ser passageiro. Estuda-se o terreno, espera-se até ser insustentável manter apoio ao Temer e se deflagra a mudança de lado. Por hora Temer faz tudo o que o Mercado Financeiro quer e a Globo, aliada e defensora do neoliberalismo financeiro no Brasil, se cala.

Até quando?

E tem a clássica possibilidade de aumentar pautas, modificar pautas e inserir a juventude da classe média tradicional em manifestações de Fora Temer! 

Cuidemos para que a Globo não passe a controlar, no futuro, a narrativa, perante a população brasileira, dos motivos de um Fora Temer como aconteceu nas Jornadas de Junho de 2013 e nas manifestações dos “caras pintadas” em 1992! 

Globo e Temer, bem sabemos, são a mesma face de uma moeda. 

Redação

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